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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2021

    SECÇÃO: Crónicas


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    A GUERRA COLONIAL PORTUGUESA (26)

    As operações Viriato e Esmeralda

    A 18 de julho de 1961 tem início a designada “OPERAÇÃO VIRIATO” tendo em vista a reconquista de Nambuangongo, localidade que, como se disse na nossa anterior crónica, os guerrilheiros da UPA (União dos Povos de Angola) haviam ocupado, dela fazendo a sede/capital do autodenominado “Reino de Nambuangongo”.

    Integraram a dita operação militar, num total de cerca de 1300 homens apoiados por meios aéreos, de artilharia e engenharia, entre outros: o Batalhão 96, formado no Batalhão Independente de Infantaria, na ilha de S. Miguel, Açores, integrando quatro companhias, comandado pelo Tenente-Coronel Armando Maçanita; o Batalhão 114, comandado pelo Coronel Oliveira Rodrigues e o Esquadrão de Cavalaria 149, sob o comando do Capitão Rui Abrantes, reforçado com pessoal de artilharia e engenharia.

    O primeiro daqueles partiu de Quibaxe e após vários recontros com grupos guerrilheiros da UPA do qual resultaram, inclusive, algumas baixas no seio das nossas tropas, vencendo toda a espécie de vicissitudes, logrou atingir o objetivo a 9 de agosto, hasteando a bandeira portuguesa na torre da igreja local.

    O segundo partiu de Caxito, mas não conseguiu cumprir integralmente a sua missão, porquanto não conseguiu passar de Quissacala, uma sanzala populosa, na região dos Dembos, sensivelmente a meio do percurso, devida à forte oposição de cerca de 500 guerrilheiros da UPA que ali o terão cercado e flagelado.

    O terceiro partiu de Ambriz a 25 de julho, formando uma coluna com cerca de 250 homens, conseguindo alcançar a vila de Nambuangongo, na manhã do dia 10 de agosto, após levar de vencida enormes obstáculos à sua progressão, designadamente troncos de árvore (abatises) atravessados no caminho, valas profundas e inclusive alguns confrontos com a guerrilha.

    Para além da reocupação daquela vila, dali expulsando os guerrilheiros da UPA que, desde meados de março, aquando dos massacres perpetrados sobre os fazendeiros, seus assalariados, pessoal administrativo e outros habitantes brancos locais, a haviam ocupado, a operação visava igualmente rasgar itinerários que garantissem o acesso, em segurança, àquela região, à população civil e aos militares.

    Papel de relevo nesta operação teve a força aérea, quer em sede de operações de reconhecimento quer em ataques ao solo sempre que deparavam com forças inimigas, tendo chegado a bombardear, inclusivamente, através da utilização de napalm (bombas incendiárias), aldeamentos suspeitos de abrigarem elementos dessas forças, com todas as consequências que é possível imaginar para crianças, idosos, doentes, mulheres e outros bens materiais, compactuassem ou não com o inimigo. As bombas assim lançadas não escolhem vítimas, matando indiscriminada e massivamente culpados e inocentes, apagam aldeamentos inteiros do mapa. Na vertigem da guerra — uma guerra que não cuidava apenas duma simples disputa territorial, mas que era regida pelo medo e pela sede de vingança pela chacina indiscriminada recentemente praticada sobre civis inocentes — e cobarde, à traição, a violência não tem cor nem, por vezes, chega a conhecer limites. A estratégia de destruição sistemática dos aldeamentos indígenas em zonas operacionais de contacto iminente, isto é, onde se suspeitasse da presença de inimigos, por onde as tropas iam passando, tornara-se um clássico desde os remotos tempos das chamadas “campanhas de pacificação” de que já aqui falámos, noutra sede. De alguma forma compreende-se que um qualquer nativo observado nessa zona, se não era inimigo declarado, bem poderia ser um seu cúmplice que lhe desse abrigo ou informações sobre a presença das nossas tropas, pondo, assim, em risco, as vidas dos nossos combatentes. No limite, tratava-se, por mais cruel que possa parecer, de matar para não morrer. Quantos inocentes não terão, assim, perecido!

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    ENFIM, CONTINGÊNCIAS DA GUERRA!

    Expulsos de Nambuangongo, muitos dos guerrilheiros da UPA ter-se-ão reunido aos que na zona conhecida por Pedra Verde, sita nas imediações da já referida sanzala de Quissacala, cercaram o Batalhão 114, impedindo o seu avanço para o objetivo. Segundo alguns testemunhos, ter-se-ão ali concentrado à volta de cinco milhares de combatentes indígenas, militantes da UPA, movimento autonomista liderado por Holden Roberto, dispondo de campo de treinos cuja instrução estava a ser ministrada por mercenários e até duma fábrica de armamento — canhangulos — e respetivas munições.

    A Pedra Verde é uma elevação geológica, um morro, de difícil acesso, que sobressai dum maciço de cordilheiras escarpadas com cerca de 700 metros de altitude, situado a nordeste de Luanda, donde dista uns 130 km. Contém grutas naturais e túneis escavados pelo homem. Situa-se no itinerário que liga Luanda a Carmona (Uíge), à entrada dos Dembos, e que é conhecido por “estrada do café”, pois serve as inúmeras fazendas e outros aglomerados populacionais que produzem e comercializam este bem alimentar, uma das maiores fontes de riqueza de toda a região dos Dembos.

    Entretanto, no sentido de reconquistar essa região dos Dembos conhecida por Pedra Verde e dali desalojar o inimigo, as tropas portuguesas prepararam uma operação a que deram o nome de “OPERAÇÃO ESMERALDA”. Foi esta realizada por uma força mista integrando algumas unidades operacionais de infantaria, artilharia e meios aéreos, entre outros. O avanço das diversas colunas teve início a 13 de setembro desse mesmo ano de 1961, sendo a operação dada por concluída cerca de uma semana depois com a efetiva reocupação daquele espaço territorial considerado de alto valor estratégico para os nacionalistas da UPA que dali conseguia ramificar-se e infiltrar os seus guerrilheiros por toda a região dos Dembos, causando graves danos aos interesses coloniais, quer sociais quer económicos, uma vez que, como se disse, várias e importantes fazendas, especialmente dedicadas ao cultivo do café, ali se situavam.

    (...)

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    Por: Miguel Henriques

     

     

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