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    Arquivo: Edição de 16-05-2014

    SECÇÃO: Editorial


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    «Maio, maduro Maio»… (*)

    O mês das searas douradas e das papoilas vermelhas é rico em tradições e rituais ligados à terra e à vida.

    A colocação das maias nas portas e janelas, nos currais, nos carros de bois e cavalos, nas camionetas de passageiros e carga, nos barcos e traineiras e até nas locomotivas e passagens de nível é uma tradição que está a desaparecer.

    No Minho as giestas cruzam-se com rosas, malmequeres e outras flores, com que fazem coroas que colocam nas portas, portões e varandas.

    Este ano vi poucas giestas nas portas, até eu me esqueci…

    A primavera está aí com todos os seus encantos, mas há uma atmosfera de tristeza, uma penumbra que encobre o colorido dos campos.

    Maias, todas as maias são poucas para impedir a entrada do mal nas nossas casas, nas nossas vidas.

    Há quem acredite que a troika se vai embora do nosso país, mas parece-me pouco provável, eles vão andar por aí…

    Hoje somos um país mais pobre, mais fraturado e cada vez mais acomodado.

    Perdemos a capacidade de sonhar e de pensar, hoje cumpre-se, cada um por si.

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    Nunca fomos um povo com uma grande relação de afetividade social, mas vínhamos a aprender, aos poucos havíamos de lá chegar…

    Hoje perdemos tudo, cada um safa-se como pode, o poder cultiva essa forma de agir colocando os novos contra os velhos, os empregados contra os desempregados, os trabalhadores do setor privado contra os funcionários públicos.

    Temos medo, achamos que tudo é inevitável, deixamos de acreditar.

    Com o desaparecimento progressivo da classe média os pobres acomodam-se, não vislumbram hipóteses que os ajudem a mudar, a classe média tem essa capacidade mobilizadora da sociedade que tanta falta nos faz.

    Desinteresse e cansaço são atitudes que podem ser muito graves neste mês de maio de 2014.

    Temos de acordar, de estar atentos, não embarcar de qualquer forma no que nos vendem, ter consciência e denunciar toda a hipocrisia que envolve muitas das mensagens políticas, num espaço público cada vez mais fragilizado e redutor.

    Não vamos pensar que com a saída formal da troika o país vai melhorar, eles vão realmente andar por aí, impondo e exigindo.

    Em maio vamos ter eleições, não podemos ignorar, é altura de pensar, de refletir sem medos, sem espírito clubista, atento ao que está em jogo, hoje o poder está em Bruxelas e o que lá se passa afeta-nos profundamente.

    Não vamos desperdiçar esta oportunidade de afirmamos com convicção o que queremos para o nosso futuro.

    Eu sei que não vamos mudar o mundo, nem a democracia se resume a ter o direito de votar quando há eleições, mas não podemos desistir das oportunidades que existem.

    Maio é esse mês da transformação e mudança com que a primavera todos os anos nos brinda.

    (*) Lembrando Zeca Afonso

    Por: Fernanda Lage

     

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