NOTÍCIAS DO CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE
Utentes do Lar de S. Lourenço concluem processo de certificação de competências
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Fotos MANUEL VALDREZ |
Três utentes do Lar de S. Lourenço, nomeadamente Arlindo Rijo, Maria Leonor Pascoal, e Maria Ise Moreira, concluíram o seu processo de certificação de competências ao nível do 6.º ano de escolaridade. Este é um facto que resulta de um trabalho inovador que foi desenvolvido em conjunto por valências afetas ao Centro Social de Ermesinde, neste caso, o Centro de Formação e o Lar de S. Lourenço, e que teve a sua conclusão formal, digamos, na sessão de júri de certificação que decorreu no salão nobre da instituição, na manhã de 20 de junho passado.
Presentes nesta cerimónia, além dos três formandos certificados, claro está, estiveram familiares destes; membros da direção do CSE, com realce para o seu presidente, Henrique Queirós Rodrigues; técnicos e responsáveis de valências da instituição, assim como o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, Miguel de Oliveira. Ainda antes da entrega dos certificados/diplomas aos três utentes, as duas técnicas que acompanharam e conduziram todo este processo de certificação, Ana Margarida Rentes e Catarina Sousa, fizeram uma pequena introdução para explicar um processo que durou cerca de 14 meses e que foi iniciado com um grupo de quatro utentes do lar. Infelizmente, há cerca de um mês, um dos utentes, no caso a D. Isilda, viria a falecer, e embora tivesse feito o caminho deste processo formativo não concluiu este reconhecimento de competências nesta sessão de júri de certificação, que para quem não sabe do que se trata podemos dizer que é o equivalente à apresentação final de uma tese académica. Mas voltando ao enquadramento explicativo dado pelas duas citadas educadoras sociais do CSE, foi possível perceber que para ambas este foi um processo novo e gratificante, tendo em conta que foi um trabalho que foge um pouco ao que estas técnicas fazem diariamente no Centro de Formação, em que o seu trabalho é mais focado para a comunidade local, em que vão desenhando aquilo que julgam que poderá ter mais sucesso para as pessoas. Desta feita, entenderam olhar para o interior da sua casa, isto é, o CSE, e «ousar fazer coisas diferentes também para os nossos», sublinharam.
Relatando posteriormente todo o trabalho prévio realizado no âmbito do processo de certificação deste grupo de utentes do lar, as técnicas sublinharam que houve um trabalho em equipa dentro da própria casa, ou seja, uma cooperação entre valências, trabalho esse que foi fundamental para que chegássemos a esta sessão de júri de certificação. Estes três utentes obtiveram, como já vimos, a certificação ao nível do 6.º ano de escolaridade, sendo que no âmbito deste processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências a base passou pela criação de um portefólio, pela escrita da história de vida de cada um. Mas, e segundo foi explicado pelas duas técnicas do Centro, essa história de vida teve de ir ao encontro das áreas de competência chave que este tipo de processos exige. Ou seja, enquanto que na escola existem as disciplinas durante um processo formativo, neste caso específico existem as competência chave. Portanto, para concluir a certificação, estes três adultos seniores tiveram de validar quatro áreas de competência: Cultura, Língua e Comunicação (e dentro desta área tiveram de validar competência numa língua estrangeira, no caso o francês); Matemática, Ciência e Tecnologia; Cidadania; e Competências Digitais.
Após esta nota explicativa foi exibido um vídeo em que foi resumida a história de vida de cada um dos utentes/formandos e que foi ao encontro das referidas quatro áreas de competências chaves que envolveram este processo formativo.
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Após a entrega dos diplomas/certificados algumas das figuras presentes usaram da palavra não só para parabenizar os três formandos, como de igual forma enaltecer este projeto. Anabela Sousa, diretora técnica do Lar de S. Lourenço, endereçou ainda uma palavra de agradecimento não apenas aos formandos, mas de igual modo aos formadores, técnicos e direção do CSE por todo o trabalho desenvolvido, enquanto que Joaquina Patrício, o membro da direção do Centro que tutela o pelouro do lar, começou por referir-se a este como um enorme desafio, frisando que os utentes em questão tinham sido muito corajosos ao aceitar um repto que não fazia parte dos respetivos projetos nesta etapa das suas vidas. Agradeceu ainda a todos os formadores envolvidos, sendo que mais adiante na sua intervenção diria que esta não foi uma tarefa simples, pois exigiu o envolvimento de muitos colaboradores da instituição, que serviram de suporte a toda a dinâmica. «Obrigado por estarem sempre na linha da frente para aceitarem todos os desafios», concluiu a diretora. Também o presidente da direção do CSE usaria da palavra, para, entre outros aspetos, lembrar que esta instituição tem definido como objetivo melhorar a vida das pessoas, da comunidade ermesindense, mas que isso era um pouco abstrato, atendendo que o importante é melhorar a vida de pessoas concretas, nomeadamente aquelas que estão ao nosso lado, que nos são próximas, que residem e que se encontram connosco todos os dias, como seria o caso destes três utentes. «Pelo que percebemos deste processo de certificação, temos pelo menos aqui três utentes do lar que achavam que melhoravam a sua própria vida entrando neste processo de aprendizagem. Porque a aprendizagem faz-se sempre, nós começamos a aprender mal nascemos e essa aprendizagem faz-se ao longo da vida. E é importante que as pessoas tenham noção que é bom haver o reconhecimento do nosso esforço em aprendermos mais alguma coisa que torne a nossa vida melhor e mais fácil», disse Henrique Queirós Rodrigues, que saudou ainda a ideia de juntar vários serviços do CSE em torno do mesmo objetivo, como aconteceu neste processo. «Que esta semente fique», disse o dirigente, parabenizando toda a equipa que esteve envolvida no processo de certificação, mas também para expressar a vontade de que as valências da instituição entendam que fazem parte do mesmo universo e que o objetivo traçado para o CSE é o mesmo para todas elas. A sessão não terminou sem antes a sobrinha da D. Isilda, a utente falecida e que não concluiu este processo de certificação, referir que se naquele momento a sua tia ali estivesse fisicamente estaria extremamente feliz por tudo aquilo que vivenciou no Lar de S. Lourenço. «Sei que aqui encontrou a sua segunda família, a segunda casa, e por isso agradeço eternamente em nome da minha tia tudo o que fizeram. Tenho a plena certeza que os últimos anos vividos por ela aqui foram de intensa felicidade».
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