SECÇÃO: Tecnologias

Linux e Hurd: diferenças e semelhanças

Quando se fala em software livre, vem-nos geralmente à cabeça o Linux. Hoje em dia, há contudo, para além dos sistemas operativos nascidos também do UNIX como o Linux – FreeBSD e Minix – outros sistemas recentemente tornado abertos, como o OpenSolaris da Sun. Todavia, no mundo vindo do UNIX, e também com as licenças GPL (ver “A Voz de Ermesinde” n.º 740), há uma experiência que começa a tomar corpo: o Hurd.

FACILIDADE

DE COMPILAÇÃO

Por terem o código aberto, a maior parte destas aplicações podem ser facilmente recompiladas para rodarem em outros sistemas operativos, como o FreeBSD. Mesmo antes do início do desenvolvimento do Linux, muita gente utilizava-os no Minix e nos vários sistemas Unix proprietários disponíveis até então. O Linux acabou canalizando estes esforços, mas a base já existia antes dele.

Mas, apesar do sucesso do Linux, o objectivo principal da Free Software Fundation foi sempre o de desenvolver um sistema operativo próprio. O GCC, EMacs, além de aplicações com o Apache e o X, juntos já formam um sistema operativo, falta apenas o motor, ou seja, o Kernel.

UMA DEMORA MAIOR

QUE O PLANEADO

O GNU Hurd está em desenvolvimento desde o final da década de 80, mas só quase 10 anos mais tarde começaram a ser disponibilizadas as primeiras versões utilizáveis, capazes de compilar e executar as principais aplicações, mas a primeira versão de produção está a demorar bem mais do que o planeado (...).

UM NOVO KERNEL

NÃO MONOLÍTICO

O Hurd é baseado num microkernel, ao invés de um kernel monolítico como no Linux. Muitos desenvolvedores (provavelmente a maioria) defendem que os sistemas baseados num microkernel (como o Windows NT/2000/XP e vários sabores de Unix) podem ser mais rápidos e mais fáceis de actualizar e modificar que os sistemas de kernel monolítico como Linux.

Porém, uma outra corrente de desenvolvedores, incluindo naturalmente Linus Torvalds, argumentam que apesar de, em princípio, um microkernel ser mais simples (já que o kernel inclui apenas os componentes mais básicos, o restante são todos módulos separados), lidar depois com a troca de dados entre os vários componentes é muito mais complicado do que simplesmente agrupar todos num kernel monolítico.

AS CRÍTICAS

DE LINUS TORVALDS

No seu livro "Just For Fun" (“Só por Prazer”, editora brasileira Campus), Linus Torvalds dedica várias passagens a defender esta ideia. Chegando a classificar a ideia de um microkernel como "uma estupidez". (...)

UMA CONCORRÊNCIA

POSITIVA

Para nós utilizadores, mais interessante do que discutir qual das ideias é a melhor, é saber que em breve teremos à disposição mais uma opção de sistema operativo livre. Assim como no caso do Linux, nada impede que as distribuições utilizem o Hurd ao invés do Linux, caso ele consiga apresentar algum diferencial importante.

Por enquanto, o Hurd ainda está em desenvolvimento, por isso é inútil tentar tecer qualquer comparação.

(...) A instalação ainda é difícil e o suporte a hardware é muito fraco, concentrando-se em placas de vídeo, rede e alguns outros periféricos essenciais. Como descrito na documentação, «o suporte a placas de som e outros dispositivos é quase que inexistente». Ou seja, o Hurd ainda não é para utilizadores finais, mas vamos torcer para que a "concorrência" acelere o desenvolvimento do kernel do Linux e seja um factor positivo para a plataforma como um todo. (“http://www.guiadohardware.net/termos/hurd-gnu-hurd”).