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    Arquivo: Edição de 31-07-2019

    SECÇÃO: Destaque


    XXVI - FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO

    A história apaixonante do casamento sem homem!

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    Encerrou com “chave de ouro” a 26.ª edição da Feira do Livro do Concelho de Valongo. E assim o foi pela apaixonante história que nos foi ali trazida - no dia 14 de julho - pelo escritor Alberto S. Santos, que recuou mais de um século para falar de um casamento que chocou a Galiza no início (1901) do século XX.

    “Amantes em Buenos Aires” é um romance histórico emocionante que relata a paixão de duas professoras primárias (Elisa e Marcela) que enganaram a Igreja Católica e obtiveram o sacramento do casamento.

    Ainda antes de nos guiar neste intenso relato de uma relação condenada pelos padrões sociais da época, Alberto S. Santos falou um pouco de si, do fascínio que desde muito novo – 9 ou 10 anos de idade – tem pela história, pelo passado, «de perceber como viveram os nossos antepassados e como nos trouxeram até “aqui”».

    A curiosidade em conhecer mais sobre o passado aliada à paixão pela escrita têm levado este escritor, advogado e político (foi presidente da Câmara de Penafiel) a publicar vários livros de ficção histórica criada a partir de marcantes acontecimentos reais.

    É o caso de “Amantes em Buenos Aires”, que nos conta a história verídica de duas professoras primárias de uma pequena localidade galega, Dumbria, que viveram uma intensa relação amorosa. Elisa e Marcela, assim se chamavam. A paixão leva-as em 1901 a contraírem matrimónio, na Corunha, enganando assim a Igreja Católica que desta forma celebrava o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo… sem que o percebesse. No altar, estiveram Marcela e… Mário, que na verdade era Elisa, que de cabelo curto e trajes masculinos cria uma falsa identidade que enganou tudo e todos levando assim por diante todo o cerimonial católico que teve padrinhos e convidados! Porém, a felicidade das duas mulheres durou pouco.

    Cometem o erro de voltar a Dumbria, foram reconhecidas e o casamento proibido pela lei de então – em Espanha o casamento entre pessoas do mesmo sexo só foi legalizado em 2005 – tornou-se um escândalo quando foi descoberto. As duas mulheres passaram então a ser perseguidas por uma sociedade conservadora, com traços de ruralidade profunda. O caso não tardou a ser difundido na imprensa da época, tendo o jornal “La Voz de Galicia” chegado a imprimir na sua primeira página a fotografia do matrimónio a que chamou de “o casamento sem homem”. A partir de certa altura também a justiça passa a fazer uma dura perseguição a Elisa e Marcela. Cercadas socialmente as duas mulheres procuram refúgio no Porto, cidade que as acolhe… de braços abertos. O Porto tem uma relação, ou reação, diferente para com estas duas mulheres.

    Os portuenses, ou melhor, as mulheres portuenses mostram-se solidárias com Elisa e Marcela. Ademais, impedem que sejam castigadas pela via judicial e inclusive conseguem angariar fundos monetários para que as duas possam fugir para Buenos Aires. É no Porto que surge outro elemento que dá ainda mais vida a esta verídica história: o nascimento da filha de Marcela. O “casal” tem agora uma filha – Marcela chegara ao Porto já grávida. E é a partir desta menina – com toda a certeza fruto de uma outra relação de Marcela, que o autor passa do real para a ficção. Alberto S. Santos pressupôs que esta criança terá crescido, tido filhos, netos… Uma bisneta de Marcela. É esta descendente que parte à procura da história da sua visavó na Europa. É pela voz e pelos olhos desta hipotética bisneta que a história é contada.

    Uma personagem que já depois de o livro ter sido publicado o autor soube que era… real! Alberto S. Santos veio a descobrir que essa bisneta existe e que também procura conhecer mais detalhes sobre este emocionante romance.

    Por: MB

     

     

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