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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-09-2022

    SECÇÃO: Opinião


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    Do Macaco ao Homem? Talvez não (4.ª parte)

    O GÉNERO HOMO

    Assume-se que todos os indivíduos pertencentes ao género Homo são humanos.

    Há que definir, portanto, qual ou quais as caraterísticas que permitem distinguir um indivíduo do género Homo e, portanto, humano, doutro indivíduo doutro género qualquer e, portanto, não humano.

    Em 1974, o mundo assistiu à descoberta daquilo que parecia ser um fóssil humano muito mais antigo do que todos os fósseis humanos até aí descobertos. Foi-lhe atribuída a idade de três milhões de anos. Tratava-se dum esqueleto quase completo e tinha as caraterísticas de uma fêmea. Seria, portanto, uma mulher? Assim parecia e deu-se a esse indivíduo o nome de Lucy. Porém, olhado melhor, viu-se que não podia ser uma criatura humana, e a Lucy acabou por ser despromovida para o género Australopithecus. Como tinha aparecido na Depressão do Afar, na Etiópia, teve a sua espécie batizada de afarensis.

    O que levou os paleontólogos a esta despromoção da Lucy?

    No artigo anterior estudámos as caraterísticas do Ser a que poderemos chamar de Humano. Se essas caraterísticas não estiverem todas presentes, esse Ser não é Humano.

    Em resumo, são:

    - bipedismo estrito, apenas possível com algumas importantes adaptações do esqueleto

    - oponência completa do dedo polegar da mão em relação aos outros dedos

    - pés estreitos e compridos, com grande desenvolvimento do hallux, que não tem oponência em relação aos outros dedos

    A Lucy não as tinha a todas. Portanto, não era uma mulher. Mas era quase.

    O registo fóssil dos nossos parentes humanos primordiais é muito complexo. Cruzam-se fósseis com caraterísticas semelhantes em várias épocas e locais. E a acompanhar o registo fóssil propriamente dito, esses vestígios transportam outra coisa própria do Ser Humano – a Cultura. Há teorias da evolução do género Homo baseadas nos vestígios culturais que acompanham esses fósseis.

    A escassez de fósseis relacionados com determinadas épocas torna muito difícil seguir a evolução da linha dos primatas que deram origem ao género Homo. Mas tudo parece indicar que nasceu em África.

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    Na evolução das diferentes linhas dos primatas houve um conjunto de acontecimentos que moldou, de forma dramática, essa mesma evolução. Trata-se dos movimentos tectónicos que no início do período Cenozoico alteraram completamente a crusta terreste. Nesta altura abriu-se o Oceano Atlântico e esta abertura ditou a evolução independente dos primatas euro-africanos e os primatas americanos (ou no Novo Mundo).

    Por outro lado, deu-se a elevação do Rift africano, uma cadeia montanhosa de origem tectónica que segue uma linha norte-sul desde o Mar Vermelho até Moçambique. O aparecimento desta cadeia de montanhas alterou o clima daquela região: para oeste do rift manteve-se a influência atlântica, que deu origem a uma vegetação predominantemente arbórea. Em contrapartida, para leste do rift, o clima passou a ser muito mais semelhante ao clima asiático, sujeito às monções cíclicas, sazonais. Isto deu origem a uma vegetação mais do tipo savana, menos arbórea.

    Curiosamente, as linhagens que deram origem ao género Homo desenvolveram-se para leste do rift, enquanto que para oeste do rift se desenvolveram as linhagens que deram origem aos chimpanzés, gorilas e babuínos.

    Muitos paleontólogos consideram que esta deriva evolutiva se ficou a dever ao clima e ao tipo de vegetação em que os indivíduos daqueles géneros viviam. De facto, na vegetação arbórea desenvolveram-se novas espécies adaptadas à vida arborícola. Enquanto que na vegetação mais rasteira, tipo savana, desenvolveram-se espécies mais adaptadas à vida terrestre, para as quais a marcha bípede foi uma necessidade adaptativa.

    Assim, um novo ramo dos primatas nasceu, no qual o bipedismo estrito se estabeleceu.

    Nasceu o género Homo.

    Muitos paleontólogos atribuem o bipedismo estrito como necessidade de sobrevivência. As mãos dos indivíduos do género Homo foram libertadas das necessidades de locomoção e o Homo desceu definitivamente das árvores. Passou a utilizar as mãos como ferramentas de manipulação fina (fabrico de utensílios, por exemplo), como ferramentas de transporte de alimentos, dada a maior pobreza alimentar em que passou a viver e a necessidade de maiores deslocações. Permitiu-lhe transportar os seus juvenis nessas deslocações e fez dele um ser eternamente explorador. Por outro lado, a deslocação bípede é muito mais conservadora de energia do que a quadrúpede típica dos símios. A deslocação bípede é uma sequência de desequilíbrios e reequilíbrios.

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    José Campos Garcia*

    *Médico

     

     

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