51.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL
Intervenção de Pedro Santos (Chega)
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FOTO HÉLDER TEIXEIRA (JFE) |
Há décadas, o nosso país viveu um dia que marcou indelevelmente a sua história. Foi um momento de viragem, em que militares patriotas, com coragem e determinação, puseram fim a um regime que já não respondia às legítimas aspirações do povo. Foi uma ação necessária, que abriu as portas à esperança, à liberdade e à renovação de um país que ansiava por um futuro melhor.
E mesmo quando alguns quiseram capturar a liberdade e impor um regime autoritário que potenciasse o crescimento do grande império soviético, a ainda jovem e débil consciência democrática conseguiu impor-se, respondendo e mantendo Portugal na senda da democracia política.
Contudo, se olharmos para os caminhos que foram trilhados desde então, não podemos deixar de expressar a nossa profunda preocupação.
É um facto que muito mudou… e para melhor. Cinco décadas volvidas, a qualidade de vida muito se alterou, os mecanismos de segurança social e de saúde de hoje são incomparáveis com os das décadas de 60 ou 70 do século passado, é melhor a qualidade da habitação, é mais cuidado o espaço público e a exigência com o bem comum atingiu níveis nunca antes vistos.
Mas a promessa de um país mais justo e próspero foi, demasiadas vezes, traída por aqueles que, sob a bandeira da democracia, impuseram modelos ideológicos que não respeitaram a identidade nacional, os valores fundamentais da nossa sociedade e o equilíbrio entre os direitos e deveres dos cidadãos.
Deste modo, aquilo que poderia ter sido um renascimento nacional transformou-se, com o tempo, num lento e penoso caminho para a decadência ética e moral, conduzida por aqueles que tomaram as rédeas do poder sem qualquer respeito pela nossa identidade, tradição e verdadeira soberania.
Assistimos à desvalorização da autoridade, à corrosão da família como pilar central da nação e à erosão de uma cultura de mérito e responsabilidade.
A utilização dos recursos públicos para fim pessoais tornou-se uma prática endémica.
A justiça premeia aqueles que possuem meios financeiros suficientes para a adiar permanentemente até à prescrição.
A informação livre e isenta, condição essencial à democracia, foi capturada pelas elites dominantes e colocada ao serviço dos interesses instalados, mostrando-se sempre pronta a atacar e insultar quem ousar ser livre no seu pensamento.
A nossa economia, em vez de florescer sob os ventos da liberdade, foi capturada por políticas irresponsáveis que premeiam a preguiça e castigam o mérito, que favorecem a dependência em vez da iniciativa, o despesismo em vez da sustentabilidade, e a submissão a interesses externos em vez da defesa dos interesses soberanos do nosso povo.
E como se não bastasse esta sabotagem interna, o país, tal como toda a Europa, enfrenta ainda duas ameaças maiores:
A primeira ameaça é o ressurgimento dos ideais imperialistas soviéticos que já começam a pôr em causa as fronteiras de países europeus, como é o caso da Ucrânia, e que parecem querer reavivar os velhos pesadelos que levaram, na primeira metade do século XX, ao genocídio de vários povos e dezenas de milhões de pessoas.
A segunda ameaça é a substituição populacional promovida deliberadamente pelas agendas globalistas. A entrada massiva e descontrolada de populações alheias à nossa cultura, sem qualquer esforço de integração, ameaça destruir o que resta da nossa identidade. Somos governados por aqueles que, em nome de uma falsa solidariedade, abriram as portas do nosso continente para povos que não partilham dos nossos valores e que, ao invés de respeitarem e se adaptarem às nossas tradições, exigem que sejamos nós a nos submeter aos seus costumes e imposições. Este não é um acaso, não é um erro: é um plano cuidadosamente orquestrado para fragilizar as nações europeias, apagar a sua história, diluir as suas raízes e transformar povos milenares em massas amorfas, facilmente manipuláveis e controláveis.
Estas realidades deverão servir de alerta e incentivo para reafirmarmos os valores que dão força à nossa pátria: a soberania, o respeito pela tradição, a responsabilidade individual e coletiva, e a necessidade de um Estado forte, mas não sufocante, que proteja sem escravizar, que incentive sem substituir, que inspire sem impor.
Celebramos, sim, a coragem daqueles que, nesse dia marcante, decidiram mudar o rumo da nação. Mas lamentamos profundamente que os frutos desse gesto tenham sido distorcidos por décadas de escolhas erradas, que nos afastaram da verdadeira grandeza que poderíamos ter alcançado.
É tempo de recuperar o orgulho de sermos quem somos, sem complexos nem amarras ideológicas que nos desviem daquilo que verdadeiramente interessa: um país livre, próspero e digno.
Viva Portugal!
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