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    Arquivo: Edição de 31-01-2021

    SECÇÃO: Destaque


    COVID-19 - Situação em Portugal, no Grande Porto e no mundo (Dados de 23/01/2021)

    Para quem sempre disse que numa epidemia vírica uma situação razoável num piscar de olhos se pode transformar numa calamidade, não poderia encontrar melhor exemplo do que a evolução da pandemia por SARS-CoV-19 em Portugal nos últimos trintas dias.

    Com os dados de 21/12/2020 foi dito que a pandemia estava em fase de regressão. Passados trinta dias somos o país do mundo (pelo menos dos países que têm bom sistema de contabilização dos dados da pandemia) com maior número de óbitos por milhão de habitantes. E assiste-se a uma subida vertiginosa do número de Novos Infetados Diários, que já atingiu o número fabulosos de 15.333 no dia 23 de janeiro e que, provavelmente, não será maior por incapacidade da DGS em testar mais e registar mais Novos Doentes.

    Estamos numa situação de verdadeira catástrofe nacional.

    Um maior número de Novos Doentes gera um maior número de doentes a necessitarem de cuidados hospitalares. Destes haverá um maior número que necessitam de Cuidados Intensivos. E, no fim da linha, haverá mais pessoas que acabam por falecer, vitimadas pelo vírus e pelas complicações associadas.

    Os hospitais há muito ultrapassaram a sua lotação normal. Há referência a hospitais com uma lotação de 300% em doentes internados. A imagem de ambulâncias em fila à porta das urgências dos hospitais, com equipas clínicas a triar – e a iniciar tratamento - dentro das próprias ambulâncias é uma imagem de Terceiro Mundo. Ou uma imagem de Primeiro Mundo após uma erupção vulcânica, um terramoto ou um tsunami. Mas não. É em Portugal, país da União Europeia onde não há erupções vulcânicas, não há terramotos nem há tsunamis. Algo correu muito mal.

    Todos culpam a abertura para o Natal. É possível, pois os Novos Casos Diários começaram a subir em flecha a partir do dia 30 de dezembro, quando se passou de cerca de 3.000 Novos Casos para cerca de 6.000. E a partir daí tem sido sempre em crescendo, estando atualmente na casa dos 15.000 Novos Casos Diários. As pessoas não resistiram e juntaram-se em famílias muito alargadas, com muitas pessoas a virem do estrangeiro. Trouxeram amor e carinho. E à boleia trouxeram o vírus. E foi como fogo no capim seco.

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    Olhando para o gráfico dos internamentos, vemos que até ao início de janeiro o número de internados era estável, em cerca de 2.800, mas a partir daí tem sido em crescendo contínuo, estando atualmente em cerca de 6.100. Se em dezembro a situação era má, no fim de janeiro a situação é catastrófica. Não se pode poupar nas palavras.

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    Estamos numa situação de confinamento, com suspensão de atividades letivas. Só há uma palavra que se pode dizer até à saturação: FIQUE EM CASA.

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    Ao nível do Grande Porto, obviamente tudo sobe, exceto no concelho de Marco de Canaveses (não faz parte deste painel). O Grande Porto não é uma bolha isolada de tudo o resto. As suas gentes vivem e deslocam-se. É natural que haja mais contágios. Mas as subidas são relativamente contidas, pelo que com um pouco mais de atenção se pode inverter esta situação.

    No mundo as coisas não irão muito diferentes de cá, pois há mais doentes em todos os países do painel escolhido (a pandemia ainda não acabou). No entanto, neste painel Portugal destaca-se pela negativa, pois foi o país onde a situação mais se agravou. Nos últimos 30 dias (aproximadamente) houve um agravamento de 61% no número total de casos por 100.000 habitantes, contra 59% no Reino Unido e 33% em Espanha (a título de exemplo).

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    Finalmente em matéria de óbitos por 100.000 habitantes (também acumulado), Portugal também não está bem. De novo somos o segundo país a contar do fim do painel escolhido (variação para mais 59% de total de óbitos por 100.000 habitantes), apenas ultrapassado pela Alemanha (70%). Espanha apresenta uma variação para mais de 9% (a título de exemplo)

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    Em resumo. A situação não está boa em parte alguma e Portugal encontra-se no segundo pior lugar do painel de países escolhidos. Há que fazer mais um bocadinho do que se fez no último mês. Por isso FIQUE EM CASA

    José Campos Garcia*

    *Médico

     

     

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