SECÇÃO: Cultura

Sabor a Teatro repôs “O Despertar da Primavera”

Foto MANUEL VALDREZ

Pegando numa peça já de algum modo marcada pelo tempo, Diana Alves Alves Costa procurou, em nosso entender, com inteiro sucesso, resgatá-la para a modernidade que constituiu a obra de Wedekind ao tempo do seu aparecimento.

Com recursos cenográficos, como as mesas, que permitiam a passagem da habitação à escola, ao jardim e ao cemitério, como os véus que permitiam adivinhar os encontros amorosos entre os casais (entre eles o de duas mulheres), com o desenho das cenas que permitiu reconstruir o universo não naturalista de “O Despertar da Primavera”, a encenadora demonstrou a sua segurança, maturidade e criatividade.

Quanto à representação, se no domínio gestual, os atores demonstraram alguma desenvoltura, há ainda alguma trabalho a fazer no domínio da voz, em que a sua representação realista, no uso da palavra, de certo modo fez, aqui e ali, perder o sentido profundo e onírico da peça. O texto deveria ter sido, em nossa opinião, dito de forma muito mais pausada e trabalhada. Precisamente quando os atores tiveram de trabalhar personagens e criar vozes (com as suas peculiaridades), como no caso do padre, ou do conselho de professores, afastando-se do imediato e natural, estiveram muito bem.

De resto, reconhece-se-lhes uma grande entrega, o desejo de aperfeiçoamento e uma empatia mútua que flui em todo o grupo e lhe irá permitir seguramente, crescer.

FICHA TÉCNICA:

Texto: Frank Wedekind;

Encenação: Diana Alves Costa;

Desenho de luz: Diana Alves Costa;

Sonoplastia: Nuno Campos Monteiro/Chico;

Design gráfico: Paulo Brás;

Elenco: Ana Catarina Ramalho, Ana Tavares, Anaísa Leal, Catarina Machado, Joana Mendes, João Santos, Luís Dias, Márcia Azevedo, Nelma Luana, Nuno Campos Monteiro; Pedro Ramalho, Raquel Martins, Telma Lopes.

Por: LC