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    Arquivo: Edição de 15-05-2005

    SECÇÃO: Destaque


    PRESENTE NAS COMEMORAÇÕES DO 31º ANIVERSÁRIO DO PSD

    Alberto João Jardim acusa PS de ser a Brigada do Reumático

    O presidente do Governo Regional da Madeira (e um dos mais destacados membros da oposição interna no partido) foi a estrela das comemorações concelhias do 31º aniversário do PSD. Esgrimindo constantemente contra um PSD que não foi capaz de fazer ainda o corte ideológico necessário (hoje ou em anteriores passagens pelo Governo - leia-se Cavaco), Alberto João foi igual a si próprio, apresentando-se não como reserva, mas como activa figura do partido, não descartando a possibilidade de voos mais altos nos momentos decisivos da vida do partido que se avizinham.

    O dia começou bem cedo, com a chegada para um encontro informal e visita prevista ao Fórum Cultural de Ermesinde a ter início ainda antes do anunciado - provavelmente o resultado de um jet lag atlântico. Alberto João Jardim, acompanhado de Fernando Melo e Mário Duarte - o responsável pela visita, teve ainda a acompanhá-lo, nesta parte da manhã, José Luís Pinto (o vereador com o Pelouro da Cultura, que o guiou na visita ao Fórum), e o presidente da Junta de Freguesia Casimiro Gonçalves, além de vários militantes e eleitos do PSD para os órgãos autárquicos.

    O governante madeirense visitou a exposição de Nadir Afonso, ainda patente no Fórum.

    De seguida, e cumprindo o programa estipulado, o destacado militante social-democrata esteve na mesa da sede concelhia do partido, onde tomou parte activa numa cerimónia de atribuição de medalhas a militantes com mais de 30 anos e de acolhimento de novos militantes, que apadrinhou.

    Fotos Manuel Valdrez
    Fotos Manuel Valdrez
    Entre os muitos homenageados contavam-se nomes como o próprio Fernando Melo, Jerónimo Pereira, Carlos Monteiro, Álvaro Mendes, Fernando Reis e outros.

    Um episódio curioso foi o quase esquecimento de Guilherme Roque, que tendo anunciado não poder estar presente devido a um casamento, acabou por vir. Despistado com o aviso de que o actual presidente da Junta de Freguesia de Alfena não poderia comparecer, Mário Duarte por pouco não o deixou de fora das homenagens, pedindo naturalmente as devidas desculpas ao autarca - ainda mais necessárias quanto a situação das candidaturas autárquicas em Alfena está tão quente no PSD!

    Outra situação que deixou surpreendidos muitos dos militantes presentes ocorreu quando o ex-militar da GNR Carlos Poças avançou para preencher a ficha de militante, já que muitos dos presentes o julgavam de há muito, e oficialmente, militante do partido.

    Fernando Melo usou da palavra não só para agradecer a presença de Alberto João Jardim, nesta segunda ocasião em que visitava o concelho em período pré--eleitoral, mas também para relembrar o recente Prémio de Excelência Autárquica, propondo-se mesmo “fazer aqui em ponto pequeno o que Alberto João Jardim fez na Madeira”.

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    Alberto João retribuiu os elogios a Fernando Melo, considerando-o merecedor de muito respeito pela sua marca de concretizador. E lembrou que, quando chegou ao concelho, da vez anterior, antes da primeira eleição de Fernando Melo, tinha encontrado um “concelho empobrecido e o caos urbanístico”.

    Cumprimentou depois Mário Duarte, um militante incansável, que trabalhava com “desprendimento” e, de seguida, fez as primeiras incursões pela política nacional.

    Alberto João advogou então aqui, o papel do PSD como o fundamental para a democracia que temos hoje, pois o PS que tanto é lembrado não fez mais do que se lhe reconhece, em Lisboa, na Fonte Luminosa. No resto do país, foram a Igreja e o PSD que impediram o avanço do comunismo.

    Foi também o PSD que, mais tarde, foi essencial no combate ao “nasserismo”, impedindo a continuação no poder dos militares, que se queriam aí eternizar.

    Fez depois o elogio de Sá Carneiro e de Pinto Balsemão (uma referência muito interessante, que talvez o presidente do Governo Regional da Madeira aparentemente preferisse ao nome neste momento consensuado de Cavaco Silva para uma candidatura à Presidência da República).

    Jardim prosseguiu a sua intervenção condenando o “golpe de Estado Constitucional” de Jorge Sampaio ao dissolver a Assembleia da República, algo que tinha deixado atónitos muitos parlamentares europeus.

    O presidente do Governo madeirense apresentou depois o novo desafio que se punha aos militantes social-democratas - acabar com o “regime corporativo”: “Gastamos um dinheirão para nos andarmos a fiscalizar uns aos outros”, queixou-se também.

    As últimas arremetidas foram para a comunicação social, que Alberto João Jardim considerou, salvo alguns jornalistas mais jovens, comprometida com causas políticas (evidentemente consideradas adversas), pois ele próprio se confessou (enquanto titular do título profissional de jornalista - naturalmente suspenso), em determinada altura, envolvido, com espírito de missão, em objectivos não estritamente jornalísticos.

    ALMOÇO

    DE COMBATE

    IDEOLÓGICO

    A segunda parte da comemoração teve lugar com a realização de um almoço na Quinta do Paraíso, em Valongo. Afogado por uma bateria de jornalistas, sobretudo curiosos em confrontar Jardim (e mais tarde Marco António) com a situação de Valentim Loureiro como eventual candidato independente à Câmara de Gondomar tal como ameaçara, Alberto João não deixou os seus créditos por mãos alheios, usando a sua habitual táctica de guerrilha para ir respondendo e escapando, salientando os méritos do major e deixando claras as suas reservas à actual Direcção do partido, mas sem ostensivamente indicar o apoio a uma candidatura independente.

    Confrontado pel’A Voz de Ermesinde sobre uma possibilidade remota de se constituir em reserva do partido para as eleições presidenciais, Alberto João Jardim declarou-se disponível para tudo o que fosse preciso para o partido, rejeitando - embora em jeito de gracejo - ser mera reserva. Mas, talvez mais importantes do que as respostas que ia oferecendo a quem o confrontava, foi a sua continuada animosidade, expressa embora sem o afrontoso tratamento de “Sr. Silva” com que, por diversas vezes antes brindou Cavaco. Fê-lo, de manhã (na sede concelhia) e no almoço - sem o nomear expressamente -, e fê-lo ainda no final do almoço, em jeito de brincadeira, quando a propósito das suas notadas presenças no Carnaval do Funchal revelava que Cavaco sempre ficava à rasca, e até lhe perguntava a ele, Alberto João, muito receoso, qual seria a fantasia que iria escolher. Jardim brincava, respondendo-lhe mesmo que não sabia (“logo se via... não se preocupe, ele não estava preocupado”).

    No almoço, feitos os cumprimentos a Marco António e repetidos a Mário Duarte, Alberto João reafirmou a visão personalista da política do PSD, criticando algumas teorias de escolas económicas norte-americanas (crítica do liberalismo), defendeu o investimento público contra a imposição de regras do estrangeiro, e criticou ainda o primado da política orçamental antes de tudo (um ajuste com Manuela Ferreira Leite?).

    Face à União Europeia declarou-se como um jogador na roleta. Ele jogava.

    Voltou a relembrar os méritos do partido (e da Igreja), os únicos que sobravam, pois o PS, na luta contra a esquerda, resumia-se à Fonte Luminosa.

    Alberto João citou de novo, elogiosamente, Balsemão: “No Governo Balsemão removemos o poder militar”.

    E pondo a tónica numa das suas mais importantes ideias expostas na visita, considerou o PS a “Brigada do Reumático” do regime. E arrancando aplausos dos militantes: “[Agora] é preciso morrer ao som dos acordes da Grândola Vila Morena, mas eu quero viver ao som dos acordes do Hino Nacional.

    Denunciou depois o poder jurídico. “Quem é que tem o poder em Portugal? Quem são os poderosos? Os magistrados!”, numa reafirmação das ideias sobre a fiscalização do poder político expressas de manhã.

    “As Forças de Segurança andam a brincar aos sindicatos! A Comunicação Social põe e dispõe da vida das pessoas!

    Na Educação, quem não estuda é porque está traumatizado,... em vez de apanhar umas palmadas!”.

    E explicitando melhor ao que vinha, deixou ainda a ideia de “fazer oposição até mudar isto tudo!

    Estivemos duas vezes no Governo, mas não fomos capazes de tocar nos pontos essenciais. [Outra vez Cavaco] Mexeu-se na Economia, mas não na Educação, nas Forças Armadas, na Comunicação Social. Houve falta de coragem na área político--ideológica!”.

    “O PSD não pode apoiar um candidato a presidente para deixar tudo na mesma!...”, diria ainda, de forma bem significativa. Em seguida, cortou-se o bolo, solenemente.

    Por: LC

     

     

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