INQUÉRITO DE RUA
Comerciantes contra a fiscalização dos parquímetros
Têm sido muitas e audíveis as queixas dos comerciantes da zona central de Ermesinde face à fiscalização agressiva que a concessionária dos parquímetros tem exercido de há uns tempos a esta parte na citada zona, de maneira que já se fala numa autêntica "caça à multa".
Fomos ouvir quatro comerciantes, tendo todos eles referido que esta forma de atuar dos fiscais tem prejudicado os respetivos negócios. Por: RITA POLÓNIA
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Fotos ALBERTO BLANQUET |
Manuel Duarte,
70 anos
Os parquímetros têm vindo a afetar muito o meu negócio. Acho que isto é uma falta de respeito por nós comerciantes, que empregamos pessoas, damos vida à cidade e não estamos a ter a ajuda das autoridades a quem compete colaborar connosco. Eu, por exemplo, coloco no parquímetro 50 cêntimos, que dá para uma hora, sendo que eu até marco no relógio 55 minutos para conseguir ir a tempo de colocar uma nova moeda, mas às vezes na altura de colocar mais uma moeda tenho clientes para atender que também têm os seus carros ali estacionados, e isso torna-se desgastante. Por vezes um atraso de três ou quatro minutos é o bastante para ter lá uma multa.
Miguel Nunes,
46 anos
Sou contra e a favor desta fiscalização. A favor porque, por vezes, as pessoas vão para o comboio e deixam os seus carros de manhã até à noite nos estacionamentos, tirando o lugar a outras pessoas, como por exemplo clientes das lojas aqui do centro. Por outro lado, sou contra pela falta de compreensão dos fiscais para com as pessoas. Ouço muitas vezes as pessoas queixarem-se que só foram "ali e acolá" e que demoraram cinco minutos, tendo muitas até tirado o ticket, mas quando voltaram às suas viaturas já tinham sido multadas.
José Marques,
33 anos
No geral, esta fiscalização está a afetar bastante o meu negócio pois mesmo quem pára em segunda fila é de imediato multado, ou seja, os fiscais não dão nenhuma tolerância, não há respeito, parece até que ganham à comissão. Já pedi um lugar à concessionária para a carrinha de serviço. Fui à Câmara e pediram-me 2600 euros por ano para ter um lugar fixo para a minha carrinha. Devo dizer que com esta fiscalização tive uma quebra no meu negócio entre 20 a 30%.
Dina Carvalho,
50 anos
Notamos esta fiscalização agressiva até pelos nossos clientes, que entram na nossa loja e passado uns minutos vão-se logo embora, pois por vezes só cá entram para trocar dinheiro para conseguir tirar o ticket. E enquanto entram e saem, os fiscais já estão a passar multa.
Nós, comerciantes, fazemos diariamente cargas e descargas com as carrinhas, e acho que pelo menos um lugar de estacionamento deveríamos ter, porque muitas vezes estamos aqui com as portas abertas e eles esperam que a gente acabe de descarregar a carrinha para virem logo passar uma multa. É como dizem: isto é uma “caça à multa”.
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