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    Arquivo: Edição de 31-07-2020

    SECÇÃO: Destaque


    30.º ANIVERSÁRIO DA ELEVAÇÃO DE ERMESINDE A CIDADE - ENTREVISTA COM JOSÉ MANUEL RIBEIRO, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO

    «As cidades não se fazem só de betão, são as pessoas que fazem toda a diferença. Prova disso é o dinamismo empresarial e associativo da cidade de Ermesinde»

    Nesta data tão especial para a Cidade de Ermesinde fomos ouvir o presidente da Câmara Municipal de Valongo (CMV), José Manuel Ribeiro, no sentido de auscultar a sua opinião sobre a importância e mais-valias que trouxe para a nossa freguesia esta “promoção”, assim como encontrar uma resposta para o facto de atualmente alguns ermesindenses sentirem alguma desigualdade em termos de política de investimento em Ermesinde face às outras freguesias do concelho por parte da Câmara, e ainda conhecer o ponto de situação de alguns projetos que se encontram em “carteira” para a nossa Cidade.

    Foto CMV
    Foto CMV
    A Voz de Ermesinde (AVE): O verão de 1990 ficou na História do Município de Valongo, já que as então vilas de Ermesinde e de Valongo foram elevadas a Cidades, algo que terá sido caso inédito no país nesse ano específico, ou seja, duas vilas do mesmo concelho terem sido elevadas ao mesmo tempo a cidades. Começamos por lhe perguntar, e olhando para trás e para este caso concreto, que importância teve e que mais-valias trouxe esta “promoção”, digamos assim, nas duas freguesias?

    José Manuel Ribeiro (JMR): A elevação das vilas de Valongo e de Ermesinde à categoria de cidade foi um ato de justiça, que correspondeu ao anseio da população, orgulhosa do progresso e desenvolvimento das suas terras, que cresciam em número de habitantes e concentravam comércio e indústria pujantes.

    Ermesinde e Valongo são territórios com um notável património e uma identidade cultural ímpar que sempre tiveram vida própria e nunca se resignaram a ser dormitórios.

    A grande vantagem da elevação à categoria de Cidade é o reconhecimento do desenvolvimento e do dinamismo socioeconómico destes territórios, que ainda hoje se reflete na autoestima dos ermesindenses e valonguenses.

    AVE: No caso de Ermesinde, como é que analisa, ou descreve, o percurso da freguesia ao longo destes 30 anos em que é Cidade?

    JMR: A posição privilegiada da cidade de Ermesinde na Área Metropolitana do Porto, a proximidade à A4 e a Estação de Comboios onde convergem as linhas do Douro e do Minho facilitaram o crescimento urbanístico muito rápido e desordenado da cidade, o que obviamente se traduziu também em problemas de mobilidade e de qualidade de vida. Mais do que lamentar, temos de saber tirar lições deste passado recente.

    Quando iniciamos este ciclo governativo, iniciamos um caminho de promoção de todo o Município de Valongo para acabar de vez com o mito de que os territórios periféricos são dormitórios do Porto.

    Por isso, as nossas logomarcas se destacam da Regueifa e dos Biscoitos, da Ardósia, dos Bugios e Mourisqueiros, o Brinquedo Tradicional e a Igreja de Santa Rita, estas duas intimamente ligadas a Ermesinde. Mas o nosso objetivo é coser todas estas marcas e tornar nossos aliados na sua divulgação os quase 100 mil habitantes deste concelho que além de Ermesinde integra as cidades de Alfena e Valongo e as vilas de Campo e de Sobrado.

    Nos últimos seis anos, conseguimos também resolver alguns dos problemas que mais afligiam a comunidade de Ermesinde, destacando-se a requalificação da Escola Secundária de Ermesinde, que assumimos apesar de não ser da competência da Autarquia. Foram investido quase 4 milhões de euros. Na área dos equipamentos escolares concretizamos também as ansiadas obras nas escolas da Costa, da Gandra e das Saibreiras, esta última que beneficiou também da requalificação da zona envolvente do Espaço Lúdico do Juncal.

    Conseguimos também resolver o problema do Estádio dos Sonhos, que foi municipalizado para que as nossas crianças e jovens tenham acesso a um equipamento desportivo público sem terem de sair da sua freguesia e do seu concelho. Contabilizando o custo final do processo de expropriação que foi de 688.938,25 euros e a requalificação que incluiu um novo relvado sintético, o investimento neste equipamento foi superior a um milhão de euros.

    De salientar também a conclusão do Edifício Faria Sampaio que esteve 11 anos ao abandono e onde investimos mais de um milhão de euros para o transformar numa Loja do Cidadão exemplar em todo o país. Mas neste processo de descentralização e modernização administrativa não ficamos por aqui e só em Ermesinde abrimos mais dois Espaços Cidadão, um na Travagem e outro na Gandra, aproximando os serviços dos munícipes, que deixam de fazer deslocações desnecessárias e encontram respostas para muitos dos seus problemas praticamente à porta de casa.

    Na área da Mobilidade, também já concretizamos a requalificação de muitos quilómetros de vias e arruamentos, no âmbito dos planos municipais de mobilidade sustentável e acessível para todos, destacando o investimento na Via do Peregrino que dá acesso ao Santuário de Santa Rita. Conseguimos também que fossem resolvidos os problemas de inundações, com as obras realizadas na Ribeira da Granja e na Rua Fábrica da Cerâmica.

    De salientar também o investimento na recuperação das chaminés do Parque Urbano que são um símbolo da cidade e que estavam em risco de ruir.

    O progresso da cidade de Ermesinde não se mede apenas pelo investimento mais visível nas infraestruturas. Fazemos também um avultado investimento em grandes eventos culturais. É em Ermesinde que se realiza a Expoval, a Feira do Livro e das Artes, a Noite dos Bombos, a Mostra de Teatro Amador, o MagicValongo – Festival Internacional de Ilusionismo, a Mostra Internacional de Teatro, entre muitos outros.

    Durante este ciclo governativo iniciamos também um processo pioneiro de descentralização de competências nas Juntas de Freguesia, que passaram a ter varredura, a manutenção dos jardins e as pequenas reparações nas escolas.

    Ainda há muito para fazer, mas estamos no bom caminho para transformar Ermesinde numa cidade com cada vez mais qualidade de vida.

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    AVE: É uma verdade que em Ermesinde ainda existe um certo bairrismo, alguma rivalidade, passe a expressão, face a Valongo (freguesia e concelho) e neste ponto algumas vozes críticas se levantam contra a Câmara ter em curso uma série de grandes investimentos quer em Valongo (a Oficina da Regueifa e do Biscoito, o novo edifício da Câmara, ou a nova Esquadra da PSP, por exemplo), quer em Alfena (a Oficina da Promoção do Brinquedo Tradicional, por exemplo), só para citar estas duas freguesias vizinhas, hoje todas elas cidades, sem nada que lhe corresponda em valor e grandeza em Ermesinde, onde vive a maior parte dos munícipes. Por outras palavras, alguns ermesindenses sentem alguma desigualdade em termos de política de investimento em Ermesinde face às outras freguesias do concelho por parte da Câmara. Quer comentar esta “ideia”?

    JMR: Fazemos uma gestão equitativa do território constituído pelas cidades de Ermesinde, Valongo e Alfena e pelas Vilas de Campo e Sobrado. Ermesinde é a freguesia mais pequena em termos de área, mas a maior em termos populacionais, com quase metade da população do concelho e temos isto em consideração, quando redistribuímos os parcos recursos públicos.

    Um dos exemplos mais paradigmáticos desta gestão equilibrada foi a abertura de dois consultórios de Saúde Oral no concelho, um deles em Ermesinde, na Unidade de Saúde da Bela. Foi a Câmara Municipal de Valongo que exigiu a abertura de dois consultórios para dar resposta aos dois principais eixos do concelho. Só nos propuseram a abertura de um para todo o concelho!

    Relativamente à construção do edifício que vai albergar os novos Paços do Concelho, certamente que será um motivo de orgulho também para os ermesindenses, pois servirá todo o concelho e é uma necessidade que ninguém nega, pois são manifestas as condições do atual edifício da Câmara Municipal de Valongo que está há 30 anos provisoriamente instalada no rés-do-chão de um prédio de habitação.

    Em relação à Oficina do Brinquedo estar em Alfena deve-se muito à dinâmica da própria freguesia de Alfena e dos seus autarcas. É um facto que o Brinquedo Tradicional Português está igualmente ligado a Ermesinde, mas infelizmente não houve esse empenhamento nesta marca.

    AVE: Já que falamos em investimentos, em que ponto de situação está o projeto do Parque Socer, tendo em conta de que sendo Ermesinde uma cidade com uma elevada densidade populacional o Parque Urbano e os jardins da Vila Beatriz já se tornam numa oferta curta, digamos assim, para as gentes da Cidade, e uma nova zona verde de lazer, como o Parque Socer, poderia suprimir essa escassez de zonas verdes (?)

    JMR: O projeto do Parque Socer avança assim que estiverem concluídos os procedimentos de aquisição dos terrenos, que estão a ser mais complexos do que o inicialmente expectável. As margens do Leça em Ermesinde serão num futuro próximo transformados em espaços de lazer de qualidade para usufruto livre de toda a população.

    É verdade que Ermesinde carece de espaço verde público e, por isso, investimos 730 mil euros na aquisição dos terrenos contíguos ao Parque Urbano face à Rua José Joaquim Ribeiro Teles, de modo a evitar construção naquele local e a garantir a ampliação do Parque Urbano. É importante também não esquecer que é no território de Ermesinde que estão localizados o Parque Aventura e o Corredor Ecológico da Lipor, duas infraestruturas verdes de grande qualidade.

    AVE: Enquanto autarca, e olhando para a Ermesinde atual, o que gostaria de fazer nesta Cidade no sentido de contribuir para a grandeza e evolução da mesma? Por outras palavras, há algum projeto que idealize implantar nesta Cidade?

    JMR: Aguardamos com expetativa o desfecho do processo negocial com o Centro Social de Ermesinde para a compra do Antigo Cinema, para dar resposta ao anseio da comunidade que há muito reivindica a requalificação daquele espaço emblemático da cidade, onde é necessário investir vários milhões de euros.

    AVE: No final do ano passado e no início deste surgiu, de novo, na Cidade a ideia da criação de um Museu que pudesse contribuir para não se perderem as raízes históricas, culturais, etnográficas, no fundo as raízes identitárias desta terra. Julgamos que a CMV deu o seu aval. Entretanto, a pandemia prejudicou o avanço deste projeto. Que tem o presidente da Câmara a referir relativamente ao Museu de Ermesinde?

    JMR: A Câmara Municipal de Valongo reconhece este anseio da comunidade ermesindense e dará todo o apoio possível para que se encontre um espaço e se concretize um projeto capaz de salvaguardar a memória coletiva da Cidade de Ermesinde, passando o testemunho às novas gerações.

    Foto CMV
    Foto CMV
    AVE: 30 anos na vida de uma Cidade pode ainda parecer pouco tempo, mas não deixa de ser um número histórico e simbólico. E nesse sentido pergunto-lhe se a CMV tem preparado algum presente especial para dar à Cidade de Ermesinde nesta data tão especial?

    JMR: Sobre projetos para o futuro é a conclusão do futuro parque do Leça, a reabilitação do Antigo Cinema de Ermesinde, a Reabilitação do Mercado de Ermesinde, a Pista de Atletismo e complexo de Manutenção dos Montes da Costa, o novo Pavilhão da Bela (já adjudicado), as Hortas Biológicas que irão surgir na Palmilheira, requalificação global das Piscinas de Ermesinde.

    Se dependesse apenas da vontade política muitos destes investimentos já estavam concluídos. Contudo, estamos sempre dependentes de fatores externos que não conseguimos controlar, por exemplo, os concursos públicos que ficam desertos, como foi o caso das obras da Piscinas de Ermesinde e do Pavilhão da Bela. Também os processos de aquisição dos terrenos são complexos e morosos, dificultando por exemplo o avanço do projeto do Parque do Leça.

    Uma das consequências desta pandemia que nos atinge à escala global é o crescimento exponencial do teletrabalho, o que fará com que muitas pessoas deixem de se deslocar todos os dias para fora de Ermesinde, ganhando mais tempo para vivenciarem a sua cidade. Por isso, continuaremos a forte aposta na implementação de projetos que promovam a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, a competitividade, a modernização e o desenvolvimento sustentável deste território.

    AVE: Para terminar, que mensagem enquanto presidente da Câmara gostaria de deixar à Cidade de Ermesinde e à sua população no âmbito deste 30.º aniversário?

    JMR: As cidades não se fazem só de betão, são as pessoas que fazem toda a diferença. Prova disso é o dinamismo empresarial e associativo da cidade de Ermesinde. São inúmeras as coletividades de âmbito cultural, desportivo e social com décadas de atividade e que também contribuem para o desenvolvimento desta cidade, tais como o CPN – Clube de Propaganda da Natação, o Ermesinde SC 1936, a Associação Académica e Cultural de Ermesinde, a Casa do Povo de Ermesinde e o Centro Social de Ermesinde, só para referir alguns exemplos desta dinâmica social.

    Vivemos tempos estranhos e de incerteza provocados pela Covid-19. Ao longo dos seus séculos de história, Ermesinde já deu provas de uma enorme capacidade de resistência e resiliência. Vamos vencer esta batalha e ficar mais fortes enquanto comunidade, não só em Ermesinde, mas também Valongo, Alfena, Campo e Sobrado, vamos todos ajudar a construir um mundo melhor, mais humano e mais equilibrado.

     

     

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