SECÇÃO: Educação

A PÁGINA DOS JOVENS

Os Maias...

Este era supostamente o terrível ano em que teríamos de ler a obra de Eça de Queirós, "Os Maias". Pelas opiniões de outros alunos, o livro era a maior seca e não tinha ponta por onde prender a atenção do leitor. Embora tenha começado a ler nas férias de Natal e apenas tenha terminado o livro esta semana, afirmo que gostei daquilo que li. Não talvez pela história, mais do que conhecida e contada, mas pelas criticas de Eça a toda uma sociedade. Criticas que prevalecem ao longo de quase dois séculos de mutações no regime político, de avanços e de retardações, mas que fazem com que cada uma das críticas de Eça, possam ser aplicadas hoje em dia. Como se o escritor ainda estivesse aqui entre nós e fizesse uma visão realista e aprofundada de Portugal nos dias de hoje. Tudo é recente, os tiques das pessoas, os defeitos, os pecados, a incompetência de ministros e jornalistas. A corrupção, os mexericos, o desejo de ver os outros piores do que nós. A realidade de 1875 é a realidade de 2006, ler "Os Maias", é ler uma qualquer reflexão sobre a sociedade de hoje.

O olhar crítico de Eça, usa as personagens como veículo de discurso, não fazendo ele as críticas, mas enriquecendo o interior das personagens, colocando-as em diálogos e enriquecendo-as a nível da argumentação.

Eu gostei do livro, apesar de me irritar o facto de ter muitas páginas com letras minúsculas e de o escritor se perder em detalhes que não adiantam nada na história. Além das descrições. Mas no fundo, esses detalhes são a base do livro e a marca pessoal de Eça. Não posso garantir que vá ler mais alguma obra dele, mas quanto a este livro, não foi assim tão tenebroso de ler, como muitos proclamam por aí…

Por: Daniela Ramalho