Críticas e Propostas à Câmara de Valongo no âmbito da Assembleia Municipal de Jovens
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Fotos CMV |
Cumprindo a tradição, no passado dia 3 de maio, no Auditório Dr. António Macedo (Centro Cultural Vallis Longus), em Valongo, realizou-se mais uma sessão da Assembleia Municipal de Jovens (AMJ).
Sob o lema “É a vez da tua voz”, dezenas de jovens deputados mostraram ao poder político local as suas preocupações e sugestões para um concelho melhor. Participaram, como estava previsto, alunos de todas as freguesias do município, especificamente, o Agrupamento de Escolas de Valongo, o Agrupamento de Escolas de Ermesinde, o CENFIM de Ermesinde, o Agrupamento de Escolas Vallis Longus, o Agrupamento de Escolas de Alfena e o Agrupamento de Escolas de Campo
Depois das palavras iniciais do presidente da Assembleia Municipal de Valongo, Abílio Vilas Boas, que deu as boas vindas a todos e explicou como ia decorrer a Assembleia, tomaram lugar na Mesa que dirigiu a sessão, os jovens previamente eleitos pelos seus pares: Eduardo Alves, como presidente; Mariana Rodrigues, como 1.ª secretária; e Beatriz Rocha, como 2.ª secretária.
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ALUNOS DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE ERMESINDE |
Desta vez, a reunião da AMJ contou também com a participação de alunos repórteres. Assistiram, para além do presidente da Câmara e de alguns vereadores do executivo municipal, os professores que coordenam estas equipas em cada estabelecimento de ensino, alguns encarregados de educação, deputados de todas as formações partidárias ou independentes representadas na Assembleia Municipal e alguns presidentes de Juntas de Freguesia.
A primeira equipa a ser chamada veio do Agrupamento de Escolas de Valongo e à sua intervenção chamou “Reinventar Valongo: Rumo a uma cidade mais dinâmica”. Esta equipa pediu uma cidade mais empreendedora, onde a população jovem se sinta bem. Propôs melhorias nos jardins, mais limpeza e atrações no Parque Radical, mais limpeza no Apeadeiro de Susão e, dentro do primeiro ponto apresentado, sugeriu, para o verão, a existência de sessões de cinema ao ar livre, nos espaços verdes da cidade.
Seguiu-se o Agrupamento de Escolas de Ermesinde que tratou do assunto “Semestralidade nas Escolas”, com a intervenção de Diogo Silva, que é o presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Ermesinde e que discursou sobre os aspetos que considera prejudiciais, quer aos alunos, quer aos docentes com este tipo de organização escolar, em dois semestres em vez dos tradicionais três períodos trimestrais. A esta questão, mais tarde o presidente da Câmara de Valongo não daria resposta, por considerar que as autarquias não têm qualquer influência na organização do ano letivo, visto que esta depende das direções dos agrupamentos e do ministério da educação.
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OS DOIS REPRESENTANTES DO CENFIM DE ERMESINDE |
O CENFIM – Núcleo de Ermesinde, que há muitos anos vem participando nesta iniciativa da Assembleia Municipal, trouxe como tema, este ano “Preocupações Urbanísticas” debruçando-se sobre o exagero de fios que cobrem as nossas ruas, que mais parecem do 3.º mundo: eles são fios elétricos, são fios de telefone, são fios das várias empresas que fornecem a televisão por cabo e a internet. Outra das suas preocupações é a falta de árvores na cidade, propondo mais árvores nas ruas, nos espaços verdes que devem ser mais numerosos e os que existem, devem ser mais cuidados. Lembrou também à Câmara que é importante substituir rapidamente as árvores abatidas, como aconteceu recentemente na Vila Beatriz, em Ermesinde. José Manuel Ribeiro concordou com as chamadas de atenção, dizendo que é muito difícil, porque muito dispendioso acabar rapidamente com os fios sobre as ruas, para além dos problemas de entendimento que existem com as empresas que colocam fios na via pública.
O Agrupamento de Escolas Vallis Longus alertou o município para a Mobilidade Urbana, chamando a atenção, concretamente, para a sistemática deslocação dos mais jovens por alguns locais específicos que foram devidamente identificados, propondo passadeiras e o alargamento de passeios, questões de que o presidente da Câmara, mais tarde, diria ter conhecimento, por isso aludiu à pertinência da observação e que a Câmara irá fazer o possível para melhorar.
O Agrupamento de Escolas de Alfena trouxe à Assembleia o “Rio Leça”, defendendo a sua limpeza permanente e que a vegetação natural que outrora suportava a terra das margens, volte a ser preferida em vez dos muros de pedra que agora aparecem em muitos lados, do seu percurso por terras da cidade de Alfena. O presidente da Câmara lembrou a existência da Associação intermunicipal “Corredor do Leça”, que nos últimos anos se tem preocupado em devolver o rio às populações que vivem nas suas margens, com a preocupação de o manter como uma linha de água despoluída e atrativa, como já foi no passado, nomeadamente em Alfena e Ermesinde.
E, por fim, a equipa, muito bem organizada, do Agrupamento de Escolas de Campo trouxe a este parlamento jovem, a questão da Proteção e bem-estar dos canídeos e felídeos do concelho de Valongo, tema que é muito caro às novas gerações. O presidente da Câmara achou o tema também muito interessante e diz que a autarquia também comunga das mesmas preocupações destes jovens, mas não tem sido fácil, porque cada vez que se cria um espaço para estes animais abandonados, fica logo cheio. Mas é mais uma questão que fica na agenda do executivo municipal.
Na segunda parte desta reunião magna dos jovens “deputados” valonguenses discutiu-se “O Dever de Votar”. As várias equipas apresentaram o tema, evidenciando a importância do voto livre em condições de igualdade típicas de um regime democrático.
Efetivamente, os jovens parecem estar convencidos de que o voto é a forma como cada cidadão pode e deve participar ativamente na vida política da sua comunidade, quer a nível local, quer a nível nacional e até internacional como irá acontecer nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para o dia 9 de junho. Não votar, ou seja, alinhar pela abstenção significa sempre um défice de representação democrática. A democracia portuguesa foi uma conquista difícil, que dura há meio século, por isso, não pode perder-se.
O debate, propriamente dito, girou em torno do voto ser obrigatório, ou apenas uma obrigação cívica, como acontece entre nós; e houve também troca de impressões sobre a idade mínima para votar, havendo jovens que defendiam a antecipação do direito de voto e outros que defendiam precisamente o contrário.
Mas, na generalidade, pode considerar-se que foi muito útil o debate, por ter contribuído para o aumento do interesse dos jovens pela vida política da comunidade.
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Por:
Manuel Augusto Dias
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