A importância da atmosfera (parte 2)
Será possível encontrar no vasto universo um planeta como a Terra? A Terra por tudo o que conhecemos é um planeta muito especial. Mas será assim tão especial ao ponto de não existir nenhum outro semelhante? Terá sido a Terra sempre assim?
«Um raro trânsito solar de Vénus ajuda a desvendar as atmosferas de exoplanetas (...)
Para observar Vénus como um exoplaneta, a equipa analisou um conjunto muito raro de dados, recolhidos a 5 e 6 de junho de 2012, o último momento neste século em que Vénus atravessou o disco do nosso Sol – da mesma forma que as atmosferas dos exoplanetas são sondadas quando passam em frente da sua estrela do nosso ponto de vista na Terra. Imprimem a sua presença na luz da estrela quando esta os passa a caminho da Terra. Entre as marcas estão sinais deixados por moléculas na atmosfera e que dizem aos astrofísicos de que esta é feita.
Isto é tanto mais difícil quanto mais pequeno for o planeta, mas está prevista a entrada em funcionamento de novos instrumentos astronómicos na década de 2030, e exoplanetas do tamanho da Terra e de Vénus estarão ao alcance deles. Assim, as técnicas que já estão a ser usadas com sucesso em exoplanetas gigantes e quentes têm de ser testadas e calibradas para estes casos mais difíceis, onde os sinais relevantes serão provavelmente demasiado pequenos e estarão escondidos no ruído.
Ao aplicarem estas técnicas a dados do trânsito de Vénus diante do Sol, os investigadores validaram a sua futura utilização em instalações poderosas como o Extremely Large Telescope (ELT) do ESO e a missão espacial Ariel da Agência Espacial Europeia (ESA), projectos em que Portugal e o IA estão envolvidos. No entanto, para discriminar entre mundos como a Terra e outros como Vénus, é preciso fazer mais. Visto de longe, Vénus pode ser confundido com um planeta semelhante ao nosso.
Devido à sua concentração de dióxido de carbono, a atmosfera de Vénus está sujeita a um efeito de estufa extremo que derrete chumbo na superfície do planeta, e a pressão atinge a do interior de garrafas de mergulho. Na verdade, é provável que uma atmosfera semelhante à de Vénus seja a primeira a ser caracterizada num exoplaneta da “dimensão da Terra”.
“As altas temperaturas intrínsecas aos planetas rochosos com uma atmosfera rica em dióxido de carbono, e, portanto, sujeita a um intenso efeito de estufa, conduzem a um ambiente quimicamente ativo, com muitas transições químicas. Isto torna este tipo de atmosfera fácil de detetar”, diz Pedro Machado, do IA e Ciências ULisboa, o segundo autor deste estudo.
O coautor Olivier Demangeon, do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), acrescenta: “A atmosfera de Vénus é cerca de 90 vezes mais densa do que a da Terra e é também significativamente mais quente. De tal forma que, apesar de ser mais densa, a atmosfera de Vénus é maior. Maior e mais densa implicam uma forte assinatura nas nossas observações. Detectámos algumas assinaturas ténues de dióxido de carbono nos dados de Vénus que não são esperadas em atmosferas semelhantes à da Terra. No entanto, ainda não é a forma mais eficiente de diferenciar os dois planetas.”
Em 2012, Pedro Machado e a sua equipa participaram nas observações coordenadas de Vénus para a campanha internacional quando o planeta atravessou o disco solar em junho. Também analisaram dados espectroscópicos recolhidos no Telescópio Solar Dunn (National Solar Observatory, Novo México, EUA), utilizando o Facility Infrared Spectropolarimeter (FIRS). Os dados referem-se à luz do Sol refratada pela atmosfera superior de Vénus durante os momentos em que o rebordo do planeta tocou e, no final, libertou o disco solar.
“Adaptámos a um corpo do Sistema Solar as técnicas sofisticadas usadas para estudar a atmosfera de mundos incrivelmente mais distantes”, diz Pedro Machado,” e provámos que também podem ser usadas para detectar componentes químicos minoritários nas atmosferas do nosso Sistema Solar. Estamos a
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Por:
Luís Dias
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