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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 30-09-2020

    SECÇÃO: Crónicas


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    A mesa

    As manhãs de fim-de-semana começavam com um despique entre mim e o meu jovem amigo com 94 anos até ao momento em que eu tinha o bom senso de recuar na minha teimosia, ainda mais que uma pessoa armada de bengala é um perigo, conforme rimos – a forma que conheço de tudo amenizar, para lá do tempo. Os hábitos estavam enraizados e foi o tempo, que lentamente foi substituindo o balcão pela mesa.

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    Com esta conquista permitia-me apreciar, de frente, a serenidade da degustação de um pequeno-almoço que marca também a vida, de um dia que começa e nunca sabemos como acabará.

    A mesa? Mas porque era tão importante a mesa, questionava-me eu.

    Eureka!!! Porque era sagrada, descobri, encontrando também o porquê de assim o sentir.

    As memórias fazem-me recuar à infância, a uma mesa redonda onde nos sentavam para nos explicar porque podíamos ou não podíamos ter coisas que em idade mais avançada percebemos que teriam sido mesmo só, coisas. Também era nessa mesa que se cumpria o ritual de reunião de família onde o privilégio era trabalhar-se os laços entre uns e outros, para lá de tantas outras coisas mais.

    Depois o crescimento era implícito e o percurso pertencia a cada um. Eu (a única pessoa por quem posso falar) olho para trás e vejo falta de tempo para apreciar a mesa. A corrida (desenfreada) que mal nos dava tempo para aquecer a cadeira. A falta de paciência e a impaciência que à distância dá agora a ideia de que andava mais depressa que o ritmo do tic-tac de um relógio.

    Por contingências da vida, falta-nos a mesa e de repente damo-nos conta do tanto que ela nos faz falta, nem que seja na dimensão do lugar que ocupamos. Aí, recuperamos sonhos básicos como é o de trabalhar para conseguir uma mesa, que pensamos voltar a encher, de quimeras como depois percebemos.

    É que lá está de novo o tempo a fazer a sua magia ao dar-nos a compreender que o bater do tic-tac do relógio continua a ser insuficiente para atingir metas que supostamente nos conduzirão a sonhos que nos consomem (na sua grande parte até ao âmago), deixando-nos extenuados para desfrutar do bem mais precioso: o convívio e a arte de trabalhar os tais laços, que nos deveriam aconchegar nos momentos em que o chão falha, a frustração nos invade ou a vida nos muda a rota que tínhamos pré-definida.

    Algures li que o analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.

    Sempre com a curiosidade de aprender, memorizo que as mesas para além de convívio servem para convívios, conciliações, mas também para ruturas. Seguindo notícias olho para mesas onde estão sentadas pessoas que discutem banalidade e futilidades. Observo outras, as que têm sentado à sua volta pessoas com responsabilidade no destino de nações, de projetos estratégicos, de decisões de vida e de morte. Dou-me conta das tantas onde não existe nada de produtivo e benéfico mas também enalteço aquelas onde os princípios são incutidos a gerações que nos irão suceder.

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    Por: Glória Leitão

     

     

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