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    Arquivo: Edição de 16-05-2014

    SECÇÃO: Destaque


    Exposição de Manuela Bronze – Pano de Fundo

    Fotos ALBERTO BLANQUET
    Fotos ALBERTO BLANQUET
    O Fórum Cultural de Ermesinde tem um particular espaço de exposição, que por si só, contém uma identidade afirmativa e incontornável a qualquer obra que ali seja exposta.

    O antigo forno Hoffman, agora espaço de exposição, é ele próprio uma cenografia à espera de todas as encenações.

    Tive a oportunidade de ali ver exposições de diversos artistas e nenhuma delas me parece ter conseguido uma simbiose tão clara e intensa entre o espaço e a obra, como a presente mostra da Manuela Bronze.

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    O título, “Pano de Fundo”, é um apontamento que nos remete para o universo teatral onde a artista, como figurinista, se integra naturalmente. Para lá dessa leitura imediata, de os panos/tecidos serem o material primeiro da sua participação na construção de uma peça de teatro, parece-me que é a própria ideia e sentido de teatro - encenar, representar, apresentar – que importa nos panos de Manuela Bronze.

    Naturezas mortas de um quotidiano no feminino, pano de fundo a existências vividas na casa ninho de frias paredes ortogonais, interiores seduzidos com panos que guardam as janelas e a intimidade, panos bordados que cobrem a mesa e fazem do comer um momento único, mesas e jarras postos em cena por panos e rendas com flores de jardins impossíveis. Panos sobre panos, que organizam o espaço à procura de um lugar, em diálogo com a cor afirmada por pinceladas de tinta que definem, por vezes, formas, reforçam intenções ou sugerem atmosferas.

    É notória a evocação do interiorismo de Matisse, o diálogo entre interior e exterior, as cores vibrantes e inesperadas, as formas das cornucópias, flores, riscas e matizes, num concerto desconcertante, que uma vez mais nos fala da mulher, evoca e desmistifica a fada do lar, uma provocação encenada, uma tirada teatral.

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    As obras, que partem de um fundo em serigrafia, que como se espera de uma técnica de múltiplo, se repete, fogem cada uma delas ao anonimato da repetição pela introdução de elementos, em tecido, que lhes emprestam uma identidade única e irrepetível.

    Matissianas, assim as denomina Manuela Bronze, reforçando com o título a intenção de procurar na obra de Matisse o motivo, a cor, a composição, toda a ideia e sentir dos seus quadros.

    Uma vez mais o golpe de teatro: Ser ou não ser? Apenas dar a ver, esperar o sentir…

    Por: Luísa Gonçalves

     

     

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