50 ANOS DO 25 DE ABRIL
O 25 de Abril Presente
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PORMENOR DA CAPA DO DIÁRIO DE LISBOA DE 7 DE ABRIL DE 1973 |
Por todo o país durante meses realizaram-se, e continuam a realizar-se, comemorações do 25 de Abril – 50 anos do 25 de Abril. O 25 de Abril é tão grande que é sempre um bom tema para refletir sobre múltiplas vertentes de carácter político, social e económico. Muitos aspetos percursores do 25 de Abril (Congresso da Oposição em Aveiro 1973, congresso dos ex-combatentes – 1973, lutas estudantis, ala liberal, etc.) são tão importantes pela sua originalidade e ensinamentos que encerram, que ainda hoje devem merecer a nossa melhor atenção.
A importância de comemorar o 25 de Abril reside, entre muitas razões, em homenagear todos aqueles, que de algum modo, ao longo de dezenas de anos, contribuíram para tão excecional acontecimento.
Durante os 48 anos de ditadura, milhares de portugueses lutaram laboriosamente, com esperança, contra a ditadura, pela democracia e por melhores condições de vida. Neste contexto pode destacar-se o 3.º Congresso da Oposição Democrática em Aveiro, realizado entre 4 e 8 de abril de 1973. Foi um congresso realizado sob forte repressão do regime da ditadura: a sua realização só foi possível pela coragem e dedicação de milhares de intervenientes. Foi um acontecimento da mais alta importância pois reuniu milhares de pessoas vindas das mais variadas procedências do país que aprofundaram o debate sobre os ideais da democracia, das liberdades bem como o debate sobre a guerra colonial. As conclusões finais foram claras sobre a necessidade de se realizarem negociações com os movimentos de libertação de Angola, Guiné e Moçambique para pôr fim à guerra colonial iniciada em 1961. O regime ditatorial que governava o país sempre se recusou realizar negociações com esses movimentos provocando a necessidade de se encontrarem outros caminhos, mais difíceis, para se encontrar uma solução para a paz.
Este congresso foi um dos momentos mais importante da unidade antifascista (Comunistas, Socialistas, Católicos progressistas, Personalidades, etc.) ao tomar uma firme posição contra a guerra colonial.
As conclusões do Congresso referem: “É urgente o desenvolvimento de uma ampla campanha nacional exigindo o fim da guerra e a abertura imediata de negociações com os movimentos de libertação das colónias na base do reconhecimento do direito dos povos das colónias à autodeterminação e à independência.”
A negociação é o instrumento indispensável para evitar as guerras. Como assim não foi entendido pelo regime (salazarista/caetanista) herdámos as diversas tragédias que acompanham todas as guerras. Herdámos situações complexas e dolorosas que motivaram a vinda de mais de 600.000 pessoas de Angola, Guiné e Moçambique como consequência imediata dos diversos conflitos ocorridos em 1974/75.
O regime salazarista não deu a devida atenção aos processos de descolonização de países como a França (Indochina, África, Argélia), a Bélgica (Congo), a Holanda (Indonésia) e o Reino Unido (Zâmbia, Quénia, etc.) para tirar ensinamentos com aqueles acontecimentos políticos/sociais. Apesar dos estudos feitos nas academias militares sobre as guerras da Indochina, Vietnam, a guerra na Argélia, etc., o regime salazarista ignorou as experiências alheias. Todos estes países iniciaram os processos de descolonização após a II guerra mundial como resultado das lutas desencadeadas pelos povos colonizados. O regime salazarista deveria ter dado atenção a estes acontecimentos especialmente à guerra da Argélia pois nela além da derrota da França ocorreu a fuga trágica de 600.000 a 800.000 pessoas da Argélia para França (especialmente a partir de 1962). Esta derrota militar e a fuga em massa das populações deveria ter provocado o alarme no seio do governo da ditadura, mas preferiram ignorar. Além de ser uma questão política mal resolvida, o governo da ditadura tratou este assunto com total incompetência.
O congresso de Aveiro teve ainda o mérito de promover estudos e debates sobre a sociedade portuguesa tendo as suas conclusões servido de apoio à redação e conceção do PROGRAMA do MOVIMENTO das FORÇAS ARMADAS. Programa que serviu de cimento fundamental para congregar os militares revoltosos durante a preparação e concretização do movimento militar que derrubou a ditadura em 25 de Abril de 1974.
Acresce ainda o facto de no congresso terem estado presentes clandestinamente 12 oficiais militares do quadro permanente – QP - das forças armadas que depois vieram a participar no derrube da ditadura em 25 Abril de 1974.
O congresso realizou-se num momento em que ainda não se vislumbrava que
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Manuel Cunha*
*Professor da Escola Secundária de Ermesinde
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