Medicina de A a Z (Continuação)
QUEIMADURA
Quando se fala em “queimadura” vem à cabeça a lesão da pele provocada por um agente a elevada temperatura (um líquido, um pedaço de metal, chamas vivas, etc.). Porém, o termo “queimadura” é mais abrangente e refere-se a lesões da pele (e mucosas) provocadas por alguns agentes externos. Assim, podemos ter queimaduras por calor, por frio, por radiação, por descarga elétrica, por ácidos ou alcalinos, etc.. A gravidade da queimadura, independentemente do agente causador, varia consoante a extensão da área lesada, o local da lesão e a profundidade da lesão. Mas cada um destes fatores tem um peso diferente para determinar a gravidade da queimadura. Assim uma queimadura profunda localizada pode considerar-se menos grave do que uma queimadura superficial mas muito extensa, pois nesta última a vida do doente pode correr risco. Perante uma queimadura, principalmente as provocadas por calor, ácidos ou alcalinos, deve lavar-se de imediato com água fresca abundante. Se a queimadura for pouco extensa, digamos, inferior ao tamanho da palma da mão e não atingir nenhum órgão nobre como olhos ou boca, por exemplo, pode tratar-se em casa com a colocação duma pomada própria para feridas e cobrir com gaze esterilizada. Se a queimadura for mais extensa, o sinistrado deve ser transportado para um organismo de saúde (hospital, centro de saúde ou posto de enfermagem), pois vai necessitar de cuidados mais diferenciados. Nunca, mas mesmo nunca, neste caso, colocar na queimadura seja o que for, para além da já mencionada água fresca. Como orientação pode dizer-se que tudo o que for colocado na queimadura para além da água é para limpar, pelo que não vale a pena pôr. Uma queimadura particularmente grave é a queimadura solar, pois normalmente é muito extensa, embora superficial. Esta deve ser prevenida pela não exposição em horários mais perigosos (entre as 11 horas e as 17 horas) e utilização de cremes solares adequados.
QUELOIDE
Trata-se duma cicatriz viciosa, isto é, uma cicatriz exuberante e normalmente avermelhada. Há pessoas que desenvolvem cicatrizes queloides com facilidade. Se for extensa ou interferir com a estética da pessoa – face, por exemplo – deve ser tratada cirurgicamente.
QUIMIOTERAPIA
Normalmente associa-se este termo a certos tratamentos contra a neoplasia. Etimologicamente significa terapia com químicos. Normalmente são substâncias injetadas na veia, mas podem ser administradas por comprimidos ou cápsulas.
QUISTO
É uma formação anormal de conteúdo líquido ou semilíquido que pode aparecer em muitas regiões e órgãos. O quisto mais vulgar é o quisto sebáceo, que se forma na pele e está cheio de material gorduroso (sebo). O problema destes quistos é que podem infetar e dar origem a abcessos por vezes muito extensos e graves. A única forma de evitar a infeção é a sua remoção cirúrgica.
RADIOATIVA (substância)
É uma substância que tem a capacidade de gerar determinado tipo de energia, a chamada “energia ionizante”. Este tipo de energia tem força suficiente para arrancar eletrões dos átomos. Nos organismos vivos este tipo de radiação pode alterar a química dos tecidos e destruí-los. Pode ser utilizada para matar as células de determinados tipos de cancros. Alguns exemplos de substâncias radioativas: urânio, cobalto, tório, rádio, plutónio, etc..
RADIAL (nervo)
Nervo localizado na face externa do antebraço. Recebeu o nome do osso existente nessa localização – o rádio. É um nervo muito importante pois inerva uma grande parte da mão. As doenças deste nervo podem levar à incapacidade da mão.
RADIOLOGIA
Especialidade médica dedicada à chamada “Medicina de Imagem”. O objetivo é obter imagens do corpo dum doente, utilizando várias técnicas e através dessas imagens chegar a um diagnóstico. As técnicas de imagem mais comuns são a radiologia convencional (utilizando ampolas de RX), a Ecografia (utilizando sondas de ultrassons) e a Ressonância Magnética Nuclear (ver abaixo). As duas últimas são consideradas inofensivas e podem ser utilizadas em senhoras grávidas. O RX não tanto, pois utiliza a chamada “radiação ionizante” que pode causar dano em certos órgãos ou tecidos. As modernas técnicas de RX diminuíram muito esses efeitos nocivos.
RADIOTERAPIA
Como o nome indica, trata-se de uma terapia que utiliza radiação ionizante obtida a partir de certos materiais radioativos. A radiação ionizante lesa os tecidos. Mas este efeito pode ser útil em certas fases de tratamento, por exemplo, de tumores. A substância mais utilizada para estes tratamentos é o cobalto radioativo, mas há outras substâncias com o mesmo efeito que se utilizam em certos tumores (como o Iodo radioativo nos tumores da tiroide).
RAIVA
Doença potencialmente mortal causada por um vírus que se aloja principalmente nas glândulas salivares de alguns mamíferos, incluindo o Ser Humano, disseminando-se em seguida por todo o organismo. É transmitida por mordedura de animal (e Humano) infetado. É uma doença invariavelmente mortal se não for convenientemente tratada em meio hospitalar. O diagnóstico assenta na história de mordedura, habitualmente por cão ou morcego e no isolamento do vírus recorrendo a estudo genético. Quando uma pessoa é mordida por um cão, é muito importante identificar o animal para se saber se está vacinado contra a raiva (vacina obrigatória em Portugal de todos os cães de companhia). O animal deverá ser colocado sob observação durante alguns dias para se saber se desenvolve os sinais típicos de raiva (recusa da água). Só em caso de suspeita fundamentada de animal infetado é que se procede ao tratamento do doente humano, pois este tratamento pode passar pela vacinação específica. Chama-se a atenção para a dificuldade ocasional para a identificação do animal que mordeu, pois o cuidador, temendo consequências legais pela não vacinação do seu animal, pode recusar a colaboração. Neste caso será importante o contacto com a autoridade policial local para proceder à identificação do animal e verificação do seu estado vacinal.
RAQUITISMO
Doença debilitante da infância caraterizada pelo deficiente desenvolvimento ósseo. A causa mais importante desta grave situação é o não aporte de vitamina D em quantidade suficiente. A alimentação humana de quase toda a Europa é deficiente em vitamina D e esta terá de ser fornecida em suplemento. Na infância habitualmente é por gotas e no adulto pode ser por comprimidos tomados regularmente. Os leitores mais velhos lembrar-se-ão do “famigerado” óleo de fígado de bacalhau… Os povos nórdicos consomem óleo de peixe da mesma forma que no sul da Europa se consome azeite, pelo que não têm deficit de vitamina D. É importante desmistificar a questão do Sol. O Sol não fornece vitamina D. Apenas fornece a energia necessária para que alguns compostos que podem estar na pele se transformem em vitamina D. Mas isso obriga a longa exposição de grande parte da pele ao Sol, o que é pouco prático para a vida social. Por outro lado, a deficiente camada de ozono protetora da nossa atmosfera permite que os raios solares que nos chegam à pele sejam mais ricos em radiação ultravioleta nociva, o que pode provocar perigosas e dolorosas queimaduras solares. A suplementação oral é mais prática e segura.
RASH (cutâneo)
Trata-se de “manchas” vermelhas da pele, de dimensões e formas irregulares, muitas vezes acompanhadas de prurido ou comichão (ver acima). A causa mais frequente de rash é a alergia e se for extensa ou muito sintomática, necessita de tratamento médico em contexto de Urgência.
RASTREIO
Rastrear significa, em contexto médico, procurar. Faz-se o rastreio do cancro do colo uterino nas senhoras através do impropriamente chamado Teste de Papanicolau. Faz-se o rastreio do cancro da próstata do homem através da análise PSA. Pelo rastreio procuram-se os
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José Campos Garcia*
*Médico
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