UMA QUESTÃO DE SAÚDE
O que sabe sobre novas vacinas disponíveis em Portugal?
Nos media, nas redes sociais, entre família e amigos, ou na consulta com o seu médico, o mais provável é que já tenha ouvido falar sobre novas vacinas para adultos disponíveis em Portugal e que não estão incluídas no Programa Nacional de Vacinação (PNV).
Na verdade, o PNV para adultos (ao contrário do que acontece em idade pediátrica) é bastante limitado, havendo, hoje, informação científica baseada na evidência que aponta para o benefício de serem administradas mais vacinas, tentando atingir a maior proteção possível em diversos contextos.
Num artigo prévio, falámos aqui sobre vacinas pneumocócicas, mais comummente conhecidas como “vacinas contra a pneumonia”, apesar da sua proteção ser contra diferentes tipo de infeções causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae. Na altura tinham surgido novas vacinas com esta finalidade mas ainda não havia recomendações claras sobre as mesmas, nem mesmo comparticipação. Recentemente, a vacina Apexxnar® (vacina pneumocócica polissacárida conjugada 20-valente) passou a designar-se Prevenar 20®, é comparticipada e está recomendada como “opção preferencial para todos os adultos com idade ≥ 65 anos e toda a população com ≥ 18 anos com risco acrescido de contrair doença invasiva, imunocomprometidos, ou com risco acrescido de meningite bacteriana”, segundo o Grupo de Doenças Respiratórias de Medicina Geral e Familiar.(1)
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Uma das vacinas que tem sido mais abordada é a vacina contra o herpes-zóster (HZ), também conhecido por “zona”. Trata-se de uma infeção causada pela reativação do vírus varicela-zóster, caracterizada por aparecimento de lesões cutâneas muito dolorosas em determinada área e que pode ter complicações graves como dor persistente após a infeção (nevralgia pós-herpética) ou sequelas no local afetado, como os olhos, por exemplo. Qualquer pessoa que já tenha desenvolvido varicela no passado pode ter esta infeção, havendo fatores de risco acrescido como a idade avançada ou o sistema imunitário debilitado por imunossupressão ou doenças crónicas (diabetes mellitus, asma, doença renal crónica, doença cardiovascular, doença pulmonar obstrutiva crónica, entre outras). Assim, segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, “recomenda-se a vacinação contra o HZ em todos os adultos com idade ≥ 50 anos, assim como em adultos com idade entre 18 e 49 anos com risco elevado de zona”.(2) Em Portugal, existem dois tipos de vacina, estando recomendada, preferencialmente, a vacina recombinante (Shingrix®), pela sua eficácia e segurança. Esta não é, até ao momento, comparticipada, e o seu esquema inclui 2 doses, administradas com 2 a 6 meses de intervalo, não estando previstas outras doses de reforço posteriores.
Mais recentes e, provavelmente, menos conhecidas, são as vacinas contra a infeção por Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Quem contacta com crianças poderá já ter ouvido este nome mas, no geral, é menos conhecido do que outros vírus que causam infeções respiratórias. No entanto, este vírus é a causa mais comum de doença das vias respiratórias inferiores até aos 12 meses de idade, levando a doença grave com necessidade de internamento em muitos casos. Idosos e pessoas com o sistema imunitário comprometido podem, também ser afetados por este vírus. Em Portugal, estão agora
1https://apmgf.pt/wp-content/uploads/2022/10/Folheto-GRESP-vacinacao_completa_versao_Final.pdf
2https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1886/1788
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*Telma Lopes - Médica Especialista de Medicina Geral e Familiar, UCSP Matosinhos - Unidade Local de Saúde de Matosinhos
*Catarina Rebelo - Médica Especialista de Medicina Geral e Familiar, UCSP Darque - Unidade Local de Saúde do Alto Minho
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