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    Arquivo: Edição de 30-05-2005

    SECÇÃO: Desporto


    ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA COMISSÃO ADMINISTRATIVA DO ERMESINDE SC

    José Araújo: «Gestão rigorosa e sem extravagâncias está a devolver a credibilidade ao Ermesinde»

    Presidente da Comissão Administrativa que tem vindo a gerir o Ermesinde Sport Clube (em mandato que está agora prestes a terminar), José Araújo está feliz com os resultados desportivos alcançados na época 2004-2005, em que com o mais baixo orçamento da sua série, conseguiu o “milagre” de manter o clube nos Nacionais de futebol. Mas mais que os próprios resultados desportivos, o jovem dirigente está satisfeito pela forma como tem sido possível, gradualmente e com grande rigor, estar-se a sanar o passivo do Ermesinde, que esteve à beira da ruptura e colapso final. Satisfeito também pela coesão que tem marcado a Comissão a que preside, mas cujas decisões têm sido sempre assumidas em colectivo.

    José Araújo vive momentos de euforia. Primeiro porque os resultados desportivos não deixaram ficar mal a Comissão Administrativa, mesmo se, em tese, todos soubessem que o objectivo da manutenção, com o clube na situação financeira em que estava era uma “missão impossível”. Afinal conseguida! Depois, porque de há uns anos a esta parte é a primeira vez que o Ermesinde SC concretiza os primeiros bons negócios para o clube, rentabilizando finalmente o trabalho do clube com a formação de jogadores nas camadas jovens. A saída de Mendes para o Sporting de Braga foi o primeiro desses negócios. O clube conserva 5% do passe. A segunda, ocorrida já no fecho da nossa edição, foi a negociação, também levada a bom porto, para a transferência, igualmente para o Braga, do guarda-redes Hélder Colaço.

    No plano desportivo, o êxito só foi possível dada a «equipa técnica valiosa» que serviu o clube esta época. Não chegaram as palavras a José Araújo para os elogios ao treinador José Augusto e a toda a sua equipa técnica («senhor de uma cultura extraordinária», «excelente», «homem de uma grande ética» foram algumas).

    Outra das razões do orgulho de José Araújo foi o facto de estes resultados terem sido obtidos por uma equipa com 70% de atletas formados no clube.

    Foto Manuel Valdrez
    Foto Manuel Valdrez
    Aliás, o presidente da Comissão Administrativa do Ermesinde sublinhou bem o papel essencial que hoje tem a escola de futebol de clube, “Os Argolinhas”, quer do ponto de vista desportivo, quer no financeiro.

    José Araújo sublinhou também a tónica muito especial do Ermesinde enquanto, fundametalmente, clube de futebol. Mas considerou que, também no boxe se criou uma tradição que seria de preservar. Confrontado pel’A Voz de Ermesinde, já que é conhecida uma maior vocação para a modalidade por parte, por exemplo, do CPN, mais dúvidas lhe suscitava a secção de andebol do clube, uma situação que José Araújo gostaria, aliás, de ver clarificada.

    Uma última nota de satisfação foi para o facto de, segundo o presidente da Comissão Administrativa, se ter criado nesta um espírito de grupo notável. A sua única pena era o processo judicial que corre por parte desta contra Adelino Monteiro, sócio de António Araújo, a quem o clube acusa de, n’Os Argolinhas, ter defraudado o clube.

    Quisemos saber do actual presidente as possibilidades nas actuais parcerias (com o Sporrting de Braga, por exemplo), e que fizesse um balanço de outras, anteriores).

    PARCERIAS

    «Tivemos antes um acordo com o Boavista, mas foi feito nestes termos: o Boavista trouxe os jogadores, pô-los a rodar, e se achasse que devia levar algum, como aconteceu com o João Pedro, que está agora na I Divisão, o Ermesinde não recebia nada. O Boavista tinha, de facto, poder sobre o Ermesinde. O Boavista levava do Ermesinde, os jogadores a custo zero. Que protocolo é esse!? Nós, agora, assinámos um acordo com o Sporting de Braga, mas nestes moldes: se o Braga nos mandar algum jogador, ele vem a custo zero, o Ermesinde não tem encargos financeiros nenhuns. No final da época, se quiser ir embora, vai. O Ermesinde tem aqui um jogador argentino, trazido pelo empresário Jorge Mendes, a custo zero, que o ano passado só não jogou porque para isso o Ermesinde tinha que pagar cerca de 5 mil contos, e isso era incomportável para nós. Quando o inscrevemos, recebemos uma notificação da Federação a exigir-nos previamente o pagamento a fulano, a cicrano, etc.. Eram processos antigos, de 1995, com uma série de jogadores, que foi possível negociar agora. E estamos a pagar. Só depois estaremos livres para inscrever novos jogadores.

    Com o Sporting de Braga, o nosso protocolo é diferente, o Ermesinde será sempre ressarcido por ficar sem os jogadores que nos vierem aqui buscar, como é o caso do Mendes, ficámos com uma parte do passe».

    PATROCÍNIOS

    E quanto a patrocínios, não é possível encontrar quem queira investir no Ermesinde?

    Chegámos, este ano, a ter apoio de uma empresa que nem sequer quis de nós qualquer contrapartida, só pelo facto de ser de Ermesinde. Como não podia dar muito, isto é, ser um verdadeiro patrocinador – aquilo que quereria – deu-nos um apoio menor, mas em troca de nada. Estamos a falar de uma verba de cerca de mil contos, não é de 200 ou assim. Eu é que tomei a atitude de pôr um placard no estádio, mas eles nem queriam nada.

    Claro que eu gostava de arranjar um patrocinador bom, mas não há ninguém que aposte, hoje, dinheiro no futebol.

    MERCHANDISING

    Há alguma possibilidade, com a dimensão da massa associativa do Ermesinde, de fazer algum dinheiro com produtos de merchandising?

    Bom, o Jorge Mendes prometeu-me que, se não pudesse ajudar financeiramente o Ermesinde doutra forma, era capaz de arranjar camisolas de todos os jogadores que ele representa, desde o Costinha, o Manniche, o Hugo Viana, o Manuel Fernandes, mesmo o Mourinho (um sobretudo), oferecer-nos isso e fazermos um leilão. Mesmo assim eu confio em que ele me possa ajudar mesmo doutras formas. Ele é um empresário sem muito tempo disponível, mas que gosta de tudo muito certo e direitinho. Ele investiu no Académico de Viseu o ano passado e deixou lá rios de dinheiro.

    A NOVA SEDE

    Parece estranho o Ermesinde não ter nenhum projecto para a sede, deixar a situação arrastar-se como está. Não há ideia nenhuma para pôr de pé, logo que possível?

    Nós queríamos fazer uma sede nova. Se a Câmara não nos quisesse ceder os terrenos, ela podia propor aos proprietários uma expropriação e o Ermesinde pagava. Porque se isso for feito no âmbito camarário, a nós será muito mais acessível.

    Eu até sei que há um ou dois proprietários que já falaram que dão os terrenos desde que a Câmara lhes dê contrapartidas, como é óbvio. Por exemplo, o António Araújo cedeu uns terrenos ao Alfenense porque a Câmara não lhe exigiu taxas. Ou então dizer: Estão aqui 40 mil metros, cedo 10 mil ao Ermesinde e fico com os outros compatíveis para construir.

    Nós gostávamos de fazer a sede do Ermesinde, mas não era só a sede, era um complexo, com o novo estádio, mini-hotel (onde pudéssemos acolher com condições mínimas um ou dois jogadores que aqui viessem, por exemplo), um ginásio, um bar com condições. Se assim fosse, nós íamos, depois, contabilizar muito dinheiro. Por exemplo, o Alfenense, o CPN, sobrevivem à custa dos seus pavilhões. Um pavilhão, calculo que deve dar 600 ou 700 contos de lucro líquido por mês... Depois há os patrocínios, há isso tudo...

    A nossa ideia é fazê-la ali, junto do túnel da Costa, depois da rotunda. Do lado direito, com a sede na frente. Também se não fizermos aqui não fazemos em mais lado nenhum.

    Já há uma espécie de plano feito, uma ideia: uma sede com 300 metros quadrados, de três pisos. Nós com o dinheiro da venda do actual campo de futebol fazíamos isto tudo. A Conduril – uma grande empresa aqui da cidade – podia-nos ajudar muito nisso.

    O Ermesinde tem alicerces para se desenvolver, mas tem que ter o apoio da Câmara. E tem que ser agora. Se não for agora, depois, se calhar, nunca mais é possível.

    Para agora, eu pensava ter uma sede, até aqui no centro de Ermesinde. Pensava que algum construtor que fizesse aí duas ou três lojas pudesse ceder uma gratuitamente ao Ermesinde, já que agora não temos capacidade para mais. Nem era preciso que fosse em frente à estação, podia ser mais retirada, porque de momento, na sede actual, não temos condições nenhumas. Precisávamos de um local onde pudéssemos receber outros dirigentes desportivos, a comunicação social.

    Quando recebemos o presidente do Braga, por exemplo, tivemos que atravessar a relva para chegar à sede. Uma sede condigna, era muito importante,como, por exemplo, tem o CPN.

    O CASO DA ANTIGA SEDE

    E o que me diz do processo do fim da sede do Ermesinde no centro da cidade?

    Olhe (risos), não sei nem quero saber. O Ermesinde tinha o primeiro andar todo, todo o terreno para trás e recebe 2 000 contos? E o que foi mais injusto foi o que disse o João Silva: recebi o dinheiro para pagar aos jogadores. Fizeram orçamentos malucos... eu não sei se essas pessoas que estiveram à frente do Ermesinde, como o Araújo, o João Silva, não deviam ter processos em tribunal! Deviam ser responsabilizados. Eu acho que foi uma gestão danosa. Quando vejo facturas de telefone antigas de 700 contos, até me passo!

    Quando me disseram que deram 10 mil contos... o Ermesinde merecia para aí 50 mil contos, no mínimo.

    Não compreendo como é que os outros conseguiram. Foram-lhes oferecidas lojas de borla e o Ermesinde não tem nada...

    Mas temos todas as condições para nos tornarmos um grande clube, temos património. Tem é que haver um avanço da Câmara.

    INSCRIÇÕES CARAS

    Alguns pais queixam-se do muito dinheiro que os miúdos têm que pagar para jogar. Isso é verdade?

    O que os pais de todos os miúdos pagaram foi a inscrição de cada atleta nos escalões de formação e os equipamentos. Mas no final da época levaram os equipamentos embora.

    Claro que as pessoas estão mal habituadas. Por exemplo, no Maia não pagam, mas é porque a Câmara paga tudo. Mas no Folgosa, no Rio Tinto, toda a gente paga. Agora a escola de futebol, essa sim, tem que ser paga, e foi uma das razões porque a criámos. Por exemplo, no Porto pagam vinte contos por mês, se não me engano. Aqui pagam seis contos. Eles jogam no pelado e treinam uma vez. Nós treinamos duas vezes e os miúdos jogam no relvado.

    A escola de futebol é paga, como em todo o lado, é uma academia, mas nos outros escalões ninguém paga nada.

    Nós até reduzimos o preço dos jogos de futebol. E é por isso que há mais gente agora. Mais união. As pessoas começam a acreditar. Alguns sócios que já não pagavam quotas há muitos anos, estão agora a pagá-las.

    E antigamente o dinheiro era mais fácil. O João Silva telefonava ao Manel, ao Pedro, ao Quim e dizia: preciso de tanto, e o dinheiro aparecia logo. Era fácil fazer jantares em que se arranjavam dez mil ou doze mil contos.

    Ora doze mil contos é o orçamento anual do Ermesinde para esta época.

    Quanto à gestão de épocas anteriores, houve um associado que me propôs irmos à PJ e pedirmos que a PJ fizesse a fiscalização das contas do Ermesinde no tempo do António Araújo. Eu não sei se ele tem ou não alguma culpa. Sei que gastou muito dinheiro com o Ermesinde, mas que, por outro lado, também deixou o Ermesinde com muitas dívidas. E essas dívidas são uma loucura!

    QUESTÕES DE JUSTIÇA

    Não seria possível alterar os Estatutos de forma a impedir que não pudesse ser membro dos corpos gerentes do clube uma pessoa que tivesse interesses negociais no passe dos jogadores?

    Os Estatutos estão, de facto, ultrapassados. Devíamos fazer alguma coisa. Mas, pelo menos, eu tenciono apresentar o seguinte: responsabilizar-me pessoalmente por qualquer dívida contraída no meu mandato. E isto por uma razão muito simples, é que sei que não devemos nada a ninguém, além das contas antigas, evidentemente. Era o que outras pessoas deviam ter feito anteriormente. Tivemos agora, por exemplo, uma notificação das Finanças para entregarmos os contratos de vários jogadores, em que antigos dirigentes do Ermesinde eram empresários dos jogadores. É um imbróglio! Passaram rios de dinheiro pelo Ermesinde e ninguém tomou uma atitude. Temos dez só podemos gastar dez. Mas gastou-se mais do que aquilo que se podia.

    Quer um exemplo? Há dois anos o Ermesinde foi à liguilha para não descer, com o Marinhense e o Imortal. O Fernando Almeida jogava nessa equipa. E ganhava quinhentos contos. Agora ganha setenta contos. E é dos que ganha mais!

    Na nossa série, somos os únicos, talvez com o Rebordosa e o Cinfães, a cumprir com os compromissos. Muitos clubes fazem orçamentos exorbitantes, mas depois não pagam aos jogadores.

    Há aqui muita injustiça. Outro caso: chegaram-me a telefonar para dizer: Tenha cuidado que o árbitro está comprado. E eu fui à Polícia Judiciária por causa dessa situação, para denunciar isso. Outra vez, nomearam para arbitrar um jogo nosso, um árbitro (Hugo Pinto) a quem no mesmo dia, ou na véspera, o Ermesinde tinha sido obrigado a pagar seiscentos e tal euros por causa de uns estragos no carro. Isto em consequência de um jogo para a Taça, com o Moncorvo, em que o nosso guarda-redes, o Filipe, defendeu três penaltis, e o árbitro mandou repetir os três. Como é que é possível aquela nomeação? Isto não tem cabimento. Protestei para a Federação e desculparam-se que tinha sido um lapso.

    O CAMPO DOS MONTES DA COSTA

    O campo dos Montes da Costa é um beco sem saída. Tem uns excelentes balneários mas, para além disso, nada. A nível de campo de futebol é uma vergonha. Eu não entendo como é que o corpo técnico da Câmara pretendia implantar ali um campo de futebol com umas medidas tão reduzidas! Não tem jeito nenhum. Somos o único concelho no país que não tem um campo sintético.

    A Câmara não está virada para o futebol.

    Um dia destes fomos treinar ao campo do Folgosa. A Câmara paga-lhes a manutenção do estádio, água luz, transportes, tudo!

    A nossa Câmara só nos cede as instalações dos Montes da Costa porque é obrigada, a bem dizer.

    Até me apetecia dizer que se acabava com o Ermesinde SC, e esses jovens todos que andam aí, cerca de trezentos, faziam o quê, depois? Iam para a droga, os assaltos, etc.?

    É que as escolas de futebol são uma cultura. Nas escolinhas, em primeiro lugar não se joga futebol, o treinador diz ao miúdo: Olha, tens que falar bem para o árbitro, educadamente...

    O campo da Costa não tem condições para se disputar um campeonato nacional de camadas jovens. Tínhamos que jogar no Estádio de Sonhos. Mas se assim fosse, a relva, no Inverno, ia ficar saturada.

    Eu sempre apostei no Ermesinde, mas nas camadas jovens. Se os séniores são a montra, isso não é o fundamental.

    Pode-se fazer alguma coisa nos Montes da Costa para minorar isto?

    Pode. Basta alargar lateralmente quatro ou cinco metros para se ter as condições mínimas para se poder lá disputar um Campeontato Nacional de escalões jovens (júniores, juvenis ou infantis). Se a Câmara quisesse fazer um esforço, isto era viável. Foi-me dito que a Câmara gastou ali trezentos mil contos. Se assim foi, foi uma loucura...

    EXPECTATIVAS

    O nosso sonho era construir um complexo desportivo, em Sonhos, vender o velho estádio, mas isso só quando tivéssemos o outro pronto, e aí saldávamos as dívidas.

    Eu, neste momento, com cem mil contos na mão saldava as dívidas todas. Com trezentos mil contos fazíamos o complexo desportivo – temos aqui uma grande empresa, em Ermesinde, que é a Conduril – que nos ajudaria.

    Até porque nunca vi tanta gente a ver futebol no Ermesinde como actualmente, porque as pessoas sabem que estamos a fazer um trabalho justo, sem sobressaltos, sem andar aí a prometer e depois não pagar. Não, nós se prometemos dez pagamos dez.

    Muitas pessoas me dizem que o Ermesinde já há muito devia tomar este caminho.

    Se vendêssemos o terreno do Ermesinde por setecentos mil contos, pagávamos as dívidas todas e sobravam-nos cerca de quinhentos mil contos. Se a Câmara nos desse os terrenos, com 300 mil contos fazíamos o complexo que precisávamos.

    A nossa ideia é também adquirir duas outras lojas para termos uma fonte de receitas, Para uma situação do género: faltou-nos aqui, mas temos aquele ali. Agora se gastarmos o que temos, não vamos a lado nenhum.

    UM NOVO MODELO DE GESTÃO

    Acha que ficou instituída uma cultura no clube em defesa deste modelo?

    Sem dúvida. Por exemplo, fala-se em que há a possibilidade de aparecer mais do que uma lista para os corpos sociais do Ermesinde, mas as pessoas de quem se fala também defendem este modelo de gestão. Primeiro pagar tudo, depois começar a pensar no futebol. Por exemplo, queríamos ter um plantel melhor, mas não podemos.

    A manter-se esta orientação, daqui a quanto tempo é que poderá dizer-se que o Ermesinde estará financeiramente saneado?

    A não ser a dívida do Abílio de Sá (da bomba de gasolina), o resto das dívidas – a Segurança Social, o IRS, liquidávamos isso com a venda do estádio e ainda ficávamos com saldo positivo. Neste caso, sem isso, as dívidas têm que ser amortizadas, suavemente, mas isso ainda vai durar muitos anos.

    Vinte anos?

    Não, menos.

    Neste momento há perigo de sanções penais sobre o Ermesinde?

    Todos os dias nos caem processos.

    E sanções não apenas pecuniárias, mas desportivas, como ameaça de descida de divisão, etc.?

    Não, embora neste momento estejamos impedidos de inscrever atletas na Federação Portuguesa de Futebol, porque há dívidas de 1995, de 2002 (uma aberração, são dezenas de dívidas!). Ora, nós, sem negociarmos com os credores, sobretudo jogadores, não nos podemos inscrever na 3ª Divisão.

    Vamos ter que fazer uma maratona negocial para nos podermos inscrever.

    A PRÓXIMA ÉPOCA

    E está confiante?

    Os ermesindistas podem estar descansados, nós vamos conseguir resolver essas situações – inscrever a equipa e participar no Campeontao, embora de novo com um orçamento reduzido. Não vamos entrar em loucuras.

    O subsídio que a Cânara nos deu estava penhorado desde Fevereiro e mesmo assim pagamos sempre aos jogadores.

    Em termos de plantel para a próxima época, vai haver contratações?

    Duas a cinco, depende. Nós éramos uma equipa tão fraca, diziam... mas agora andam todos atrás dos nossos jogadores para os levar. Temos jogadores a sair – o Mendes para o Braga, o Quim e o Carlitos..., se pudéssemos aproximar-nos do que lhes oferecem noutros clubes, tenho a certeza que eles ficavam. Porque pagámos sempre certinho. Sempre cumprimos com os nossos jogadores.

    Se tivermos apoio da Gestifoot (600/800 contos), mais o apoio da Câmara, penso que não iríamos fazer pior do que esta época.

    Nós vamos fazer o seguinte protocolo com a Gestifoot (do Jorge Mendes): eles dão-nos x por mês e depois têm opção nos miúdos. Mas o Ermesinde fica sempre salvaguardado com uma cláusula de 5 ou 10 por cento no passe.

    Se o Mendes, que agora tem 17 anos e vai para o Sporting de Braga, daqui a dois ou três anos fosse contratado por um dos grandes, por um milhão ou dois milhões – nunca se sabe – o Ermesinde ficava bem.

    O Jorge Mendes tem jogadores no Benfica, no Porto, no Sporting. Por isso não é fácil dar-nos um patrocínio directo. Mas em princípio estará aberto ao protocolo que referi.

    Antigamente, o Ermesinde, a troco de vinte bolas, dava os jogadores. Nós, se quisermos fazer um bom negócio, não podemos pensar em craques dos séniores, têm que ser estes miúdos vindos da nossa formação.

    E nota-se a diferença nos nossos miúdos, a olhos vistos. Há uma muito maior disciplina, não há arruaças, como dantes se via. Isto deve-se aos formadores.

    Eu até gostava de ter duas equipas de futebol nos escalões superiores. Uma a jogar nos Amadores e outra nos Nacionais. Para ir filtrando os jogadores. Se não fosse possível jogarem logo ao mais alto nível, poderem ter outra alternativa.

    OS ESCALÕES DE FORMAÇÃO

    Qual é o número de atletas de todos os escalões de formação?

    São cinco escalões, com uma média de 25, embora num escalão ou noutro, ainda com mais praticantes. Serão à volta de duzentos miúdos a praticar, federados. Além disso, a escola de futebol tem cerca de 100 miúdos.

    Há miúdos de fora da cidade, na escolinha?

    Sim, há miúdos da Maia, de Valongo... A escola de futebol está a dar, neste momento, cerca de 200 contos de lucro, o que é óptimo. Com esse dinheiro pagamos os salários a todos os treinadores dos escalões de futebol. Se a Câmara nos pagasse a manutenção do estádio (a relva, a luz e a água), ficávamos numa situação ainda mais equilibrada.

    POLÍTICA LOCAL

    Está muito crítico em relação à Câmara.

    A não ser o Eng. José Luís Pinto, ninguém na Câmara nos tem ajudado. Deve ser a Câmara que menos apoia o desporto Se eu pudesse mudar o Ermesinde para a Maia e jogar aqui...

    Já viram o complexo desportivo do Folgosa? Eles lá têm todo o apoio da Câmara. Estou de facto muito crítico em relação à Câmara. E até me andam a chatear para me candidatar a presidente da Junta. Já não é a primeira vez que me desafiam. Eu não quero misturar futebol e política, mas ainda vou pensar nisso. Se me candidatar, vou ajudar o Ermesinde.

    Não tem receio que isso possa fracturar o apoio ao clube?

    Se me candidatar vai ser como independente.

    Mas com o apoio de um partido? Vai precisar de uma sigla.

    Não queria...

    Por: LC

     

     

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