CORREIO DO LEITOR
Um problema de sobrevivência e salubridade causado por corte de água por cuja razão sou alheia
Eu, Áurea Andreia Rodrigues Pereira, de 45 anos, reformada por invalidez e mãe monoparental, venho expor a minha situação, que já é insuportável, e que se prende com um “furto” de água que afeta a minha residência, localizada numa rua em Ermesinde.
Em setembro passado, fui surpreendida com três cartas de uma só vez, da empresa Be Water, com valores exorbitantes de dívida. Não entendi nada do que se passava, pois em agosto e nos meses anteriormente pagava 22 euros, (o valor do meu consumo de água normal). Contactei a BeWater para esclarecer o que se passava e após vistoria da empresa realizada em outubro foram detetadas ligações abusivas à rede de fornecimento de água na minha morada. Posteriormente, procedi à apresentação junto do Ministério Público da respetiva participação criminal (contra desconhecidos), pois sou completa e totalmente alheia à situação. Também informei o proprietário do imóvel deste facto. Por outro lado, desconheço o motivo pelo qual os serviços da BeWater, após a vistoria efetuada ao local onde se encontra o contador, não terem procedido à correção da situação. Desconheço também qual o motivo que levou a que o contador tivesse sido instalado naquele local, uma vez que o mesmo não está em local apropriado ou adequado para que situações como a presente não tenham lugar (furto de água). É público e notório que não sou responsável pelo “furto” de água e pelo “dano” causado nas infraestruturas, mas mesmo assim vejo-me sem água na minha casa após ma terem cortado. Lamentavelmente, não possuo meios ou forma de regularizar a situação nem tão pouco o posso fazer dado que habito em casa arrendada.
Vi-me e vejo-me na mais surreal situação, a de acartar garrafões de água e lavar roupa à mão, ou quando posso lavar nas máquinas. O meu agregado familiar é composto por duas pessoas, sendo uma delas menor de idade, vivendo com muitas dificuldades económicas, pelo que a falta de acesso a água potável constitui um problema de sobrevivência e salubridade absolutamente insuperável para ambas e em particular para a minha filha, que ainda é uma criança. Pedi ajuda na Junta de Freguesia de Ermesinde e na Câmara Municipal de Valongo e ninguém me atendeu. Em dezembro passado, no dia 29, soube da reunião de Assembleia de Freguesia e fui pessoalmente expor a minha situação. Conseguimos, apenas, apoio psicológico para a minha filha. Inicialmente, ia diariamente a pé, com um pequeno carrinho de compras, acartar à Avenida João de Deus quatro garrafões de água, fazendo quatro viagens por dia. Também ao fim de semana ia com a criança acartar garrafões de água e fazendo o mesmo trajeto. Toda esta situação originou revolta, exaustão emocional e física em ambas. Tive que comprar bidões, garrafões de água e bacias, quer para tomar banho, quer para lavar a louça e a roupa.
Até à presente data, ninguém nos consegue ajudar e a Câmara Municipal nem sequer me responde aos emails de solicitação de reunião de carácter urgente.
Dizem, não ter casas de “habitações sociais”, nem como ajudar nestas situações.
No dia 11 de fevereiro fez cinco meses que ando a acartar garrafões, indo agora semanalmente a Valongo de boleia para que, não falte água em casa e higiene.
Todos os partidos políticos me ouviram, mas não há solução para resolver a situação.
O senhorio não faz a obra que a empresa Be Water exige, com risco de novo furto e de represálias. Eu sofro muitas ameaças e represálias por parte dessa família (vizinhos).
Dados todos estes factos, se o senhorio não faz a obra, eu não a posso fazer, pois não tenho saúde física nem financeira para alugar outra habitação (num valor acessível), e se a Junta de Freguesia, a Câmara Municipal, etc., ninguém nos pode ajudar, a quem deverei eu pedir ajuda? A outro concelho? Ao pároco? Já revirei tudo, e infelizmente, não tenho solução para habitação. Tive informação, por habitantes, do edifício de que existem habitações livres relativamente perto de Santa Rita. Porém, não tendo eu RSI, não devo preencher os requisitos. Não se trata de ter direito a uma habitação social ou não, trata-se de resolver uma situação gravíssima, de insalubridade, perigo iminente e que infelizmente tanta gente a conhece e não há solução.
Áurea Pereira
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