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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 31-01-2023

    SECÇÃO: Local


    COMÉRCIO LOCAL COM HISTÓRIA

    Café Gazela, um espaço histórico de Ermesinde com (mais de) 50 anos

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Existem casas comerciais que têm história, ou muitas histórias, e nós não podemos deixar de ter memória para a importância que essas instituições – sim, porque muitas delas pela sua longevidade e importância são verdadeiras instituições – têm na vida de uma aldeia, vila, cidade, ou até de um país.

    Ermesinde, naturalmente, e apesar de toda a evolução que conheceu ao longo dos anos, ainda tem algum comércio com um grande peso histórico na vida da cidade. Uma dessas casas viveu num passado muito recente, em 2022 para sermos mais precisos, um momento marcante da sua existência: o meio século de vida. Ou melhor, 50 anos em que está nas “mãos” do atual proprietário, pois as portas deste local lúdico emblemático da nossa terra abriram-se há quase 53 anos. Provavelmente não haverá ninguém nesta freguesia que não conheça não só esta referência lúdica como também o seu proprietário. Falamos do Café Gazela, um nome que está inquestionavelmente ligado à história local, não só no plano social, mas também político, cultural, ou desportivo, como iremos perceber mais à frente.

    Como já referimos o café assinalou em junho passado o 50.º aniversário em que é gerido, ou é propriedade, por Adão Manuel da Silva Lopes. Um nome que à primeira vista muitos dos leitores podem não estar a ver quem seja, mas se dissermos que se trata de Manuel do Gazela o caso muda de figura, pois toda a gente – não estaremos equivocados, por certo, se assim pensarmos – conhece o senhor Manuel do Gazela.

    Foi ele que a 1 de junho de 1972 tomou conta do Café Gazela, um espaço que tinha aberto as portas em 30 de abril de 1970 e que começou por ser pertença de Fernando Mendes, irmão de outro ermesindense ilustre, Álvaro Mendes.

    Na época, em 1972, Ermesinde tinha poucos cafés, como nos conta o senhor Manuel do Gazela no decorrer de uma visita que fizemos ao seu estabelecimento. Havia o Café Torres, o Café Cruzeiro, o Café Avenida, o Café Conquistador, e o Café Gazela, e nada mais nesta terra. Mas era no Gazela que parava muita gente, como nos conta, desde logo pela sua centralidade, como também pelas excelentes condições que já então detinha, mas de igual modo, e muito, pelo serviço de qualidade que tinha – e continua a ter -, e acima de tudo pela simpatia dos seus funcionários e da sua gerência. Tudo isto somado faz do Gazela um café de referência na cidade.

    PONTO DE ENCONTRO DE GERAÇÕES E DE FIGURAS DE RELEVO DA TERRA E NÃO SÓ

    O Gazela tornou-se num ponto de encontro de figuras de relevo da terra, quer ligadas à política, à cultura, ao desporto, ou à vida social. Conta-se que muitas das decisões importantes na vida da cidade, em todas estas áreas, eram ali tomadas. Manuel do Gazela confirma esta teoria, digamos assim, recordando que era no andar de cima do café onde se faziam muitas reuniões para discutir o presente e o futuro da cidade. E assim era, não só pela tal centralidade do Gazela, mas também porque o café funcionava até às 2H00 e era mais resguardado, conforme refere.

    Inúmeras figuras de relevo da nossa terra continuam a frequentar o Gazela, mas antes havia mais, diz-nos o senhor Manuel.

    Além disso, as grandes festas (jantares) desportivas também se faziam aqui, mais concretamente pelo Ermesinde Sport Clube e pelo CPN, recorda o proprietário do café, também ele uma figura ligada à vida social da cidade ao longo de décadas a fio. «Já fiz parte da direção do Ermesinde, pertenci ao Conselho Fiscal e à Assembleia Geral mais de 20 anos. Fui também diretor dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, tendo estado ligado à assembleia geral da associação humanitária, e hoje faço parte do Conselho Fiscal do Centro Social de Ermesinde. Sou uma pessoa ligada à vida associativa da cidade, vou contribuindo com o tempo disponível que tenho, que não é muito, pois o café ocupa grande parte do meu tempo».

    O senhor Manuel diz-nos que «ao longo destes anos todos parou aqui muita gente, de gerações diferentes. Pais, avós, filhos, casais que começaram a namorar aqui e depois acabaram por casar, que tiveram filhos, depois os netos, e agora continuam a vir aqui com os netos pela mão», conta o nosso anfitrião.

    NÃO HÁ CLIENTES, MAS SIM AMIGOS

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    Esta fidelização, digamos, ajuda a perceber o porquê da relação entre o Gazela e os seus clientes ser mais do que isso, ou seja, ser mais do que uma mera relação entre comerciante e cliente. «Entre mim e os meus clientes não há uma relação de comerciante-cliente, digamos assim, há sim uma relação de amizade, eles são meus amigos», diz-nos, ao mesmo tempo que recorda que no passado conhecia toda a gente na terra e toda a gente o conhecia, algo que hoje não é bem assim. Isto é, toda a gente continua a conhecer o senhor Manuel do Gazela, mas este já não pode dizer que conhece toda a gente na cidade, desde logo porque esta cresceu muito, existem muito mais pessoas, como refere. «Muita gente vem hoje ao Gazela referenciada por alguém que me conhece, e essas pessoas que aqui vêm sabem o meu nome, mas a maior parte delas eu não conheço, não estou tão familiarizado como antigamente», diz, explicando que muitas vezes estes rostos novos são descendentes de clientes – ou melhor, amigos – do passado… e do presente, pois há cidadãos que paravam no Gazela há 50 anos que continuam a fazê-lo hoje, como nos conta com orgulho o senhor Manuel. «Para mim continua a ser satisfatório ver essas pessoas desse tempo que continuam a vir aqui, agora com os netos».

    Ao longo destes 50 anos de gerência do senhor Manuel o café viveu inúmeros momentos de relevo na história da cidade, que acabaram por ter não só importância na terra como na própria história do café. Manuel do Gazela relembra que vários presidentes da Câmara e da Junta de Freguesia frequentaram e frequentam o café, mas também figuras de relevo nacional, como foi o caso do ex-secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que não há muitos anos atrás esteve em Ermesinde. Um momento que marcou o senhor Manuel do Gazela, que mesmo não sendo simpatizante do PCP fez questão de convidar o então líder comunista a tomar um café no seu estabelecimento e com ele trocar dois dedos de conversa. De resto, e desde logo pela tal centralidade do café, lembra inúmeras arruadas e comícios políticos que tiveram lugar nas imediações do Gazela, como por exemplo a passagem de Mário Soares mesmo à porta do café numa dessas ocasiões.

    Hoje em dia o movimento do café é diferente, por outras palavras, há menos movimento. Sobretudo depois da chegada da pandemia, em que a vida das pessoas, na opinião do nosso interlocutor, mudou totalmente. «As pessoas ficam mais em casa, além de que se habituaram aos telemóveis, aos computadores, as “internets”. Atualmente já quase ninguém sai de casa para vir ao café para conviver. Certo que o futebol que é transmitido na Sporttv, na Benfica TV, etc., ainda traz muita gente aqui, mas mal acabam os jogos vai tudo para casa», diz-nos, justificando dessa forma o encerramento do café atualmente às 23H00.

    Acrescenta ainda a este propósito que «as tecnologias tiraram as pessoas dos cafés, não só no seu mas em todos. As pessoas fecham-se mais em casa e a pandemia agravou isso. A convivência entre elas acabou um pouco, já não há aquelas relações de amizade como antes, em que os casais se juntavam aqui a conviver diariamente. Muitos vinham todos os dias de Alfena, inclusive, tomar café e conviver uns com os outros. Hoje isso acabou».

    CENTRO DE ERMESINDE PRECISAVA DE SER MAIS ACARINHADO

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