O granito do Porto
O granito é uma das rochas mais marcantes e utilizadas na construção em Portugal, especialmente na cidade do Porto, onde a sua presença molda o traçado urbano e confere uma identidade única ao espaço. Esta rocha, resistente e durável, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento arquitetónico da cidade ao longo dos séculos, sendo também um testemunho da relação íntima entre os recursos naturais e a história da construção em Portugal.
O granito é uma rocha ígnea plutónica, o que significa que se formou a partir do lento arrefecimento e solidificação do magma no interior da crosta terrestre. Esta formação lenta confere ao granito uma estrutura cristalina grosseira, com cristais visíveis a olho nu. Os principais minerais que compõem o granito são o quartzo, os feldspatos e as micas, que dão à rocha a sua aparência típica salpicada de diferentes tonalidades.
A variação de cor no granito depende da quantidade e tipo de minerais presentes, podendo ir do cinzento claro ao rosa, passando por tons avermelhados e amarelados. No caso do granito da região do Porto, o cinzento é a cor predominante, conferindo às construções uma solidez e uma uniformidade visual característica.
Uma das principais características do granito é a sua extrema dureza e resistência, o que o torna ideal para a construção, tanto em interiores como exteriores. Além disso, é uma rocha durável, resistente à erosão e intempéries, o que explica a sua utilização extensiva em pavimentos, monumentos, e edifícios que se mantêm intactos ao longo de séculos.
A cidade do Porto é, por excelência, um exemplo da utilização massiva do granito na arquitetura. Desde tempos remotos, o granito foi extraído das pedreiras nas proximidades da cidade e aplicado na construção de muitos dos seus edifícios mais emblemáticos, incluindo igrejas, palácios, monumentos e até nas ruas e calçadas.
A abundância de granito na região norte de Portugal, particularmente na zona envolvente ao Porto, facilitou a sua utilização como principal material de construção. Durante o período medieval e renascentista, esta rocha foi amplamente utilizada na construção de fortalezas, igrejas e edifícios públicos. O granito, devido à sua robustez, era visto como um material ideal para garantir a longevidade das estruturas e proporcionar proteção contra os ataques e as intempéries.
Exemplos notáveis da utilização do granito na cidade incluem a Sé do Porto, um dos monumentos mais antigos da cidade, cuja estrutura maciça e imponente é feita em grande parte de granito. A própria Muralha Fernandina, que outrora circundava a cidade, foi edificada com esta rocha, sublinhando a importância do granito na defesa do Porto durante séculos de história.
À medida que a cidade crescia e se modernizava, o granito continuou a ser um dos materiais de eleição, tanto pela sua resistência como pela sua estética. No século XIX, com a expansão urbana e a construção de novos edifícios e monumentos, o granito cimentou ainda mais o seu lugar no panorama arquitetónico da cidade.
As calçadas e escadarias de granito que serpenteiam pelas colinas do Porto, bem como as fachadas de muitos edifícios da baixa portuense, são prova de que esta rocha não só resistiu ao tempo, como continua a ser uma marca identitária da cidade. A sua utilização nas zonas ribeirinhas, como a Ribeira, é particularmente significativa, uma vez que o granito resiste bem à proximidade com o rio e à humidade, mantendo a sua integridade estrutural ao longo dos anos.
Agora, como Pedra Património Mundial da UNESCO, foi dado o destaque que o granito do Porto, finalmente, merece.
“Granito do Porto é Pedra Património Mundial da UNESCO
O Granito do Porto, presente em edifícios históricos da cidade invicta como a Reitoria da Universidade do Porto, o Hospital de Santo António e a Sé do Porto, foi reconhecido como Pedra Património Mundial, num processo gerido pela Subcomissão da Pedra Patrimonial, da União Internacional das Ciências Geológicas, IUGS, (International Union of Geological Sciences) e apadrinhado pela UNESCO.
O anúncio oficial decorreu recentemente no Congresso Geológico Internacional, organizado pela IUGS e no qual a UNESCO atribuiu ao Granito do Porto um diploma que assim o certifica.
A trabalhar nesta candidatura desde 2013, Maria Ângela Almeida, geóloga e professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), foi a responsável por este feito. O facto de não existirem pedreiras ativas com granito na cidade do Porto, um dos requisitos solicitados, dificultou esta missão, mas a professora não desistiu. Com um artigo publicado em 2015, juntamente com o investigador e professor Arlindo Begonha da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, sobre a importância histórica e cultural do Granito do Porto, voltou a tentar, em 2023, com uma candidatura mais detalhada e conseguiu que esta pedra integrasse a lista das 55 primeiras pedras mundiais consideradas Património da UNESCO.
A designação de “Pedra Património da UNESCO” pretende realçar o conhecimento geológico, uso e conservação da pedra natural com importância histórica em todo o mundo. Consiste no reconhecimento internacional de pedras naturais cuja aplicação contribui para a compreensão da evolução de diferentes civilizações ao longo da História, em particular através da identificação da pedra local aplicada no património construído, explorada em pedreiras históricas.
Maria Ângela Almeida, geóloga e professora da FCUP, realizou a candidatura que levou ao reconhecimento do Granito do Porto como Pedra Património Mundial. (Foto: SIC.FCUP)
Como tudo começou:
Foi Fernando Noronha, professor da FCUP e reconhecido geólogo do Porto, quem desafiou Maria Ângela Almeida a trabalhar com esta pedra natural. “Entrou no meu gabinete com uma caixa de amostras de granito e perguntou-me se estava interessada em estudar o granito do Porto”, recorda a professora do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da FCUP.
A resposta foi positiva e daí resultou um
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