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    Arquivo: Edição de 15-09-2010

    SECÇÃO: Cultura


    Visita às aldeias do xisto

    No fim-de-semana de 10 e 11 de Julho, o CECAT (Centro Cultural Alberto Taborda) realizou uma viagem às Aldeias do Xisto. Na já tradicional visita cultural do final do ano lectivo, os sócios visitaram, desta vez, as terras do centro de Portugal.

    Fotos CECAT
    Fotos CECAT
    A primeira paragem foi em Coimbra, cidade que encontraram enfeitada e cheia de grupos folclóricos, porque eram as festas da padroeira, a Rainha Santa. O tempo era muito curto mas ainda chegou para a fotografia à interessante lápide de homenagem a Miguel Torga, no sítio onde era o seu consultório, no Largo da Portagem. E, à saída da cidade, os visitantes puderam ver a ponte pedonal Pedro e Inês, que brilha com as protecções laterais em vidro de quatro cores: amarelo, azul, verde e rosa, e relembra uma das histórias de amor mais famosas em todo o mundo.

    A paragem seguinte foi na Lousã, com a sua igreja e casas brasonadas. Mas o elemento que despertou mais interesse foi o pelourinho com quatro caras, duas delas com respeitáveis bigodes.

    No Candal, puderam passear um pouco pela única aldeia do xisto da Lousã acessível por estrada. Apesar de se verem bastantes casas pintadas e algumas abandonadas, a localidade é bem pitoresca, com os seus recantos antigos.

    Seguiram, depois, para Castanheira de Pêra, no sopé da Serra da Lousã, onde almoçaram no restaurante Lagar do Lago, enquanto observavam as ondas artificiais da Praia da Rocas.

    Passando por terras de nome insólito como Venda da Gaita e Picha, chegaram a Góis, e se a visita à Igreja Matriz ficou comprometida por um funeral, puderam consolar-se com a frescura do rio Ceira, que passa por baixo da ponte manuelina de três arcos e anima mais uma praia fluvial.

    Dirigiram-se, depois, a Arganil, no sopé da Serra do Açor e subiram ao Santuário de Mont’Alto, onde puderam ver a Nossa Senhora com cabelos a sério e elegantes roupas de tecido, fazendo lembrar uma antiga quadra popular dos romeiros:

    “A Senhora do Mont`Alto

    Mandou-me agora chamar

    Que tinha o seu manto roto

    Que lhe o fosse arremendar”.

    Segundo a lenda, a imagem da Nossa Senhora tinha sido encontrada no alto do monte e os habitantes da região quiseram construir-lhe uma capela mas no sopé da elevação, o que seria bastante mais fácil. Mas a Nossa Senhora não gostou e desapareceu, sendo, mais tarde, encontrada, de novo, no alto do monte, onde inicialmente tinha sido descoberta. Os devotos renderam-se, então, ao desejo da Santa e, apesar das dificuldades, o santuário foi construído lá bem no alto.

    Para além da Nossa Senhora do Mont’Alto, duas imagens notáveis se destacam no santuário: uma Santa Luzia, em calcário, do século XV, tendo na mão os dois olhos, e uma Sant’Ana em madeira, do século XVIII.

    Depois de alguns mais corajosos terem descido a pé um pouco do monte, seguiu-se, ainda lá no alto, um opíparo jantar, num restaurante por baixo de uma capela que abriga um espectacular Menino Jesus, vestido de Napoleão, mas de que os visitantes só à noite, no hotel, tiveram conhecimento, através da simpática hospedeira.

    Também foi ela e a irmã que orientaram os caminhantes para a festa: primeiro a Filarmónica Arganilense, no largo da Câmara, e, depois, uma caminhada até “já ali, um quilómetro, talvez”, que, depois de cerca de três quilómetros, lhes permitiu chegar ao arraial de S. Pedro, ao lado da Capela mais antiga do concelho, que data do século XIII. Nela, estavam já preparados os andores, um deles com uma imagem de S. Pedro do século XV.

    Na manhã seguinte, depois de um óptimo pequeno-almoço, disseram adeus à vila, e à ribeira de Folques que a atravessa, e um até logo ao Rio Alva, em cuja margem esquerda se situa Arganil.

    Seguindo por Coja e Benfeita, ladearam a Mata da Margaraça até à Fraga da Penha, onde o encanto das águas atrasou o grupo.

    Continuando pela Serra do Açor, chegaram, por fim, ao Piódão, onde começaram por visitar a Igreja, com um olhar especial para o Menino Jesus que, nesse dia, tinha um vestidinho amarelo. Viram, ainda, o Museu, e treparam pelas escadinhas, observando as casas de xisto e telhado de lajes e as portas e janelas de madeira pintada de azul. A Aldeia Presépio tem muitos recantos onde se perde o olhar e a imaginação.

    E foi aqui que os nossos veraneantes tiveram a oportunidade de degustar licores (de castanha e de pêssego) e queijo de cabra e de ovelha e comprar lembranças para toda a família.

    Para além de ser uma aldeia de xisto, o Piódão é, também, uma das aldeias históricas de Portugal. O isolamento da zona fez com que se refugiasse aqui o famoso quadrilheiro João Brandão ou Barandão:

    Lá vai o João Barandão

    A tocar o violão

    Casaca à moda na mão

    e atão e atão e atão.

    foto
    Foi já no alto do monte que, ao jeito de adeus ao Piódão, foi feita a fotografia de grupo.

    A viagem prosseguiu pelos caminhos tortuosos da serra até à zona da Aldeia das Dez, onde, no Santuário da Senhora das Preces, puderam ver, escondido na sacristia, mais um menino Jesus vestido e com uma cartolinha. Também no tecto da Igreja observaram uma rara representação pintada do casamento de Nossa Senhora.

    Este antigo monumento mariano tem uma grande importância para os devotos há longos anos, como é comprovado pelos inúmeros ex-votos, espalhados pela igreja e pela sacristia. Daqui e com tanto atraso que nem parou em Avô, o grupo dirigiu-se a Côja, onde, junto a uma praia fluvial, apreciou a refeição mais típica do concelho de Arganil, pois incluiu bucho, chanfana e tigelada.

    De tarde partiram para Oliveira do Hospital, onde, entre outras coisas, puderam apreciar um monumento aos cavaleiros templários, e seguiram para Bobadela, com os seus vestígios de antigas civilizações, com particular destaque para o anfiteatro e o arco romanos.

    Por fim, começou o regresso, com uma chamada de atenção para a Biblioteca do Mondego e uma paragem na área de serviço da Mealhada, para a incontornável sandes de leitão.

    À chegada a Ermesinde os viajantes estavam um pouco cansados mas muito satisfeitos.

    Por: CECAT

     

     

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