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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-03-2019

    SECÇÃO: Destaque


    CONFERÊNCIA

    O contributo das Universidades Seniores para o Envelhecimento Ativo

    Fotos USE
    Fotos USE
    A ideia surgiu numa aula da disciplina de Saúde e Envelhecimento Ativo, lecionada pelo professor Alcino Branco. Prontamente acolhida pela Direção da Ágorarte/Universidade Sénior de Ermesinde (USE), foi proposta à Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE), que logo a acarinhou e ajudou a dar corpo.

    Escolhido o conferencista, que de imediato se disponibilizou, nasceu esta Conferência subordinada ao tema “O contributo das Universidades Seniores para o Envelhecimento Ativo” que decorreu no Auditório da Junta de Freguesia, no passado dia 16 de março.

    As primeiras palavras foram do professor Carlos Faria, presidente da Ágorarte/USE, que saudou os presentes, onde se incluíam o Dr. Orlando Rodrigues, vereador da Câmara Municipal de Valongo (com o pelouro da Educação), João Morgado, presidente da JFE, dirigentes de universidades congéneres e associações do concelho, para além de muitos alunos da Universidade Sénior de Ermesinde. Agradeceu ao Dr. Alcino Branco ter aceitado ser professor da USE e após uma breve resenha dos primórdios e da atividade da Universidade que coordena, deu conta de uma pequena Nota Biográfica do conferencista, Dr. Bruno Rebelo, a quem enalteceu pelo trabalho efetuado e pela disponibilidade em partilhá-lo com a USE.

    Seguiu-se um, sempre agradável, momento musical, protagonizado pelo autor/intérprete ermesindense Manuel Bastos, posto o que o Dr. Alcino Branco, fez a introdução ao tema, chamando de imediato a atenção para o que apelidou de “Tsunami dos Cabelos Grisalhos” ou seja, o aumento exponencial, verificado nas últimas décadas, da relação entre a população com 65 ou mais anos, e os mais novos. No caso concreto de Portugal, os últimos dados, apontam para a existência de 153,2 idosos por cada 100 jovens. Como comparação, refira-se, que em 1961 existiam 27,5 idosos por cada 100 jovens. Este fenómeno não tem passado despercebido às diversas instâncias nacionais e internacionais. Há muito que a Organização Mundial de Saúde, a Comissão Europeia, a Direção Geral de Saúde “consideram de grande importância todas as medidas, políticas e práticas, que contribuam para um envelhecimento saudável”.

    Tomando a palavra, o Dr. Bruno Rebelo começou por confessar ter deixado os seus pares de boca aberta – o quê? vais estudar os velhinhos? – quando, para a sua tese de mestrado no ISCTE-IUL, decidiu estudar as UTI’s (Universidades de Terceira Idade). Prova de que o estigma sobre os idosos teima em ser ultrapassado. Em boa hora o fez, já que o excelente trabalho produzido e ora apresentado, (também publicado em livro – Universidades Seniores: uma visão sobre o Envelhecimento Ativo, Mais leitura-Legis Editora), bem o atesta.

    Das recomendações da UNESCO de 1976, no sentido de garantir aos idosos “a possibilidade de aprenderem a usufruir dos tempos livres, a viverem com saúde, conservando as faculdades físicas e intelectuais, a continuarem a participar na vida coletiva e a terem acesso ao conhecimento e atividades que não puderam aceder ao longo da vida”, passando pelas recomendações da Nações Unidas em 1983 na sequência da I Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento , decorrida em 1982 em Viena, na qual se sublinha que “a educação deve ser acessível a todos, sem discriminação relativamente aos idosos (…) Deve tomar-se em consideração a ideia de uma universidade para a terceira idade”, até à definição da Organização Mundial de Saúde em 2002, que estabelece envelhecimento ativo como o “processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem”, muitos passos foram dados.

    Aqui, o conceito de envelhecimento ativo prevê que os idosos percecionem o seu potencial físico e de bem-estar social e psicológico, possibilitando participarem na sociedade de acordo com as suas necessidades e interesses, sentindo que fazem parte dela e que contribuem para o seu desenvolvimento. Ainda segundo o Dr. Bruno Rebelo, a palavra “ativo” apela a uma contínua participação na vida social, económica, cultural e civil, visando mais do que estar fisicamente ativo ou do que continuar na vida laboral. Esta definição vem substituir o conceito de envelhecimento saudável, cuja tónica dominante era a saúde, pretendendo ser mais abrangente por envolver, para além da saúde, aspetos socioeconómicos, psicológicos, ambientais, sendo a qualidade de vida o principal foco desta definição.

    Para melhor entender o que está a ser feito na sequência das recomendações e decisões das instituições nacionais e internacionais, o Dr. Bruno Rebelo resolveu “por mãos à obra”. Para tal, “frequentou”, entre outubro de 2013 e março de 2014, a UNISBEN (Universidade Intergeracional de Benfica) que, nesse ano contava com cerca de 700 alunos inscritos.

    Segundo a RUTIS (Rede de Universidades da Terceira Idade), as universidades seniores “são a resposta socioeducativa, que visa criar e dinamizar regularmente atividades sociais, culturais, educacionais e de convívio, preferencialmente para e pelos maiores de 50 anos. Ainda segundo a RUTIS, Portugal era em 2015, o país do mundo com mais universidades seniores.

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    Para todas estas premissas, que o autor dividiu em três pilares - Pilar Saúde, Pilar Participação e Pilar Valorização Social – foram encontradas respostas, que,dada a manifesta falta de espaço, aqui se dá nota apenas de alguns tópicos.

    No Pilar Saúde, os testemunhos demonstram que a frequência na UNISBEN “se reflete na melhoria dos três estados de saúde: físico, cognitivo e emocional”. Escalpelizando cada um destes três aspetos, concluiu-se que disciplinas como a Ginástica, Danças, Saúde e, no caso da USE, Yoga, Hidroginástica, Pintura, Artes Decorativas, Rendas e Bordados, suscitam “uma maior tranquilidade e sentimento de pertença, refletindo-se em sentimentos de bem-estar, de utilidade e de autoestima”. O mesmo confirmou o professor César Vasconcelos, que deu conta, com orgulho, da evolução contínua dos seniores da USE, que frequentam a sua aula de Ginástica.

    No Pilar Participação, foram abordados temas como o “Voluntariado”, “Enriquecimento Cultural” (que resulta não só da presença nas aulas, mas também nos passeios, nas visitas de estudo, que permitem um melhor conhecimento das cidades, museus, etc.), “Integração Social” resultante da maior capacidade de argumentar assuntos de diversa índole, o que possibilita entender melhor a realidade e exercer uma “Cidadania Ativa”. Contudo, acentuou, para compreender melhor a realidade, é importante um espírito de “Recetividade e Adaptação à Mudança” em que se consiga alcançar conhecimentos que permitam estar num patamar confortável de debate dos temas e de interação com os outros. No caso da USE, as disciplinas de História, Informática, Línguas Estrangeiras, Literatura, Sociedade e Cidadania, contribuem para este Pilar.

    No Pilar Valorização Social (que o autor prefere ao termo “Segurança” adotado pela ONU), ficou claro que no processo de aprendizagem, um dos momentos mais gratificantes consiste na possibilidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos, o que acontece quando os seniores demonstram as suas capacidades, dentro ou no exterior da universidade, gerando impactos positivos nas relações ao nível “Familiar”, na “Intergeracionalidade” e na “Comunidade”. As reações favoráveis de quem observa suscitam nos seniores sentimentos de reconhecimento, autoestima e realização pessoal. A concluir este capítulo o Dr. Bruno Rebelo afirmou que estes aspetos contribuem para alterar a imagem das potencialidades dos seniores e promovem uma visão positiva do envelhecimento junto de outras pessoas, incentivando outros seniores a ingressarem numa universidade. Inserem-se neste pilar as danças (tradicionais e de salão,no caso da USE), as cantigas (d’Ouvido, Adufeiras, Cante Norte), a poesia e o teatro.

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    Por: Alfredo Silva

     

     

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