SECÇÃO: Destaque

50 ANOS DO 25 DE ABRIL

Intervenção de Miguel de Oliveira*

Foto JUNTA DE FREGUESIA DE ERMESINDE

Perdoem-me.

Não encontrei melhor forma, do que através da poesia de José Carlos Ary dos Santos, transmitir, principalmente aos jovens da nossa Cidade, o porquê de cinquenta anos volvidos daquele que é considerado pela maioria dos portugueses como o dia mais importante da nossa história contemporânea, estarmos aqui, a celebrar o 25 de Abril de 1974.

Meus Senhores e minhas Senhoras, Ermesindenses.

É com imenso sentido de responsabilidade que hoje uso da palavra na condição de Presidente da Junta da Freguesia da nossa cidade nestas cerimónias oficiais das comemorações dos 50 anos sobre o 25 de Abril.

Há 50 anos foram os jovens capitães de Abril, a quem muito devemos e a quem quero publicamente agradecer, que iniciaram a revolução dando a oportunidade ao Povo português, de com as suas próprias mãos traçar um caminho seu. Foram estes, os jovens capitães, que nos permitiram voltar a sentir o doce sabor da liberdade, tão certa mas tão fugaz, liberdade tão forte mas tão frágil, liberdade tão nossa mas tão sem dono.

E se importa que coletivamente reflitamos sobre o que nos conduziu como Povo à Revolução dos Cravos, importará também perceber que essa revolução não está nem nunca estará terminada.

Portugal era o país das pessoas tristes, nem todas evidentemente, mas na sua esmagadora maioria os portugueses eram agrilhoados por um regime ditatorial que nos oprimia e castrava toda e qualquer esperança de dias melhores.

Estávamos condenados ao nosso triste fado.

A fome e a pobreza, a guerra e o sofrimento, a iliteracia e o medo sentavam-se à mesa com os portugueses todos os dias.

Que a memória não nos falhe!

O regime ditatorial do Estado Novo de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano, é marco negro na nossa história coletiva que não deve ser esquecido ou reinventado.

Mas a Liberdade não se recorda, a Liberdade pratica-se!

E assim sendo, cabe ao Povo, ao Povo português continuar a revolução, construindo a cada dia um País mais livre, mais solidário e tolerante, mais competitivo, com mais e melhor justiça social, um País mais capaz de enfrentar os desafios de Portugal e do Mundo. Cabe, pois, ao Povo na sua imensa sabedoria escolher a cada momento o rumo da nossa história.

Portugal é hoje um País completamente diferente. Mais moderno e necessariamente mais desenvolvido. Um País onde é possível sonhar mais e melhor, e também um País onde é possível, entre tantas outras coisas, ser diferente.

Portugal mudou! de cerca de 1.790.000 analfabetos passámos a pouco mais de 200.000, de 53% de casas sem água canalizada passámos a 0,6%, de 81.500 alunos no ensino superior passámos para quase 450.000, de 8.000 médicos passámos a 60.000, de 37,9 por mil de taxa de mortalidade infantil passámos para uma taxa de 2,6 por mil.

A verdade é que em cada revolução existe sempre evolução. Uma evolução, como a própria revolução, que ainda em construção nos cabe a todos prosseguir.

E eis que estamos aqui hoje reunidos na Cidade a que chamamos casa, na cidade que sendo casa de 40.000 ermesindenses, é, também, reflexo de uma das maiores conquistas de Abril, o poder local democrático.

Ermesinde, cidade farol da Área Metropolitana do Porto, enfrenta nos dias que passam desafios comuns às grandes cidades. Sim, somos uma grande cidade!

Uma grande cidade que sempre foi ponto de partidas, e de chegadas. Uma cidade que sempre soube receber todos aqueles que junto de nós procuravam um projeto de vida melhor, que junto de nós procuravam ser livres…e assim devemos continuar na certeza de que todos somos poucos para continuar a construir as portas que Abril abriu.

Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade!! Viva Ermesinde!! Viva Portugal!!

Muito obrigado.

*Presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde