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Edição de 30-09-2024
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    Tertúlia: As abriladas de Abril

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    No passado dia 17 de maio, à noite, num restaurante maiato, decorreu um jantar/tertúlia que tinha como tema “as abriladas de abril”, numa iniciativa da “PASC [Plataforma de Associações da Sociedade Civil] - Casa da Cidadania” e da associação “Pensar O Porto”, aproveitando a conjuntura da celebração do Cinquentenário do 25 de Abril de 1974. Entre os presentes encontravam-se ex-autarcas e governantes, nomeadamente Joaquim Couto, Nuno Cardoso, Narciso Miranda e Vieira da Cunha.

    A apresentação esteve a cargo de Carlos Magalhães, que com Renato Epifânio, foi o responsável por esta iniciativa muito bem-sucedida. Apresentaram comunicação: o nosso diretor, Manuel Dias, que falou da “abrilada absolutista de 1824” (de D. Miguel), da “abrilada de 1947 (de Mendes Cabeçadas) e da “abrilada de 1961” (de Botelho Moniz); Joaquim Couto, que deu testemunhos do “25 de Abril de 1974”; Vieira da Cunha que tratou o tema “A maioria silenciosa de 28 de setembro de 1974”; e Nuno Cardoso que discursou sobre o “11 de março” e o “25 de novembro” de 1975.

    O primeiro orador começou por recordar o contexto da contrarrevolução liberal e nela algum protagonismo que teve o Inf. D. Miguel, que, na sequência da Abrilada de 30-4-1824, fez há pouco 200 anos, seria exilado por ordem do pai, D. João VI (o último rei absolutista português, mas também o 1.º rei constitucional). Regressaria mais tarde a Portugal (1828) provocando a Guerra-Civil 1832-1834. A 2.ª Abrilada de que falou foi a de 10 de abril de 1947, na conjuntura do final da 2.ª Guerra Mundial, quando alguns quiseram acreditar na mudança de regime em Portugal. Desta vez, foi Mendes Cabeçadas que teve algum protagonismo, ele que tinha sido revolucionário republicano (1910), um dos mais importantes protagonistas do 28 de Maio de 1926, havia-se envolvido também na Revolta da Mealhada (1946) e agora presidia à Revolta da Junta Militar de Libertação Nacional. Foi aposentado compulsivamente com outros 10 oficiais superiores, 21 professores do ensino superior de Lisboa e de Coimbra também foram demitidos. Finalmente a Abrilada de 11 e 12 de abril de 1961, de Botelho Moniz, ministro da defesa que quis afastar Salazar da Chefia do governo. Ele é que foi afastado com outros governantes e algumas chefias militares, ficando o Presidente do Conselho de Ministros, em acumulação com a pasta da defesa.

    Joaquim Couto usou da palavra para revelar interessantes testemunhos pessoais do imediatamente “antes” e “após” “25 de Abril”. Tinha 24 anos quando se deu a Revolução e estudava Medicina na Universidade do Porto. Fazia parte da União de Estudantes Comunistas (UEC). Não lhe faltaram, pois, excelentes memórias de perseguições da PIDE, no “antes”, e dos conflitos políticos que surgiram, no “após” entre as várias fações partidárias que então pulularam na vida política portuguesa, e em especial no Porto. Falou ainda das dificuldades e da pobreza em que o povo português então vivia.

    Conceição de Almeida uma das pessoas presentes nesta tertúlia também teve uma simpática intervenção sobre a Revolução do 25 de Abril e a sua importância, em termos políticos, mas também sociais e culturais.

    José Vieira da Cunha, um dos fundadores e dirigente nacional do PPD/PSD, deu a sua versão dos acontecimentos e revelou alguns aspetos curiosos relacionados com os primeiros governos provisórios, louvando a representatividade partidária dos primeiros governos com a nata da classe política da altura. “Nesse tempo, o Orçamento era condicionado pelo necessário Planeamento” frisou Vieira da Cunha, numa crítica àquilo que se faz agora, nesse âmbito.

    O ex-presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, fez a intervenção seguinte, explicando bem o PREC (Processo Revolucionário Em Curso) que datou entre a Revolução e a posse do 1.º Governo Constitucional, falando ainda do “11 de Março” e demorando-se no relato dos acontecimentos do “25 de Novembro”.

    Já na parte final da sessão interveio Renato Epifânio, presidente da Direção da PASC, que falou da importância da Plataforma de Associações que dirige, do Movimento Internacional Lusófono e desse grande pensador português que foi Agostinho da Silva, que por ele tem sido bastante estudado.

    Um jantar/tertúlia que se prolongou por cerca de 3 horas, mas bastante rico para as quase três dezenas de pessoas que nele participaram.

     

     

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