Sem memória não teremos futuro
O dia 27 de janeiro é a data instituída pela ONU como Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto.
A data escolhida assinala o dia em que as tropas soviéticas, em 1945, libertaram os prisioneiros do campo de concentração e extermínio de Auschwitz, na Polónia.
É nosso dever fazer este exercício de memória para que acontecimentos como estes não fiquem adormecidos ou se diluam no tempo. Refletir sobre o Holocausto é um avivar da memória para muitas das atrocidades dos nossos dias.
Para que os estudantes de todo o mundo possam aprender mais sobre o Holocausto foi criada uma nova ferramenta educacional “online”que se chama IWitness e foi produzida pela Fundação Shoah e a Universidade da Califónia do Sul. Professores e alunos têm agora acesso a depoimentos em vídeo de mais de mil testemunhos do Holocausto a partir do arquivo do instituto de quase 52 mil gravações.
Hoje as redes sociais também nos alertam para muitos acontecimentos e comemorações, com imaginação e, por vezes, com muita sensibilidade – é o caso das imagens e dos textos que circularam entre nós a propósito do dia 27 de janeiro. Desses textos escolhi um poema de Bertold Brecht:
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não sou negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não sou operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns
Desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão a levar-me
Mas já é tarde
Como eu não me importei com
Ninguém
Ninguém se importa comigo
Bertold Brechet (1898-1956)
O jornal “A Voz de Ermesinde” também se associa a estas comemorações, lembrando a mensagem do secretário-geral das Nações Unidas, Ban ki-moon:
«Um milhão e meio de crianças judaicas pereceram no Holocausto, vítimas de perseguições pelos Nazis e seus apoiantes.
Dezenas de milhares de outras crianças foram também assassinadas, incluindo portadoras de deficiência, assim como de etnia Roma e Sinti.
Todos eles foram vítimas de uma ideologia carregada de ódio que os catalogou de “inferiores”.
Este ano o Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto é dedicado às crianças, meninas e meninos que tiveram de enfrentar o terror e o mal.
Muitos ficaram órfãos por causa da guerra ou foram arrancados às suas famílias.
Muitos morreram de fome, doença ou às mãos dos seus torturadores.
Nunca saberemos o contributo que estas crianças poderiam ter dado ao nosso mundo.
E entre os sobreviventes, muitos ficaram demasiado traumatizados para contar o que lhes aconteceu.
Hoje procuramos dar voz a essas histórias.
É por isso que as Nações Unidas continuam a ensinar os ensinamentos universais que nos deixou o Holocausto.
É por isso que lutamos para promover os Direitos e aspirações das crianças, todos os dias e em toda a parte do mundo.
E é por isso que continuaremos a inspirar-nos pelo exemplo de grandes humanistas como Raoul Wallenberg, de quem se celebra este ano o centenário do seu nascimento.
Hoje, ao recordarmos todos aqueles que perderam as suas vidas durante o Holocausto, novos, velhos e de todas as idades, faço um apelo a todas as nações para que protejam os mais vulneráveis, independentemente da sua raça, cor, género ou crença religiosa.
As crianças são particularmente vulneráveis às piores acções da humanidade.
Devemos mostrar-lhes o melhor que este mundo tem para oferecer».
Por:
Fernanda Lage
|