A PÁGINA DOS JOVENS
O Porto adormece descansado
O Porto adormece descansado, entre os raios alaranjados que caiam as paredes. S.Bento cobre--se de uma doce melancolia quase só, e na rua adormece a brisa fresca. Os gestos são agora lentos e as estátuas escuras de rostos mais velhos que os séculos ficam imóveis, vendo os transeuntes passar. O trânsito serena e já se pode respirar lentamente todos aqueles pedaços. O tempo pára indeciso e a cidade veste-se ainda mais bela e triste, entre becos e tascas.
Os olhos perdem-se irremediavelmente entre os infinitos detalhes, sempre novos. Entre o granito escurecido pelos anos e os rostos de pedra sérios e atentos. Desviando dos pedintes e atenção central, recordando o jardim onde agora fica o nada.
E dá vontade de ficar ali, num qualquer banco, observando com atenção quem passa e não vê nada do que ali fica. Mas o tempo é de ir e subir, continuar a subir pelas ruelas antigas. Vendo novos e irrepetíveis detalhes. Sentindo o peito pertencer àquele lugar e guardando dentro aquelas sensações e sons indistintos.
A aragem prende-nos à melancolia doce e eterna e enche-nos de vontade de chegar a casa e escrevê-lo.
Por: Daniela Ramalho
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