NOTICIAS DA AGORÁRTE / UNIVERSIDADE SÉNIOR DE ERMESINDE
Estudantes de História Contemporânea visitam o Alto Alentejo
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ESTUDANTES DA USE VISITANDO O CENTRO DE CIÊNCIA DO CAFÉ, EM CAMPO MAIOR |
Este ano a Visita de Estudo de fim de ano, no âmbito da disciplina de História Contemporânea, lecionada pelo Professor Manuel Dias, foi a uma parte do distrito de Portalegre, nomeadamente, a Campo Maior, Elvas e Castelo de Vide. Aconteceu nos dias 2 e 3 de junho e envolveu meia centena de pessoas ligadas à Universidade Sénior de Ermesinde, entre estudantes, professores e diretores.
A primeira etapa, Campo Maior, foi escolhida como uma espécie de tributo a Rui Nabeiro. Aí nascido, a 28 de março de 1931, viria a falecer em Lisboa (19 de março de 2023), a apenas 9 dias de completar os 92 anos. Pretendeu-se deste modo homenagear o Homem que levou o nome de Campo Maior ao país e ao mundo, com o negócio do café, mas também honrar a sua maneira de ser humilde e amigo de todos os que o procuravam, nunca esquecendo as suas raízes. Morreu no Dia do Pai, deste ano, há pouco mais de 3 meses, ele que foi um verdadeiro “Pai” para tantas e tantas pessoas.
Em Campo Maior (vila e sede de concelho raiano, distrito de Portalegre, com cerca de 8 mil habitantes), o principal ponto da nossa visita foi, como não podia deixar de ser, o Centro de Ciência do Café. Instalado num edifício com uma área total de 3426 m2, é um espaço único no Mundo, que divulga a ciência associada ao café. Este espaço é moderno e alia conhecimento, divulgação técnico-científica, informação e interessantes atividades interativas. Difunde a cultura do café (desde o seu aparecimento até ao seu consumo e ali também foi possível degustá-lo), promove espaços dinâmicos do conhecimento e do lazer, onde se estimula a curiosidade e o desejo de aprender.
Depois do almoço num dos restaurantes do centro de Campo Maior os visitantes seguiram para a cidade de Elvas. Aí, a visita foi guiada pelos serviços do turismo municipal. Tivemos oportunidade de visitar o centro histórico da cidade da raia, uma das mais bem defendidas de toda a Europa (isto para o período da Idade Moderna, em que muralhas, castelos e fortalezas ainda eram um importante obstáculo à entrada do inimigo).
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VISTA ÁEREA DE ELVAS NA ATUALIDADE |
Esta cidade-fortaleza é considerada a maior cidade fortificada da Europa e reconhecida pela UNESCO como Património da Humanidade. Ainda hoje conserva mais de 100 edifícios ligados aos militares.
É bem conhecida pelas lutas travadas pela manutenção da independência portuguesa, sobretudo no Contexto da Restauração, já lá vão quase 4 séculos. Em 1644 uma 1.ª tentativa de cerco à cidade só durou 8 dias.
Um dos confrontos mais violentos dessa guerra entre Portugal e Espanha, que durou quase 30 anos (1640-1668), é conhecida pelo nome de Batalha das Linhas de Elvas, ou Cerco de Elvas. O cerco durou desde finais de outubro de 1658 a 14 de janeiro de 1659, terminou nesta data com a vinda de um exército português, de 11 mil homens desde Estremoz; dentro da cidade muralhada resistiam cerca de 6 mil portugueses, mas 5 mil já haviam morrido devido à peste que grassou na praça. Durante a batalha desse dia morreram 200 portugueses e 600 ficaram feridos, mas as baixas do lado espanhol foram bem superiores: 2500 mortos e 4 mil feridos. Percorremos algumas ruas características, apercebemo-nos das várias ordens de muralhas que foram protegendo a vila, depois cidade, de Elvas. Foi-nos explicada a importância da localidade já no período da ocupação árabe, na Idade Média e nas Idades Moderna e Contemporânea. Ali foi possível recordar uma boa parte da História de Portugal.
Pernoitamos em Arronches, uma pequena vila também da raia e carregada de história, que alguns, mais ousados e resistentes, ainda conseguiram visitar depois do jantar. Deu para ver que os edifícios públicos (igrejas, castelo e fortaleza) estão bem conservados. É um pequeno concelho, em termos de população, como acontece com outros desta província, mas merecem rasgados elogios pela forma como preservam o seu património edificado.
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CENA DO TRIBUNAL DA INQUISIÇÃO |
Em Castelo de Vide, última localidade do nosso programa para ser visitada, tivemos oportunidade de apreciar a importância que é dada à história e ao património cultural. Vimos o Centro de Cidadania Sagueiro Maia (excelentemente concebido), a Casa da Inquisição, a Sinagoga, a Fonte da Vila e uma das suas igrejas.
O Município de Castelo de Vide (com cerca de 3 mil habitantes), possui, por vontade expressa de Fernando Salgueiro Maia (que aí nasceu), todo o seu espólio, nomeadamente o que está diretamente ligado a um dos acontecimentos mais importantes da história contemporânea de Portugal e à implementação do atual Regime Democrático – o 25 de Abril de 1974.
A realização deste projeto foi possível graças à estreita cooperação entre a Câmara Municipal de Castelo de Vide e a Direção Regional de Cultura do Alentejo. Foi inaugurado no dia 1 de julho de 2021, data do 77.º aniversário do Capitão de Abril, e com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A seguir, visitámos a Sinagoga, bastante ampliada e enriquecida em termos pedagógicos, relativamente a que conhecíamos de anos passados; visitámos a Fonte da Vila e a Casa da Inquisição (um espaço museológico recentemente inaugurado, muito bem concebido, onde o visitante tem a oportunidade de ficar a conhecer a perseguição movida aos Cristãos Novos, entrando em cenas quase reais, conseguidas com estátuas feitas em silicone e de tamanho real). Um dos perseguidos por este tribunal católico foi Garcia de Orta, que aqui nasceu em 1501 e foi um dos mais notáveis portugueses do Renascimento (brevemente também vai ter em Castelo de Vida um Centro de Interpretação a homenageá-lo e a dá-lo a conhecer).
Depois do almoço em Castelo de Vide rumámos a casa, que é como quem diz a Ermesinde, ficando em todos o sentimento de dois ótimos dias que enriqueceram os nossos conhecimentos e a união em torno deste projeto cultural que se chama Agorárte e, mais particularmente, Universidade Sénior de Ermesinde.
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