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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2020

    SECÇÃO: Saúde


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    Reflexão COVID-19 - A questão dos Testes

    Levantou alguma dúvida a possibilidade de alguns doentes Covid terem Alta Médica e poderem regressar às suas ocupações profissionais sem um teste confirmativo de cura (teste negativo).

    A DGS publicou recentemente uma Norma (Norma 019/2020, de 26/10/2020) - Estratégia Nacional de Testes para SARS-CoV-2. Esta Norma deu continuidade à Circular Conjunta da DGS, do INFARMED e do INSA de 27/05/2020 com os novos conhecimentos que seis meses de pandemia já trouxeram à comunidade científica.

    Baseou esta Norma nas diretivas do European Centre for Disease Prevention and Control / COVID-19, “Testing Strategies and Objectives”, 15/10/2020, que por seu lado são suportadas por extensa bibliografia, bem como no artigo publicado pelo Annals of Internal Medicine (edição do American College of Phycicians), “Transmission of SARS-CoV-2: A Review of Viral, Host and Environmental Factors”.

    Antes da palavra sobre os testes, há que meditar sobre duas ideias.

    MEDICINA BASEADA NA EVIDÊNCIA

    A medicina moderna baseia-se em evidências. Acabaram-se os mitos, as “experiências pessoais”, etc. A Evidência distingue a medicina moderna da charlatanice e da “banha da cobra”. Há vários níveis de Evidência, mas esta normalmente só surge depois de estudos aprofundados, que são depois julgados pelos demais médicos, serviços, universidades, etc. Só os que passam neste apertado filtro é que adquirem o estatuto de Evidência.

    CIÊNCIA VERSUS DEMOCRACIA

    A liberdade de pensamento e de expressão é questão adquirida nas sociedades modernas, democráticas. Todos têm direito à “sua verdade”. Só que, por vezes, as democracias opinam sobre matérias que não conhecem. Por simples “direito à opinião”. Na medicina, na engenharia, etc. é catastrófico opor ciência à “democracia”. O doente morre porque não foi bem tratado, o prédio cai porque não foi bem construído. E na atual pandemia, muito disparate já foi dito e, pior, já foi feito. Ou seja, nesta guerra entre ciência e democracia, quem vence é o Vírus.

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    A NORMA

    Tudo isto para dizer que as Normas não aparecem sem mais nem menos e são suportadas pelo que há de mais recente e seguro em investigação.

    Muito resumidamente direi que há dois tipos de testes diagnósticos.

    • RT-PCR (Reverse transcription polymerase chain reaction)

    Trata-se dum teste dispendioso que envolve tecnologia e diferenciação técnica apreciáveis. De qualquer forma é a Referência Dourada dos testes diagnósticos.

    • Testes Rápidos de Antigénio (TRAg)

    Como o nome indica, são testes de execução rápida. São “testes de proximidade”, não necessitando de tecnologia avançada. São muito mais baratos do que os testes PCR, e tudo indica que, quando bem utilizados, têm sensibilidade e uma especificidade muito altas (evitam, respetivamente, os falsos negativos e os falsos positivos). Só agora começam a chegar ao mercado.

    Até ao momento, o diagnóstico de SARS-CoV-19 é baseada no RT-PCR. E isto levou à rutura do sistema, pois, por exemplo, no Boletim da DGS do dia 4 de novembro, dos mais de 7 mil casos positivos, metade referiram-se a “testes atrasados”.

    Causou alguma preocupação o facto de esta norma ter acabado com os testes confirmatórios de cura. E vieram à memória alguns casos de pessoas conhecidas que tiveram de se manter em isolamento por períodos muito mais longos do que os 10 ou 14 dias porque os testes PCR se mantinham positivos.

    O problema está na questão da transmissão da doença: uma pessoa que mantém um PCR positivo pode transmitir a doença?

    A Evidência diz que não, qualquer que seja a “opinião” da Democracia.

    Mas é necessário explicar isto com clareza. Senão, não passa de mais um dito a que muitos não ligam ou, pior, não acreditam.

    No artigo que eu referi, retirado da Annals of Internal Medicine é apresentado um gráfico baseado na investigação. Há muita investigação sobre o SARS-CoV-19. Como o Mundo está preocupado com esta pandemia, grande parte da massa cinzenta do planeta está a investigar a doença. E há muitíssimo trabalho já feito, muito mais do que para a maior parte das outras doenças durante o mesmo período de tempo. Pelo que já houve tempo de definir Evidências. E já se tornou Evidente que a partir do 7º dia após o início dos sintomas de doença ligeira a moderada, em indivíduo sem doença associada à imunidade, a transmissão do vírus é raríssima.

    A Norma fala em dez dias após o início dos sintomas. É ainda mais conservadora.

    Não é necessário teste confirmatório. E ainda bem, pois se o fosse, o panorama dos testes PCR estaria ainda muito pior do que já está hoje.

    OS TESTES RÁPIDOS

    Estes testes poderão ser muito úteis para o diagnóstico dum grande número de infetados. Exemplo típico é o caso das escolas, onde, por norma, o aparecimento dum caso Covid Positivo leva ao estudo dum grande número de pessoas. Mas têm limitações, sendo a principal o facto de terem um período ótimo para garantir resultados fiáveis. Nem antes, nem depois. Para além disso é necessário garantir a correta execução. Se eu não acreditar na boa técnica de execução, não posso acreditar no resultado. Se assim não for, a realização do “teste” não passa dum número estatístico sem qualquer fiabilidade.

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    José Campos Garcia*

    *médico MGF

     

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