Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 30-04-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-04-2006

    SECÇÃO: Educação


    A PÁGINA DOS JOVENS

    Estrela-do-mar

    Era uma vez uma estrela do céu. O céu agarrava-a pelas suas cinco pontas, mantendo-a sempre fixa e imóvel, no seu canto azul-escuro. Do céu, ela via o mar, as ondas pequeninas que se formavam lá do fundo da sua visão, e que embatiam contra a areia. Via a espuma branca que se formava depois, naquela dança de grãos de areia com conchas, conchas com búzios, búzios com pedrinhas, formando mais e mais areia. Tão bela paisagem, mas tão cansativa. Ela queria ver coisas novas, queria ver o mar e a areia de perto, ver o céu lá de baixo, sentir o movimento, não ficar para sempre presa naquele seu céu escuro. Lá em baixo havia um mundo de cores à sua espera… os seus olhos ficavam já fartos de observar sempre o mesmo azul, sempre o mesmo branco da lua, sempre o mesmo dourado das suas companheiras… Lá em baixo não havia menos que meios dias, lá em baixo existia um dia, um dia completo para aparecer e viver para o universo em seu redor.

    Numa bela noite, a estrela do céu decidiu forçar os fios que a prendiam. Puxou, puxou, e por fim, uma das cordas finas e transparentes quebrou, forçou outra, e quebrou, e mais outra e outra, e por fim a última das suas cinco pontas descolou do céu, partindo em dois a última corda. A estrela caiu desamparada pelo céu fora, deixando atrás de si um longo rasto dourado e brilhante… caiu no mar. O contacto com as ondas do mar foi súbito. Para uma estrela do céu, sempre quieta, o movimento do ondular das ondas foi um choque. Por cima das grandes vagas, que lá do alto lhe pareciam tão pequenas, ela tentava observar o céu…E lá o viu. Nunca o viu tão extenso e com tantos pontinhos brilhantes. Era belo. Desceu ao fundo do mar, sentiu a areia nas suas cinco pontas, tocou os peixes, conchas e búzios… Mergulhou no movimento, mergulhou para um universo, diferente… não havia nada igual, nada fixo… havia sim grande variedade de tudo, cheio de cor, cheio de diferenças.

    A estrela do céu passou a ser a estrela-do--mar. Com a sua partida do céu, também algumas partiram do céu para o mar, à procura de um novo mundo. Poucas se conseguiram desprender das suas cordas transparentes… Talvez será essa a razão para a qual existe mais estrelas do céu do que estrelas-do-mar, e também será essa razão pela qual vemos tão poucas vezes estrelas cadentes…

    Poucos têm coragem de se lançarem a um mundo desconhecido, poucos não têm medo de deixar um brilho físico, para brilharem por dentro, para se sentirem plenos…Poucos têm força para contrariar os fios que os puxam…

    Por: Ana Sofia Nunes

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].