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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-01-2023

    SECÇÃO: Painel partidário


    A Câmara de Valongo e a “manutenção da biodiversidade” em Ermesinde

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    Ultimamente, a Câmara de Valongo tem-se mostrado muito “preocupada” com a “manutenção da biodiversidade em meio urbano”. Como veremos, num breve olhar por Ermesinde, as supostas preocupações ambientais dos detentores do poder municipal, pouco mais são que palavras, vazias de sentido e de conteúdo.

    A biodiversidade – a Vida nas suas múltiplas facetas, bocados e bocadinhos de Natureza dentro das cidades - mantém-se com a criação e conservação de espaços verdes, com a plantação e bom trato de árvores nas ruas e praças, com planeamento urbanístico que evite e compense a impermeabilização dos solos, com o ordenamento do trânsito, com educação ambiental séria e continuada, etc..

    Para que serve a biodiversidade no meio urbano? - perguntarão. É simples - serve para criar e manter condições para a vida dos seres humanos, que são os construtores e principais habitantes dos centros urbanos. Mas, porque não estamos sós no mundo, serve também para deixarmos viver e prosperar outras espécies, animais e vegetais, que constituem o todo, a Natureza, de que fazemos parte.

    Mas de facto, ao mesmo tempo que faz a propaganda, a Câmara vai eliminando, ao longo dos anos e de forma programada, alguma biodiversidade que pudesse ainda existir no tecido já densamente urbanizado e descaraterizado de Ermesinde. Quer permitindo a continuação da construção desenfreada em todos os espaços ainda vagos, quer promovendo pelas suas próprias intervenções, a destruição ou descaraterização de espaços verdes, a eliminação de árvores da via pública e a impermeabilização dos solos.

    Senão, vejamos apenas alguns factos recentes.

    Só no ano de 2022, no seu “projeto” cosmético chamado “Nova Gandra”, a Câmara Municipal desmantelou o espaço ajardinado que existia no largo da estação. Um extenso espaço relvado, que permitia a infiltração das águas da chuva, bem como um pequeno jardim a poente do largo, desapareceram debaixo de milhares de m2 de ladrilhos e pedras. Os rafados canteiros onde vegetam umas plantas enfezadas, foram cobertos de telas e casca de pinheiro, mais uma vez dificultando a infiltração das águas da chuva. Nos minúsculos canteiros onde vegetam as poucas árvores que restaram, nem uma erva de revestimento foram capazes de semear. A única faceta positiva foi a instalação de um parquezinho infantil, outro equipamento raro na cidade.

    De seguida, foi a vez da destruição do espaço ajardinado e arborizado da Praceta Sá da Bandeira, a meia dúzia de metros do largo da estação. Uma dúzia de tílias e dois cedros de grande porte – que levaram dezenas de anos a crescer – num instante passaram aos dentes da motosserra camarária. O relvado e o jardim foram substituídos por cimento, pedra e muitos lugares de estacionamento. Lá plantaram três ou quatro pobres árvores, no espaço que sobrou. O solo foi quase totalmente impermeabilizado, contribuindo para o acréscimo de escorrimento e enxurradas durante os períodos de chuva mais intensos

    Do largo da feira, também em processo de “requalificação”, vão desaparecendo os velhos e frondosos choupos, sobreviventes dos campos que ali existiram. Mais impermeabilização de solos. E mais um prédio ali se levanta, a acrescer ao já denso volume construído naquela área, com mais compactação e impermeabilização do solo. Fala-se também de possíveis autorizações do município para novas construções naquela parte baixa da cidade. Uma oportunidade perdida para ali criar um espaço ajardinado público, preservando o Mercado e a Feira como equipamentos social e economicamente muito necessários.

    A seguir, vai a Praça 1º de Maio, o seu jardim e as suas tílias, já à bica nos planos de “requalificação” da Câmara Municipal de Valongo, mais preocupada em criar lugares de estacionamento que na biodiversidade, como as suas “requalificações” bem atestam.

    Esta política descuidada, sem qualidade e ao serviço dos interesses dos promotores imobiliários - que são legítimos, mas devem ser inseridos num processo de planeamento urbanístico e ambiental de longo prazo - tem e terá consequências extremamente negativas na qualidade de vida dos habitantes de Ermesinde.

    Uma dessas consequências negativas, mais visíveis e sofridas, é a das frequentes inundações, durante os períodos mais chuvosos do ano. Estes acidentes devem-se, em grande parte, à constante impermeabilização dos solos e à destruição do coberto vegetal do solo por toda a cidade, o que não permite a retenção e infiltração lenta das águas da chuva.

    Mas outros aspetos há, da degradação e da falta de qualidade de vida urbana, devida a políticas municipais, na verdade despreocupadas da “biodiversidade em meio urbano”. É o caso, também, da falta de arvoredos públicos, em jardins e vias públicas, que são insubstituíveis na renovação do oxigénio, na retenção de poeiras, no amortecimento de ruídos e mesmo na melhoria e manutenção da saúde psíquica das pessoas e na diminuição do stress da vida moderna, conforme atestam muitos estudos que vão sendo feitos.

    Como aspeto positivo da ação municipal neste campo, nos últimos anos, é justo registar a abertura da 1ª fase do Parque do Leça, que vai no sentido do que sempre defendemos e apoiamos. Sirva ele de exemplo e incentivo para outras obras do mesmo género,que a cidade muito precisa.

    Pela CDU de Valongo

     

     

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