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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-04-2023

    SECÇÃO: Local


    Projetos em torno da Nova Gandra e da Rua 5 de Outubro apresentados e debatidos em nova sessão participativa

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    “Tornar Ermesinde numa cidade mais para as pessoas e menos para os carros”, ou “resgatar o espaço público para os pões” foram dois dos argumentos usados em mais uma sessão participativa no âmbito do projeto Nova Gandra, que teve lugar no auditório da Junta de Freguesia de Ermesinde na noite de 20 de abril passado. Nesta sessão, para além das alterações propostas para a zona da Gandra no âmbito deste projeto de Urbanismo Tático, foram ainda dadas a conhecer propostas de alterações para a Rua 5 de Outubro, no cento da cidade. Mas já lá vamos em concreto a esse conjunto de alterações que se focam essencialmente na questão da alteração dos sentidos de trânsito e do estacionamento.

    Esta foi mais uma sessão sobre um projeto que se quer participativo e compreendido por todos os cidadãos, de acordo com as palavras iniciais de Paulo Esteves Ferreira, o vereador da Câmara Municipal de Valongo responsável pelo pelouro do Urbanismo, e que afirmaria mais à frente que a autarquia com este projeto da Nova Gandra pretende que esta zona de Ermesinde passe a ter uma nova vida. Como foi lembrado nesta sessão, o projeto Nova Gandra teve início há sensivelmente três anos, e de lá para cá fizeram-se muitos estudos no sentido de alterar o espaço público daquela zona com o objetivo de a tornar mais convidativa/atrativa para a população. O projeto apresenta-se agora num ponto de maturação, como foi referido, e pronto para ser apresentado e discutido com a população, tendo esta sessão participativa servido para isso mesmo.

    Ora, após este estudo que teve o suporte técnico de duas empresas especialistas em urbanismo tático (nota: um conceito que em linhas gerais visa levar a cabo intervenções no espaço público que permitam a socialização nas ruas e promovam a mobilidade inclusiva e sustentável), a autarquia chegou à conclusão que o mais correto para aquela zona seria trabalhar os sentidos únicos para que o trânsito fluísse devagar mas bem, assim como alargar os passeios para que as pessoas pudessem caminhar em segurança e usufruíssem do espaço público. Outra conclusão resultante deste projeto, e que foi referida, assenta no aumento regulado do estacionamento naquela zona, porque, e nas palavras do vereador camarário, atualmente na Gandra verifica-se um «estacionamento selvagem».

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    Mas este projeto da Nova Gandra vai muito mais para além de alterações a nível da circulação de trânsito, ou alargamento dos passeios. De acordo com Paulo Esteves Ferreira, o projeto contempla ainda diversas micro intervenções, como por exemplo, ações de arte urbana, ou a colocação de mobiliário urbano. «Queremos tornar aquela zona mais alegre. Queremos tornar o espaço público mais atrativo, em que as pessoas saiam à rua para conversar, passear, que se sintam atraídas em estar aqui. A intervenção que fizemos na Praceta Sá da Bandeira, por exemplo, tem a ver com este projeto», disse o vereador da Câmara, que de seguida deu a palavra aos técnicos das empresas que desenvolveram este estudo/projeto, para que pudessem de forma mais técnica explicá-lo.

    Entre outros aspetos foi explicado por estes que com os novos sentidos de trânsito projetados para a Gandra é sobretudo pretendido aumentar a segurança dos peões e diminuir a probabilidade de acidentes; limitar a velocidade dos veículos a 30 km/h para induzir uma circulação mais segura, menos ruidosa e menos poluente; garantir percursos acessíveis e convidativos à caminhada e ao convívio; facilitar o uso da bicicleta em circulação partilhada pelo carro; ou organizar o estacionamento para reduzir conflitos e obter uma melhor reorganização do espaço público.

    Para isso, o projeto aponta que cerca de uma dezena de artérias da Gandra passe a ser de sentido único, sendo que uma dessas artérias é a sempre movimentada Rua Engenheiro Armando Magalhães.

    ALTERAÇÕES NA RUA 5 DE OUTUBRO

    Mas nesta sessão nem só a Gandra - uma zona que de acordo com o que foi dito nesta noite tem cerca de 10.000 habitantes na atualidade - mereceu atenções, já que foi igualmente apresentado um conjunto de alterações para a Rua 5 de Outubro, bem no centro da cidade. A maior dessas alterações será, provavelmente, o facto de com este projeto parte da rua passar a ser de sentido único, mais precisamente entre o chamado triângulo do Café Gazela, ou o Largo de S. Silvestre, até ao cruzamento entre a Avenida Primavera, a Rua Fontes Pereira de Melo e a Rua 5 de Outubro. Outra alteração visível neste projeto, com vista a resgatar o espaço público para os peões, passa por cortar ao trânsito automóvel parte da Rua 5 de Outubro, no troço localizado em frente à Farmácia Mag, passando esta parte de rua a ser exclusivamente pedonal. De acordo com os técnicos responsáveis por este estudo/projeto, com estas intervenções pretende-se essencialmente «criar estacionamento ao longo da Rua 5 de Outubro; alargar passeios, disponibilizar um novo espaço público para fruição da população (no triângulo do Café Gazela); organizar as zonas de cargas e descargas; e construir uma rotunda no cruzamento entre a Avenida Primavera e a Rua 5 de Outubro».

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    POPULAÇÃO RESILIENTE AOS PROJETOS

    Naturalmente que todas estas alterações dos sentidos de trânsito e do estacionamento, quer na zona da Gandra, quer na Rua 5 de Outubro, implicam mudanças nas rotinas diárias dos cidadãos que ali vivem, trabalhem, ou circulem. Isso foi bem visível no debate que se seguiu a esta explicação técnica, onde os cidadãos presentes tiveram a oportunidade de se manifestarem. E grande maioria deles levantou muitas dúvidas sobre a viabilidade destes dois projetos, sobretudo ao nível da circulação de trânsito. A oportunidade foi também aproveitada pela população para lançar um vivo protesto sobre a forma como o trânsito e o estacionamento se encontra no presente, não só nestas duas zonas como em outros locais da cidade, classificando-o «como caótico e desordenado». Houve quem recordasse a construção desenfreada e desordenada que a Gandra conheceu após o 25 de Abril de 1974, uma zona onde para além disso veem-se diariamente carros estacionados de um lado e do outro das ruas, outros estacionados em cima dos passeios, e outros que muitas vezes circulam a alta velocidade em diversas artérias daquela zona. Para outros cidadãos, a Gandra é uma zona cinzenta, sem espaços verdes, sem árvores.

    Perante todos estes lamentos, ou críticas, Paulo Esteves Ferreira usaria novamente da palavra para dizer que o atual executivo camarário não pode ser responsabilizado pelo que foi feito no passado, há muitos anos atrás, mas que se responsabilizaria sim se visse que no presente a situação é má e não fizesse nada. Reconhecendo que na Gandra, por exemplo, houve no passado uma construção desenfreada, e como tal não é possível implodir prédios, o foco deve ser agora em «arranjar soluções, melhorar o espaço público disponível e torná-lo mais agradável e com menos carros».

    Também Sandra Lameiras, uma das técnicas responsáveis pelo projeto, tomou novamente a palavra para frisar que é natural que estas alterações propostas levem tempo a ser aceites pelas pessoas, que «por natureza própria são resistentes a mudanças». A técnica recordaria mais adiante que no ano passado foram feitas duas sessões participativas sobre o projeto Nova Gandra, sessões que na sua voz foram muito participadas e das quais a sua equipa retirou algumas ideias no sentido de “hoje” estar ali a apresentar uma ideia mais madura e robusta. «O objetivo deste projeto é tornar, volto a repetir, a Gandra numa zona mais agradável, com mais cor, com bancos coloridos, pinturas alegres, e que permita que as pessoas socializem na rua. Por outro lado, fazer uma regularização do tráfego que hoje em dia está caótico. Relativamente à Rua 5 de Outubro entendemos que esta tem um problema que é a questão dos passeios, que não são muito largos e seguros para as pessoas. Daí a solução da passagem da rua para sentido único. Além de que o cruzamento entre esta rua e a Avenida Primavera é complicado e confuso para o trânsito e como há espaço para a colocação de uma rotunda achamos que é a melhor solução para ali. Junto ao triângulo do Gazela queremos criar ali um novo espaço público para os peões, um espaço sem carros, até para aliviar a pressão em termos de trânsito junto do local. Com o tempo acreditamos que as pessoas vão usufruir do espaço e tornar a cidade mais para elas e menos para os carros, é isso que se quer com este projeto», concluiu a técnica.

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    Por: MB

     

     

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