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    Arquivo: Edição de 30-06-2018

    SECÇÃO: Editorial


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    Paralelismos…

    Portugal e Espanha partilham a mesma península há séculos e com ela muitos momentos históricos análogos, apesar de terem tido também frequentes disputas, muitas das quais terminaram em guerras bem conhecidas.

    E por falar em guerras, lembro que o secular fenómeno da Reconquista Cristã envolveu, da mesma forma, os dois países, nas suas fases de formação e crescimento, que ocorreu à custa das terras que iam conquistando a sul, muitas vezes com a solidariedade cristã dos vários reinos do norte que se uniam contra os infiéis muçulmanos.

    Voltaram a estar juntos na prioridade dada à Expansão marítima, a partir do século XV, para sul (os portugueses conquistaram Ceuta e outras praças do norte de África, passaram o Cabo Bojador e descobriram arquipélagos no Atlântico; os espanhóis ocuparam algumas ilhas das Canárias) e para ocidente (Cristóvão Colombo, ao serviço dos Reis Católicos, chegou à parte insular da América Central e Pedro Álvares Cabral descobriu oficialmente o Brasil, hoje o maior país da América Latina). Chocaram várias vezes na sua política expansionista obrigando ao arbítrio papal, na assinatura dos tratados de Alcáçovas (1479) e de Tordesilhas (1494).

    Mas nunca estiveram tão juntos como durante os 60 anos de "Domínio Filipino", altura em que os impérios português e espanhol foram governados pelos Filipes. Recordo que esta "Monarquia Dualista" não pode ser considerada, como uma Verdadeira "União Ibérica", porque Portugal não perdeu de forma efetiva a sua independência. Os despachos e leis régias para Portugal eram obrigatoriamente escritos em português (a língua manteve-se), a bandeira portuguesa continuou a ser a única hasteada em castelos e palácios do império português, a moeda portuguesa permaneceu igual, o nosso exército tinha apenas comando português, à frente do governo dos nossos territórios coloniais só eram admitidas personalidades portuguesas e até o próprio rei, quando não estava em Portugal, aqui tinha de ter uma regência. Quando o Conde Duque de Olivares pretendeu, de facto, centralizar o poder e unificar toda a Espanha, Portugal renegou o seu rei, Filipe III, aclamou D. João IV como rei de Portugal e enfrentou 28 anos de Guerra, finda a qual Portugal veria garantida a sua independência.

    Saltando uns séculos no tempo, chegamos ao século XX e, no primeiro pós-Guerra, novo paralelismo nos países ibéricos, instalação de ditaduras militares que procuram resolver a instabilidade política resultante da grande luta político-parlamentar e do caos social vivido em parte dos dois territórios. Ditadura do general Primo de Rivera, primeiro (1923), Ditadura militar portuguesa logo a seguir (1926), que evoluiria para o Estado Novo salazarista (a partir de 1933) e, na Espanha, com a ajuda de Salazar, instalar-se-ia o "franquismo" (a partir de 1939), vencida a "Frente Popular" após uma terrível Guerra Civil que seria o prelúdio da 2.ª Guerra Mundial.

    Durante a 2.ª Guerra Mundial ambos os países, apesar da proximidade política com as potências do Eixo, conseguiram manter a sua neutralidade.

    Em meados da década de 1970, chegaria a "Democracia", primeiro a Portugal, com o triunfo da "Revolução do 25 de Abril de 1974"e, no ano seguinte, a Espanha, com a restauração da Monarquia Constitucional.

    Fruto da democracia, ambos os países puderam integrar a CEE, o que aconteceu no dia 1 de janeiro de 1986, já lá vão 32 anos.

    E no momento atual, até a solução política é estruturalmente a mesma, os governos são liderados pelo Partido Socialista (em Portugal) e pelo Partido Socialista Operário Espanhol (em Espanha) que não foram os que ganharam as respetivas eleições legislativas, mas foram os que encontraram o apoio parlamentar que viabilizou a solução governativa.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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