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    Arquivo: Edição de 15-10-2011

    SECÇÃO: História


    Recordando Amália Rodrigues – rainha do fado

    Amália Rodrigues é um nome incontornável da tradicional canção portuguesa e, por isso, lhe atribuíram muito justamente o epíteto de “Rainha do Fado”. Como “Rainha” tem lugar na nossa História e, assim, a honra de repousar no Panteão Nacional (desde há 12 anos) entre outras ilustres figuras da portugalidade.

    Amália Rodrigues 1920 - 1999
    Amália Rodrigues 1920 - 1999
    Ainda em vida, os que mais de perto privaram com ela ter-lhe-ão ouvido várias vezes dizer “não chego ao ano 2000” e acertou em cheio, morreu quase 3 meses antes de começar o ano 2000!

    O corpo deixou de viver, mas o seu nome e a sua voz tornaram-se eternos. O corpo teve honras de repousar no “Panteão Nacional” e o seu nome e memória estão bem vivos como se viu, por ocasião do 10º aniversário do seu falecimento – 6 de outubro de 2009!

    Televisão, jornais, exposições… até uma rádio, vocacionada só para o fado, nasceu nesse dia em Lisboa. Tudo formas de evocar essa Mulher Portuguesa que tão longe levou a canção tradicional portuguesa que está prestes a tornar-se Património Imaterial da Humanidade.

    Um pouco por todo o país tem sido lembrado o nome da “Rainha do fado” – Amália Rodrigues.

    Na capital, a sua morada mais efetiva foi a casa amarela do n.º 193 na Rua de São Bento. Foi aí que Amália Rodrigues viveu mais de meio século. As memórias que guarda ajudam a recordá-la de forma mais intensa. Os grandes ramos de flores que ofereciam à grande Amália continuaram a chegar mesmo depois de ter partido. E, apesar das remodelações entretanto feitas pela Fundação Amália Rodrigues, muito conserva o aspeto que Amália lhe deu.

    Amália Rodrigues nasceu em Lisboa, no Bairro de Alcântara, no dia 1 de julho (data em que fazia questão de festejar o seu aniversário natalício, apesar de no seu registo de nascimento constar o dia 23 de julho de 1920). Amália da Piedade Rodrigues, de seu nome completo, era filha de pais naturais da Beira Baixa. Tempos muito difíceis vivia então Portugal acabado de sair da Primeira Guerra Mundial que muitas complicações trouxe à vida política, económica e social portuguesa.

    Nove anos mais tarde, inicia a frequência da Escola Primária da Tapada da Ajuda, onde faz a sua instrução primária. Aos 14 anos, trabalha como bordadeira, engomadeira e tarefeira. Um ano depois, isto é, com quinze anos, desfila na Marcha de Alcântara e canta pela primeira vez, acompanhada à guitarra, numa festa de beneficência.

    Aos 18 anos, representando o Bairro de Alcântara, participa no Concurso da Primavera. No ano seguinte, início da Segunda Guerra Mundial, estreia-se como fadista no “Retiro da Severa”.

    No período final da Guerra, tem a sua 1ª saída para o estrangeiro. O destino é o Brasil. Previa-se que estivesse lá seis semanas, mas acaba por estar três meses, tendo atuado no Casino de Copacabana (Rio de Janeiro). No Brasil gravaria, em 1945, o primeiro dos 170 discos da sua carreira.

    Em 1947, em Portugal, é protagonista no filme “Capas Negras”, tendo conseguido bater todos os recordes de exibição (esteve 22 semanas em cartaz no Cinema Condes). No ano seguinte, recebe o prémio do SNI (Secretariado Nacional de Informação) para a melhor atriz, pelo seu papel em “Fado”, um filme de Perdigão Queiroga.

    Em 1949 inicia um périplo que a leva a vários continentes, países e regiões do Mundo: Paris e Londres (1949); a África: Moçambique, Angola e Congo (1951); Nova Iorque no La Vie en Rose, ficando 4 meses em cartaz (1952).

    Em 1953, Amália é a primeira artista portuguesa a cantar na televisão americana no programa “Eddie Fisher Show”. No ano seguinte, edita o primeiro LP nos Estados Unidos. Atua no Mocambo, em Hollywood (955); interpreta a “Canção do Mar” e o “Barco Negro” no filme de Henri Verneuil “Os Amantes do Tejo”. Filma no México “Música de Sempre”, com Edith Piaf.

    Em 1957 estreia-se no Olympia, em Paris, e começa a cantar em francês. Charles Aznavour escreve para ela: “Ai, Mourir pour Toi”.

    Casa-Museu Amália Rodrigues, em Lisboa
    Casa-Museu Amália Rodrigues, em Lisboa
    Em 1961 casa com o engenheiro César Seabra, no Rio de Janeiro, com quem vive até à morte deste, em 1997.

    Em 1962 lança o disco “Asas Fechadas” e “Povo que Lavas no Rio”, do poeta Pedro Homem de Mello. Em 1966, atua no Lincoln Center (Nova Iorque) com uma orquestra sinfónica dirigida pelo maestro André Kostelanetz.

    Em 1967 recebe, em Cannes, pelas mãos do ator Anthony Quinn, o prémio MIDEM (Disco de Ouro) para o artista que mais discos vendeu no seu país, facto que se repete nos dois anos seguintes, proeza só igualada pelos Beatles.

    Em 1970 atua em Tóquio, Nova Iorque e Roma, e recebe uma alta condecoração francesa. Em 1975, já no Portugal de Abril, regressa ao Olympia em Paris. Em 1976 é editado pela UNESCO o disco “Le Cadeau de la Vie”, em que figura ao lado de Maria Callas e de Jonhn Lennon. Em 1977 canta no Carnegie Hall de Nova Iorque. Em 1985 volta ao Olympia de Paris e dá o primeiro concerto a solo no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Em 1989 comemora os 50 anos de carreira com uma exposição no Museu do Teatro em Lisboa.

    Em 1990, década em que faleceria, dá dois grandes espetáculos: no Coliseu dos Recreios e no S. Carlos, onde, pela primeira vez em dois séculos, se ouviu cantar o fado. Em 1994 atua pela última vez em público no âmbito de Lisboa, Capital da Cultura. Em 1995 é operada a um tumor no pulmão e edita o seu último disco, “Pela Primeira Vez”. Em 1998, é lançado o disco “O Melhor de Amália”, muito aclamado pela crítica internacional. É ainda homenageada na “Expo 98”.

    Faleceu a 6 de outubro de 1999, em Lisboa, na sua casa na Rua de S. Bento.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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