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“Nascida na cisterna uma frondosa árvore qual mastro da nau Catrineta”
A viagem de comboio era a perfeita. Tinha como final o destino. Admirando a paisagem ao longo do percurso, mal dei pelo passar do tempo . Estava em Vila Nova de Cerveira, conhecida pela vila das artes. Percorrido o percurso ribeirinho e as visitas ao Castelo, Igreja Matriz e à casa Verde, tinha chegado a hora de reconfortar o estômago.
Findo o repasto, pensei visitar o Cervo. Nada como uma caminhada. Encontrar o trilho foi o mais fácil. O percurso serra acima já foi outra história. As pernas tinham-se tornado preguiçosas ou tinha exagerado nos comes e bebes do almoço. Por fim lá cheguei.
O cervo com os olhos postos em Espanha e sobre o rio Minho. Os meus viraram-se para a foz do rio e para a ilha da Boega com o formato curioso de um coração. Como os ponteiros do relógio não param, estava na hora de retornar à vila. Agora optaria pelo percurso ao longo da estrada e esta levou-me ao Miradouro Porta do Céu.
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Percorridos mais uns quilómetros deparo com uma placa informativa “Forte da Atalaia”. Surpreso e curioso percorro um caminho de terra batida por entre um eucaliptal. As pedras da muralha primitiva afloram da terra e espreitam por entre a vegetação. Transponho a suposta ponte sobre o fosso e os meus olhos espantam-se. Ali estava o forte ou fortim de forma circular, camuflado pela vegetação. Uma só porta e no seu interior, nascida na cisterna uma frondosa árvore qual mastro da nau Catrineta. Aparece referenciado em cartas datadas do séc. XVIII, mandado construir ao mesmo tempo do Forte de Lovelhe a fim de cobrir a progressão inimiga que conseguisse passar pelas fortalezas junto ao rio Minho. Inserido em propriedade privada e passados 40 anos do pedido de classificação como Imóvel de Interesse Público lá obteve o parecer favorável do Ministério da Cultura. “Quarenta Anos!”. Triste e magoado também o abandonei à sua sorte.
Pelo restante percurso ainda presenciei outro fenómeno do Entroncamento. De uma bica de água cristalina, depositada num tanque e deste jorrava para a via pública água tingida de azul. Pensei no milagre do vinho, ou seria mais um feito extraordinário do Porto. Mas não. Era o zelo de uns pintores a lavarem um par de trinchas e dos recipientes onde a mesma esteve armazenada. Não vale a pena. Não temos emenda.
Na nossa cidade não temos património imobiliário tão remoto. Também não precisamos de aguardar os tais anos. Foi inaugurado mais um jardim parque junto ao Ecocentro, assim o saibamos preservar.
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Por:
Manuel Fernandes
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