SECÇÃO: Destaque

Fotos MANUEL VALDREZ

Bloco apresentou candidatos

Em acção que decorreu no passado dia 23 de Setembro, na Biblioteca da Vila Beatriz, em Ermesinde, o Bloco de Esquerda apresentou os seus candidatos às eleições autárquicas no concelho e ouviu as queixas de moradores dos bairros camarários quanto ao tratamento dispensado pela edilidade aos seus problemas. Na mesa estiveram o deputado (e candidato à Câmara Municipal do Porto) João Teixeira Lopes, o cabeça-de-lista à Câmara de Valongo pelo Bloco de Esquerda, Eduardo Valdrez, e o n.º 1 da lista para a Assembleia Municipal, António Fernando Monteiro.

João Teixeira Lopes, que encerrou as intervenções do Bloco e deu o "toque nacional" à candidatura, veio a Ermesinde declarar que o Bloco «aposta em candidaturas fortes», fortes porque «não obedecem à lógica dos interesses».

«Não temos nenhum problema em defrontar os interesses», reafirmou o deputado, que deu como exemplos dessa lógica de interesses o que está por trás de candidaturas como as «de Avelino Ferreira Torres, Fátima Felgueiras, o major ou Isaltino».

Teixeira Lopes referiu depois, no concelho de Valongo, «a rede de interesses» que Fernando Melo foi gerando.

E, recusando que se continuem a criar condições para se multipliquem situações com as que se têm estendido por todo o País, adiantou o compromisso do Bloco para a alteração da actual Lei das Finanças Locais, defendendo uma outra forma de gerir os impostos a distribuir localmente.

Afirmou também o compromisso do Bloco de exigir auditorias às Câmaras e, sobretudo, «às empresas municipais, que fogem ao controlo democrático».

João Teixeira Lopes defendeu ainda a implementação de Agendas 21 locais e fez a apologia das decisões participadas pelas populações.

O deputado fez ainda uma breve referência à política da STCP, que representava um ataque ao direito à mobilidade dos cidadãos, e terminou fazendo um apelo ao voto no Bloco, «a esquerda que não transige».

PROGRAMA E COMPOSIÇÃO DAS LISTAS

A sessão tinha tido início com António Fernando Monteiro a fazer a apresentação dos cabeças-de-lista do Bloco aos vários órgãos autárquicos no concelho (o Bloco de Esquerda apresenta candidaturas à Câmara e Assembleia Municipal e às Assembleias de Freguesia de Ermesinde, Alfena e Valongo). São cabeças-de-lista Eduardo Valdrez para a Câmara, António Fernando Monteiro para a Assembleia Municipal (Manuel Valdrez é o n.º 2), Luís Santos para a Assembleia de Freguesia de Ermesinde (António Pinheiro é o n.º 2), Joaquim Guedes à Assembleia de Freguesia de Valongo e Carlos Basto à Assembleia de Freguesia de Alfena. Definindo as listas como "inter-classistas", Fernando Monteiro definiu a lista como equilibrada de um ponto de vista geracional (30% de jovens e 10% de idosos, com dois outros estratos etários intermédios a situar-se ambos nos 30% – o Bloco apresenta candidatos dos 18 aos 70 anos), a participação nas listas de 32% de mulheres (sete homens e cinco mulheres para a Câmara).

Seguiu-se a intervenção de Eduardo Valdrez, que definiu o programa do Bloco como «a política que faz frente aos senhores do dinheiro». O candidato a presidente da Câmara de Valongo declarou «prioritário o combate ao desemprego, exclusão social e pobreza».

Traçou depois um quadro da situação social no concelho – tuberculose muito acima da média regional e no País, particularmente na freguesia de Campo, subida do desemprego acentuada (18,5% entre 2002 e 2004), ameaça de agravamento da situação social, devido ao perigo de encerramento da Lear.

Eduardo Valdrez criticou depois a insistência na Nova Valongo, defendeu uma política social para a habitação (mais de 4 000 casas devolutas) e os transportes, denunciou a situação de abandono ou degradação dos bairros camarários, com destaque para os da Serra Amarela, Palmilheira e Sampaio, e «a total indiferença da Câmara para com tudo o que é social». «A Câmara Municipal é um mau senhorio, não faz obras nem por dentro nem por fora», acusou ainda.

Passando depois a comentar a política ambiental da edilidade, o candidato definiu-a como «se não é cimento são eucaliptos» e considerou as distinções atribuídas à autarquia como «prémios de propaganda». Exigiu depois a despoluição das linhas de água do Leça, Ferreira e dos seus afluentes e a construção de uma ETAR para o rio Tinto, um grande canal poluente das águas do Douro. Exigiu também a reactivação do Conselho de Bacia e a concretização de um plano de salvaguarda para as serras de Santa Justa, Pias e Castiçal.

Passando depois para outras questões, no plano da ética, Eduardo Valdrez defendeu uma «batalha pela requalificação da política», e desafiou Fernando Melo a sair «do pequeno círculo em que se move».

A PALAVRA DOS MUNÍCIPES

Abrindo depois o seu "espaço de antena" à participação de moradores que aceitaram ir ali para falar dos problemas dos seus bairros, e isso sem qualquer compromisso partidário, o Bloco deu a palavra primeiro ao Sr. Canado, morador no Bairro da Outrela, em Valongo, que contou como tinha sido atirado para um bairro ao qual, de início, não chegava qualquer transporte público. O Sr. Canado falou também de outros bairros, que são «autênticos ghettos» e recordou a luta da associação a que esteve ligado e que, entretanto, se extinguiu por falta de apoios. Falou depois o Sr. José Moita, da Palmilheira, que revelou a escassez de apoios à Associação Desportiva da Palmilheira, de que é presidente, e fez depois o elogio das pessoas do seu bairro (80 a 90%) que «são capazes de levar as coisas para a frente» e que pintaram o pavilhão «à sua custa». O munícipe denunciou igualmente que «os balneários do pavilhão não podiam ser para guardar máquinas ou para os jardineiros lá se vestirem».

A sessão terminou num convívio com comes e bebes noutra sala da Vila Beatriz.

Por: LC