Medalha de Honra do concelho atribuída a D. Manuel Clemente
Em sessão extraordinária que decorreu também no salão nobre da edilidade, precisamente no dia seguinte da reunião pública ordinária, a Câmara Muncipal de Valongo, aprovou, por unanimidade e aclamação – proposta da Coragem de Mudar – a atribuição da Medalha de Honra do Concelho de Valongo (a mais alta condecoração que a Câmara pode atribuir) ao bispo do Porto, D. Manuel Clemente, que então iniciava a sua visita pastoral à freguesia de Valongo. Recorde-se que ”A Voz de Ermesinde” fez uma ampla cobertura da visita do ilustre prelado à cidade de Ermesinde, decorrida no início do mês de Dezembro.
|
Foto URSULLA ZANGGER |
Após lida a proposta justificativa da atribuição da Medalha de Honra a D. Manuel Clemente, «personalidade marcante no meio religioso e cultural» do País e sua «referência ética», e o Executivo aprovar, por unanimidade e aclamação esta proposta, coube a vez de o presidente da Câmara, Fernando Melo, dizer algumas palavras. Dirigindo-se aos autarcas presentes, público, juiz conselheiro do Tribunal de Valongo, e demais entidades civis, e às personalidades do meio católico local (Cónego Peixoto, Cónego Sebastião, P.e Carneiro e P.e Alfredo), Fernando Melo enalteceu o nível moral e humano de D. Manuel Clemente e declarou-se, em nome do município, honrado por acolher tal visita, de que o concelho «sabe reconhecer o sentido e alcance».
Teve então lugar a cerimónia de imposição da medalha, após a qual, o bispo do Porto pediu para usar a palavra.
D. Manuel Clemente começaria por agradecer, «muito sensibilizado» por tal homenagem partir de uma Câmara Municipal, considerando que as câmaras e juntas estão na primeira linha do desenvolvimento e realidade humanas.
Teceu depois palavras de simpatia para com dificuldades (ou desafios) que estas enfrentam, e numa época em que somos todos muito «circulantes», lembrou que, se já não sabemos bem de que terra somos, devemos saber, ao menos onde estamos».
A realidade autárquica, lembrou D. Manuel Clemente, foi uma das primeiras afirmações da sociedade portuguesa.
Referiu-se depois ao mundo, que «está hoje mais pequeno», para fazer uma referência às trágicas inundações recentes do Rio de Janeiro, no Brasil e considerar que «a autarquia é a realização local de tudo o que é universal».
Recordando o relacionamento próximo da comunidade local e da Igreja referiu depois uma curiosa troca, nas palavras paróquia e freguesia. A primeira, uma designação do ordenamento civil acabaria por ser adoptada para designar uma unidade territorial da Igreja, ao passo que a segunda, que etimologicamente aponta para a ideia de «filhos da Igreja», acabaria por se transformar numa designação para a mais pequena unidade territorial orgânica no plano local.
No fundo, há uma coincidência de substância, apontou D. Manuel Clemente.
E terminou com palavras de companhia e solidariedade, e enquanto parte de «uma Igreja em que o céu e a terra acabam por já não ter distância».
Por:
LC
|