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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-03-2005

    SECÇÃO: Crónicas


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    São Bento Menni, patrono dos Voluntários

    «Tu, que me tratas ou me acompanhas, que olhar lanças sobre mim?»

    Marie de Hennezel

    O tema continua a ser a expressão facial, a razão porque hoje trago aqui a imagem de S. Bento Menni. Tem esta expressão que fica na memória e vale a pena tê-la assim presente. Encontrei-a em 2001 numa revista editada pelos jesuítas (1) e guardei-a porque me pareceu perfeita para exemplificar uma expressão da face em repouso capaz de condicionar para melhor o envelhecimento da face.

    Não a usei antes em outros escritos sobre o tema, por representar uma figura da Igreja Católica. Assim o entendi na altura. Declarado santo por João Paulo II em 1999, viveu entre 1841 e 1914, e fundou a Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus.

    A ordem tem o mesmo espírito de outra mais antiga, fundada pelo português S. João de Deus a que S. Bento pertencia. Esta ordem hospitaleira de S. Bento Menni, em Portugal desde 1894, foi a resposta à situação de abandono e exclusão social das mulheres com doença mental da época, que os estatutos da Ordem de S. João de Deus não permitiam atender.

    Entendi que ser uma figura ainda pouco conhecida e de uma corrente religiosa específica podia ser um constrangimento à proposta aqui feita. Podia sugerir uma limitação de cariz religioso ou de opção pessoal nesse campo.

    Mas já a imagem se inseria numa crónica cujo título era “Figuras para o Século Futuro”.

    Como a confirmar essa intuição um recente livro do escritor António Lobo Antunes publica os originais do autor escritos no papel dessa ordem.

    Passado tanto tempo e sem recordar o nome do santo nem onde tinha guardado a imagem, confundi-a com a figura mais conhecida de S. João Bosco.

    Vale a pena notar as diferenças na expressão facial da imagem que de ambos é divulgada.

    Poderíamos entrar numa discussão técnica se esta expressão de S. Bento Menni é verdadeiramente de repouso, mas deixemos esse assunto por ora.

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    Não é para tentar adivinhar pela expressão qual o melhor ou mais santo, mas simplesmente encontrar uma expressão facial que valha a pena no dia a dia imitar.

    Uma expressão como esta não forma o sulco nasogeniano, não marca o rosto, mas revela a sua forma. A expressão de S. Bento Menni é sóbria e meiga, suficiente para dar tónus aos músculos da face, mecanismo pelo qual combate o envelhecimento. E a leitura emocional de semelhante expressão? É santo dirão alguns.

    Já o sulco na face de S. João Bosco é um arco perfeito. A expressão parece mais um sorriso que a imagem de S. Bento. Em ambas o lábio inferior está em repouso e são os músculos do terço médio da face que se contraem. A posição é a mesma mas o efeito é distinto. Para quem se interessa pela prevenção do envelhecimento facial propõe-se a expressão de S. Bento Menni como modelo porque ter o sulco nasogeniano como S.Bosco, agora, não me parece que se possa imitar.

    Como se desenvolvem e se mantêm os sulcos na face, bem como a forma que adquirem é um assunto não está bem estabelecido. Mas são muitos e sobejamente conhecidos os factores que influenciam o modo como se processa o envelhecimento da face.

    Podemos falar em ingredientes e estes seriam basicamente os músculos, o humor habitual, a expressão da face em repouso, a forma e a estrutura da cabeça e a elasticidade da pele. Sobre eles a acção do tempo e da gravidade e a repetição dos movimentos faciais. O que desconhecemos é a relação e a importância de cada um dos factores no resultado final.

    Aproximando-me da idade dos quarenta e descontente com a imagem que o espelho me devolvia, resolvi pensar o assunto e mudar. Mudar o quê, mudar como?

    Então acreditei chegar com ginástica facial ao ideal (?), pensava eu, de um sulco simétrico e convexo como na imagem de S. Bosco. Não considerei a hipótese de eliminá-lo com técnicas de preenchimento por achar que tornam o rosto mais largo e inexpressivo.

    Assídua na técnica fui capaz de mudar o curso do mesmo, na porção que fica junto aos lábios. Escrevo isto e faz-me rir. Porque me recordo de todas as expressões cómicas que fiz e porque a estética, como a vida, não é para ser levada demasiado a sério.

    Mas o resultado ficou longe dos arcos como os vejo em S. João Bosco e em outras pessoas. As marcas antigas mantiveram-se para lembrar o esforço e a crença antiga. Cansada da ginástica facial activa acabei por centrar a atenção na expressão da face em repouso como proposta de prevenção do envelhecimento facial.

    E não apenas escrevo mas essencialmente pratico. As leituras e discussões que tive foram-me confirmando a importância da expressão da face e do sorriso em particular.

    Fiquei a saber que era uma preocupação de Santa Teresa de Ávila e de Santa Teresa de Lisieux. Pensei então numa avaliação dos resultados, mas da primeira não temos imagens reais e a segunda morreu muito jovem.

    Não podemos por isso analisar o efeito a longo prazo da atitude de uma e de outra na prevenção involuntária do envelhecimento.

    Recentemente num curso sobre voluntariado na saúde conheci uma pessoa que guardava três escritos não publicados dos êxtases de Alexandrina de Balazar, essa mística beatificada em 2004. E todos eles começavam por um mesmo pedido: “Sorri-me”.

    Como S. Bento Menni foi escolhido em 2003 como patrono dos voluntários nas Filipinas, tudo se conjugou para que o propusesse aqui como modelo.

    E embora se adivinhe pelo rosto que S. João Bosco era mais alegre que S. Bento Menni, e se conheça os benefícios da alegria no estado de saúde, quem a pode forçar?

    Então sorrimos. De forma discreta como os místicos, que é para Deus que sorriem.

    Que a expressão da face ligada a essa atitude previne o envelhecimento é a teoria e a proposta feita usando a expressão e o carisma de S. Bento Menni.

    (1) “Mensageiro do Coração de Jesus”, Maio 2001.

    Por: TERESA CATALÃO

     

     

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