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    Arquivo: Edição de 20-12-2005

    SECÇÃO: Destaque


    57º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

    A história de Stanley Tookie Williams

    Stanley Tookie Williams III, conhecido por Tookie, nasceu a 29 de Dezembro de 1953 em Nova Orleães. Sem a presença do pai, e distante da própria mãe, cresce no complicado bairro de South Central de Los Angeles.

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    Em 1979, com 17 anos, cria em conjunto com Raymond Lee Washington, o gang de rua “Crips”. Era generalizada a profusão de gangs em Los Angeles, praticando violência indiscriminadamente. Os “Crips” poderão ter surgido em resposta a este fenómeno, como forma de protecção da sua comunidade. No entanto, é o próprio Tookie que afirma que, apesar da existência desse sentimento, os “Crips” não podem ser vistos como os “bons da fita”, nem como algo positivo. Os “Crips” alastraram rapidamente. No ano em que foi criado, o gang já tinha membros por toda a Califórnia e as suas práticas já se tinham tornado tão violentas como as de qualquer outro gang da altura, verdadeiros arruaceiros que aterrorizavam bairros inteiros.

    Também em 1979, Raymond é assassinado por um membro de outro gang, ao passo que Tookie é preso, acusado do homicídio de 4 pessoas num assalto. Em 1981, é declarado culpado e condenado à morte, apesar das suas permanentes alegações de inocência. Desde aí no corredor da morte na Prisão de San Quentin, é colocado em solitária em 1987. Ao fim de dois anos, inicia um processo de reflexão que o leva a constatar a gravidade do seu acto enquanto criador dos “Crips”. Este gang já encontra modelos copiados em 42 Estados, bem como na África do Sul e na Suíça.

    Perante tais factos, Tookie chega ao arrependimento total face à história violenta do gang. Inicia então um trabalho, que como o próprio explica, é dirigido aos mais jovens, pois são estes os que necessitam de algum modelo em que se possam inspirar e são aqueles que ainda podem fugir aos caminhos que ele próprio percorreu. Em 1996, lança a série de livros Tookie Speaks Out Against Gang Violence dirigido aos jovens do ensino básico e, em 1998, o livro “Life in Prison”. Ambas as obras são dirigidas a jovens, procurando desencorajá-los da vida em gangs e nas ruas, mostrando as consequências da violência. O livro “Life in Prison” procura descrever a angústia de um condenado à morte, desmistificando a vida passada na prisão. Ambas as obras se sustentam na sua experiência, procurando chegar assim mais facilmente aos jovens que já se encontram em risco.

    Simultaneamente, lança o Projecto de Internet para a Paz nas Ruas, em que liga jovens de bairros problemáticos da Califórnia e da Suíça, bem como de outros pontos do globo, incentivando-os à aprendizagem através do uso de computadores e à troca de experiências que os possa levar a evitar a vida de violência nas ruas.

    Com o trabalho efectuado, Stanley Williams foi nomeado cinco vezes para o Prémio Nobel da Paz e quatro para o Nobel da Literatura, pelo seu trabalho com estes jovens em situações de risco.

    Stanley demonstrou um profundo arrependimento sobre o seu envolvimento na violência de gangs, mas reiterou a sua inocência nas mortes de que é acusado. No seu julgamento, constatou-se que a sua culpa foi formada sobre testemunhos de indivíduos, todos eles com algum tipo de acusação pendente, levando o próprio Tribunal de Recursos a declarar em 2002, que estes poderiam ser facilmente incentivados a mentir, em busca de um qualquer perdão ou atenuante para os seus casos.

    No entanto, o Supremo Tribunal recusou o apelo de Tookie, para que se investigassem eventuais casos de racismo e discriminação no seu caso, bem como as suas afirmações de inocência. Por exemplo, o acusador do Ministério Público, retirou três jurados afro-americanos do júri. Nas alegações finais, comparou Stanley durante o julgamento a um tigre de Bengala, e declarou que a comunidade negra de South Central Los Angeles era o equivalente ao habitat natural de um tigre de Bengala. Este acusador já foi censurado duas vezes pelo Supremo Tribunal da Califórnia por comportamento semelhante (texto da Amnistia Internacional).

    Stanley Tookie Williams foi executado a 13 de Dezembro de 2005. O governador da Califórnia, Arnold Schwarznegger, recusou-se a atender aos pedidos de clemência.

     

     

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