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Edição de 31-01-2025
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    Arquivo: Edição de 30-06-2023

    SECÇÃO: Cultura


    Novos Românticos desabafam (musicalmente) sobre os problemas laborais da atualidade e o impacto destes na saúde física e mental

    À primeira vista o nome desta banda formada no início do presente ano pode indiciar que estamos diante de intérpretes de baladas sentimentais, com letras e melodias que exaltam o amor e/ou a paixão. Não será bem esta a “onda” dos Novos Românticos, uma banda que deu à palavra “romântico” um novo significado. As letras doces sinónimo de paixão e amor ardentes são substituídas por palavras ásperas que retratam os problemas laborais (e consequentemente sociais) da (atual) sociedade portuguesa. Nesse sentido a designação de Novos Românticos nada tem a ver com odes ao amor, mas sim no que já atrás dissemos aliado a um estilo musical que surgiu em Inglaterra nos finais dos anos 70 e que perdurou por toda a década seguinte: o New Romantic.

    Com esta sua visão crítica e mordaz da sociedade os Novos Românticos resgatam para o novo milénio o som que virou moda nos clubes de Londres ou de Birmingham no século passado, mas com um sotaque e uma alma bem lusitano(a).

    Os Novos Românticos são pois um novo projeto musical cujo corpo e alma assenta no criativo trio composto por David Félix, Marcos Cândido e Emanuel Ribeiro. Estes dois últimos músicos têm uma ligação muito especial ao nosso concelho, tendo em conta que Marcos reside em Ermesinde, e Emanuel vive em Alfena. Mesmo David não vive muito distante da nossa terra, visto ser de Pedrouços. Apesar do pouco tempo de vida já editaram o seu EP de estreia, precisamente intitulado de “Novos Românticos”, e que pode ser ouvido no site https://bandcamp.com/

    Nas próximas linhas transcrevemos a breve conversa que tivemos com estes jovens músicos.

    OS TRÊS JOVENS MÚSICOS QUE DÃO VIDA A ESTE PROJETO NASCIDO NO INÍCIO DESTE ANO
    OS TRÊS JOVENS MÚSICOS QUE DÃO VIDA A ESTE PROJETO NASCIDO NO INÍCIO DESTE ANO
    A Voz de Ermesinde (AVE): Os Novos Românticos surgiram neste ano de 2023. Como e com que missão, digamos, nasceu o projeto?

    Marcos Cândido: Correto, decidimos criar o projeto no início deste ano. Os Novos Românticos nasceram da necessidade que sentimos em “desabafar” sobre situações pelas quais nós e muitas pessoas passam diariamente, como a precariedade e o impacto da mesma na saúde física e mental. Optámos por pegar nas situações menos positivas e explorá-las musicalmente numa forma peculiar de terapia para quem ouça.

    AVE: No vosso estilo, por assim dizer, e como a vossa própria designação indica, a banda vai “buscar” a sonoridade ao estilo/movimento New Romantic, surgido no Reino Unido. Porquê resgatar para o século XXI este estilo/movimento que nasceu nos finais da década de 70 e se prolongou na década de 80? Podemos dizer que há aqui algum sentimento de saudosismo em relação a esses anos míticos?

    David Félix: A abordagem inicial foi essa, tal como deu origem ao nosso nome, no entanto não nos vamos prender exclusivamente a esse estilo em específico. Vamos seguir as nossas vontades conforme a maré. Mas sim, nessa altura em particular, quando decidimos juntar-nos para produzir música, essa sonoridade sempre esteve presente nos nossos gostos em comum, e assim surgiu naturalmente (não foi exatamente planeado) e há um sentimento de nostalgia associado a isso, é um dos estilos que mais apreciamos/ouvimos e que mais nos influenciou desde sempre.

    AVE: A vossa música procura, ademais, passar uma mensagem, e aqui, contrariamente ao estilo/movimento New Romantic, essa mensagem é bem atual. Querem falar (explicar) um pouco isto?

    CAPA DO EP DE ESTREIA DOS NOVOS ROMÂNTICOS
    CAPA DO EP DE ESTREIA DOS NOVOS ROMÂNTICOS
    David Félix: Gosto sempre de colocar essa questão em dois pontos: em primeiro lugar, a rebeldia presente nos artistas do movimento New Romantic é algo que sentimos com muita vivacidade dentro de nós, logo “utilizarmos” este estilo para exprimir as nossas revoltas, foi bastante libertador. Em segundo lugar, a mensagem que passamos neste primeiro EP, sobre precariedade, problemas laborais e o seu reflexo na saúde mental, não é datada. Isto porque basta estudar algumas das reivindicações da “Geração Rasca”, movimentos políticos e juvenis desde o PREC, e uma entrevista (que aconselho muito) do José Afonso na RTP1 em 1984 para perceber que este tema é debatido e poetizado há décadas. Claro que os contextos e as vivências são diferentes, mas a precariedade em Portugal, na Europa e em todo o mundo capitalista é intemporal, sempre foi! Daí não considerar a nossa mensagem propriamente atual, mas sim um conjunto de fatores que nos aconteceu nos últimos anos, mas que também aconteceu a “x” e a “y” nos anos 00’s, 90, 80, etc. Falamos na primeira pessoa claro, mas esta mensagem não é uma “atualidade” mas sim uma “continuação” intrínseca.

    AVE: A banda lançou o seu primeiro EP, homónimo, no Dia do Trabalhador (1 de maio).Como é que têm sido estes primeiros meses de vida deste vosso “filho primogénito”?

    David Félix: Nós fizemos este EP, homónimo, como referi anteriormente, numa espécie de libertação aos problemas que passamos em contexto laboral e então, como há muita gente que se identifica com a mensagem, a reação tem sido boa! Melhor do que estávamos à espera, honestamente. O pessoal que nos tem chegado, acaba de uma maneira ou de outra por se rever nos temas que abordamos, o que se torna bastante gratificante para nós.

    AVE: Por fim, estrearam-se ao vivo no passado dia 17 de junho, na Fnac do Mar Shopping. Como é que viveram esta estreia do projeto Novos Românticos ao vivo? E já agora, como é que sentiram o público ao ver pela primeira vez ao vivo a vossa banda?

    Marcos Cândido: Estávamos ansiosos por poder tocar ao vivo e mostrar ao público o EP e parte do repertório que temos desenvolvido. Foi muito bom sentir a energia do público enquanto atuámos e perceber que a nossa música agrada a pessoas de várias idades e vivências. Estamos gratos pela recetividade à nossa atuação e esperamos continuar a agradar a quem nos ouve.

    Por: Miguel Barros

     

     

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