QUEIMA DO JOÃO - CARNAVAL 2024
Ermesinde brincou mais uma vez ao carnaval na companhia do seu popular João Ramboia
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Fotos MANUEL VALDREZ |
Nem o mau humor de São Pedro tirou a folia ao povo de Ermesinde durante o carnaval. Ao longo de cinco dias (de 9 a 13 de fevereiro) a quadra foi celebrada com muita cor e animação à “boleia” da Queima do João, ou Enterro do João, como também é conhecido este antigo e popular enredo carnavalesco ermesindense. A grande novidade desta festa que é organizada pela Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE) foi o facto de a direção artística do evento ter sido entregue a André Barros Pinto (ator, arquiteto e cenógrafo) e Mário Sá (encenador e ator profissional), membros do grupo de teatro Casca de Nós, valência da Associação Académica e Cultural de Ermesinde (AACE). E tal como vem acontecendo de há algum a esta parte o “João” traz consigo uma história nova, sendo que este ano a direção artística do enredo e a JFE definiram que o tema “Circo” iria ser o mote da paródia deste carnaval. E a história, de acordo com a direção artística, foi em linhas gerais a seguinte: «João Ramboia imigrou para França há mais de 30 anos, com o intuito de criar melhores condições para a sua família (ou melhor... fugir ao fisco) e deixou cá a sua esposa e dois pequenos filhos. Este ano, e por altura do carnaval, o ilustre João Ramboia decide voltar a Ermesinde, onde nasceu. A sua esposa, filhos e respetiva família estão muito contentes pelo seu regresso e, por isso, juntam-se na cidade de Ermesinde para o receber. Qual não é o espanto de todos ao ver que João não chega sozinho. Consigo traz uma amante, novos filhos e toda uma troupe de circo com malabaristas, gigantes, mágicos palhaços, soldados. Estes vêm preparados para apresentar a todos o circo e proporcionar um bom momento artístico». Bom e divertido há que dizê-lo, sendo que para dar brilho à paródia a direção artística reuniu animadores, atores e bailarinos, sendo que o guião ficou a cargo de Gonçalo J. Ferreira. «Contámos com artistas de circo, atores profissionais, atores do grupo de teatro “Casca de Nós” e intérpretes da comunidade já habituados a participar todos os anos, formando uma equipa de cerca de 30 elementos. A AACE apoiou ativamente este convite que foi feito aos diretores artísticos com a cedência das suas instalações para ensaios, a divulgação do evento e a pronta disponibilidade que deu na participação do grupo de teatro Casca de Nós e do grupo Sons com Bombos», explicaram-nos os membros da direção artística.
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Houve acima de tudo muita animação, como já foi dito, ou não fosse o carnaval sinónimo disso, animação que contrariou as más condições climatéricas – muita chuva – do primeiro capítulo da folia, no dia 9, altura em que o “João” chegou à cidade e em que estava previsto que cerca de 2200 crianças oriundas de todas as escolas da cidade participassem num cortejo pelas ruas ermesindenses. Pois bem, a chuva não deixou, mas como diz o ditado “se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”, e o plano B consistiu em levar o “João” e a sua animada troupe circense a todas as escolas da cidade, levando acima de tudo alegria e entusiasmo a toda a comunidade escolar. Um plano B muito bem conseguido, há que frisar.
Nos dois dias seguintes, sábado e domingo, o “João” e a sua comitiva fizeram a sua visita oficial à cidade, começando a mesma na Estação de Ermesinde, e terminando na Travagem, junto ao armazém da Junta, onde o nosso ilustre conterrâneo sofre um acidente quando estava a apresentar um show do seu circo: «levou com uma baqueta dos bombos na cabeça e cai redondo no chão. (…) Minutos mais tarde, e ali à frente de todos, o mestre-de-cerimónias do circo dá o seu corpo como morto. O grupo Sons com Bombos toca uma marcha fúnebre e todos vão embora muito tristes».
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Na segunda-feira à noite, a paródia prosseguiu com o velório do João, também no armazém da JFE, onde se assiste a uma divertida e acesa luta entre a sua esposa e a sua amante. Tudo isto perante um padre que não passava de um animador que nada mais queria do que um código promocional do Uber Eats para comprar vinho e poder solenizar aquele momento. Momentos que arrancaram gargalhadas dos muitos foliões que ali marcaram presença. Por fim, na terça-feira de carnaval as festividades foram encerradas com o tradicional Julgamento, a leitura do testamento (com as típicas deixas escritas por José Manuel Pereira, e que na página ao lado transcrevemos algumas delas) e a queima do João. Após o Julgamento procedeu-se ao cortejo fúnebre até junto do Parque da Socer para a queima do João. O caixão foi transportado por elementos do Motoclube Cavaleiros Boreales (de Ermesinde). Centenas de pessoas acompanharam o João Ramboia no seu cortejo fúnebre, e após as despedidas o seu corpo foi queimado. Este momento da queima foi abrilhantado pela troupe de circo e pela artista de fogo Melissa, que deixou os presentes assoberbados com o seu espetáculo.
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Por:
MB
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