CORREIO DO LEITOR
Não nos deixaram morrer de pé!
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É na primavera que a natureza nos tenta oferecer belezas floridas e risonhas. Parece que os iluminados se sentiram mais felizes com a falta de luz e cor e nos surpreenderam com a natureza morta em vez de nos oferecerem lágrimas de alegria e paz. Sermos surpreendidos com o feroz desaparecimento quase instantâneo das árvores que nos iam animando até os dias mais tristes. Não sei o vosso nome de catálogo, mas fostes a luz dos nossos olhos, até um amainar da solidão. E muita alegria nas nossas vidas. Junto de vós, sentíamos paz e amor. Por longos meses, vossa folhagem interessante, de cor bordô, juro por quem sou, era deslumbrante. Os teus frutos, Deus como penso nisto, de pele vermelha como o sangue de Jesus Cristo. Recordo com saudade os poucos anos que exististe. Hoje já vai longa a minha idade. Sempre vos recordarei, com saudade. A última vez que me viste era primavera, numa linda manhã de sol, os algozes, rápidos, de motosserra, cortaram-te a primavera, como num ato de fé. Não levou duas horas, não vos deixaram morrer de pé! Vi partir os últimos ramos em veículo de caixa aberta. Ficou o vazio do cenário de luz e cor. Não entendo a falta de brio e maior ausência de amor. É enorme a desilusão. Em vez de ambiente saudável oferecem-nos mais poluição.
PS. Na foto 4 podemos observar o deserto que foi lindo e luminoso, hoje mais triste e desrespeitoso.
João Dias Carrilho, C.C. - 45 45 02
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