Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-09-2022

    SECÇÃO: Local


    ENG.º MANUEL JOAQUIM MOUTINHO (1942-2022)

    Faleceu um ermesindense ilustre

    MANUEL JOAQUIM MOUTINHO (1942-2022)
    MANUEL JOAQUIM MOUTINHO (1942-2022)
    No passado dia 30 de julho faleceu, vítima de doença oncológica, o Sr. Eng.º Manuel Joaquim Moutinho, com 80 anos. Serviu muitos corpos dirigentes de associações e coletividades ermesindenses de que são exemplo o Clube de Propaganda de Natação (CPN), o Centro Social de Ermesinde (CSE) ou a Casa do Povo de Ermesinde (CPE) onde ainda exercia o cargo de presidente da Assembleia Geral.

    Concretamente, no CSE, serviu os seus Corpos Gerentes, entre 1980 e 1994, servindo esta relevante instituição de solidariedade social ermesindense como membro da Mesa da Assembleia Geral, de que se tornaria presidente a partir de 1985. Nos anos de 1995 e 1996 colaborou no jornal “A Voz de Ermesinde”, tendo publicado alguns artigos de conteúdo bastante interessante. Acompanham esta notícia, em jeito de Homenagem a este ilustre ermesindense, testemunhos do presidente do CSE, Henrique Rodrigues; do presidente da CPE, Luís Ramalho; e do ex-presidente do CPN, Paulo Sousa.

    A sua atividade político-partidária foi também proeminente. Aos 21 anos era dirigente do Movimento Estudantil “Prol Liberdade”, o que lhe custou 7 meses de prisão na PIDE, seguida de julgamento no Tribunal Plenário, tendo sido absolvido dos “crimes” de que fora acusado pela polícia política do regime ditatorial. Logo a seguir ao “25 de Abril” foi fundador e o principal impulsionador do PPD (Partido Popular Democrático – atual PSD) no Concelho de Valongo. Como militante do PPD/PSD desempenhou os seguintes cargos: presidente da Comissão Política Concelhia da Secção de Valongo (1974-1986); Deputado à Assembleia Constituinte (1975-1976); Membro da 1.ª Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Valongo, nomeada a seguir ao “25 de Abril” (1974-1975); Deputado à Assembleia da República (1976-1979); Vereador da Câmara Municipal de Valongo (1976-1979 e 1983-1985 – foi, então, que propôs a alteração do dia de feriado municipal, que era a 17 de agosto, dia de S. Mamede, para o dia de S. João, 24 de junho, alteração que seria aprovada pela maioria da vereação); Membro do Conselho Nacional do PPD (1977-1978); Membro da Comissão Política Distrital (1979-1980); Presidente da Assembleia Municipal do Concelho de Valongo (1980-1982); e Membro da Assembleia Municipal do Concelho de Valongo.

    Em 2015, presidiu à Comissão Organizadora das Comemorações do 60.º Aniversário do CSE. E em 2016, por convite do Presidente da Câmara Municipal de Valongo, integrou a Comissão de Honra das comemorações dos 180 anos da criação do concelho.

    O seu funeral teve lugar no dia 1 de agosto, na Igreja Paroquial de S. Lourenço (Ermesinde), de onde o seu corpo seguiu para jazigo de família no Cemitério n.º 1. No dia 5 de agosto, na mesma Igreja, ao fim da tarde, houve Missa de 7.º dia. Ambas as cerimónias foram presididas pelo pároco de Ermesinde, Cónego João Peixoto.

    A direção e a redação do jornal “A Voz de Ermesinde”, que tinham no Eng.º Manuel Joaquim Moutinho um assinante ativo e particular amigo, estiveram presentes nas cerimónias fúnebres e apresentaram, à sua família, sentidas condolências. MAD

    HENRIQUE RODRIGUES
    HENRIQUE RODRIGUES
    “IN MEMORIAM”

    Em meu nome, e em nome do Centro Social de Ermesinde, venho associar-me à homenagem ao Engº Manuel Joaquim Moutinho, que constitui o núcleo central deste número de “A Voz de Ermesinde”.

    Trata-se de uma obrigação do Centro Social de Ermesinde, antes de tudo para com alguém a quem a Instituição muito ficou a dever e que esperávamos poder prestar em vida.

    Mas é também um privilégio meu dar testemunho e agradecer o percurso comum e solidário do Engº Manuel Joaquim Moutinho e do Centro Social de Ermesinde.

    Associado do Centro Social de Ermesinde desde muito novo e seu dirigente ao longo de um dilatado período de tempo, deve salientar-se o exercício do cargo de mais relevante representação da Instituição, no fim dos anos 80 e início dos anos 90 do século passado, como Presidente da sua Assembleia Geral – função confiada em regra a personalidades de prestígio junto da comunidade e em que os associados reconhecem as marcas de identidade de uma Instituição, o seu chão comum. Como foi o caso.

    Para além do exercício dessas funções nos órgãos sociais, o Engº Manuel Joaquim Moutinho manteve sempre uma participação de grande qualidade e envolvimento na vida da Instituição; devendo salientar-se a Presidência da Comissão Organizadora das Comemorações do 60º Aniversário do Centro Social de Ermesinde, comemorações cujo sentido encaminhou para a justíssima homenagem aos trabalhadores que, ao longo dos anos, nesta Instituição têm assegurado a prestação de cuidados à população de Ermesinde e consolidado uma imagem de qualidade que é geralmente reconhecida na comunidade.

    Ficou o Centro Social de Ermesinde a dever-lhe mais essa participação empenhada na vida da Instituição, e fiquei eu próprio a dever-lhe o ter aceitado o convite para dirigir essa Comissão e tê-lo feito com a dignidade e o envolvimento pessoal que o Engº Manuel Joaquim Moutinho considerava que tal evento merecia.

    Não fiquei a dever-lhe só esse momento mais formal; ele traduziu apenas um reforço da colaboração que o Engº Manuel Joaquim Moutinho se dispôs a prestar à Direção do Centro Social de Ermesinde ao longo dos anos, como pessoa da casa, no objetivo comum de prestigiar a Instituição e o trabalho que a mesma presta no seio da comunidade de Ermesinde.

    Essa colaboração de sempre com a Instituição constituía também uma manifestação do impulso de participação cívica que marcou desde muito novo a vida do Engº Manuel Joaquim Moutinho.

    Democrata num tempo em que eram raros – e corajosos – os que se opunham à ditadura, e integrando a oposição republicana ao Estado Novo, veio a ser um dos Pais da Constituição de 1976, enquanto deputado à Assembleia Constituinte – Assembleia unanimemente reconhecida hoje, por todos os quadrantes, como tendo integrado o que de melhor havia no País, em termos de capacidade política, intelectual e moral.

    Fez parte dessa geração ilustre e desinteressada, em termos materiais – mas com a ambição de construir um País novo; e melhor do que o antigo.

    É um orgulho para Ermesinde ter estado nesse momento fundador da nossa democracia.

    E constitui uma honra para o Centro Social de Ermesinde ter podido contar com a colaboração e o envolvimento de uma personalidade tão ilustre.

    Henrique Rodrigues (presidente da Direção do Centro Social de Ermesinde)

    TRIBUTO AO PREZADO ENG.º MOUTINHO

    LUÍS RAMALHO
    LUÍS RAMALHO

    Manuel Joaquim Moreira Moutinho um Ermesindense incontornável. Um Homem com um percurso de vida notável e de uma dedicação incrível às causas e coletividades da nossa cidade.

    Do desporto, à política, passando pela solidariedade, encontrava sempre disponibilidade para apoiar mais uma instituição.

    O Eng.º Moutinho, caracterizava-se pelo seu modo de estar calmo e discreto, carregado de notoriedade e conhecimento, que eram reconhecidos pelas instituições por onde passou deixando a sua marca.

    Uma vida carregada de História, desde o seu percurso académico, associativo, político tendo sofrido na pele a consequência do seu empenho e participação ativa.

    Desde o seu tempo de juventude, é associado do Ermesinde Sport Clube, Bombeiros Voluntários de Ermesinde, Centro Social de Ermesinde e Clube de Propaganda da Natação e não só.

    O Eng.º Moutinho é, também, uma marca da Casa do Povo de Ermesinde. Um dos sócios fundadores do Centro de Dia da Casa do Povo de Ermesinde, que serviu até ao seu falecimento, desempenhando funções nos seus Corpos Gerentes, atualmente desempenhava funções como Presidente da Assembleia Geral.

    A minha convivência com o Engº Moutinho atravessou vários contextos e esferas, e partilho da admiração que a Casa do Povo de Ermesinde nutre por este associado ativo e merecedor do respeito de todos, graças à sua postura assertiva.

    Em meu nome pessoal e em nome da Direção e Colaboradores da Casa do Povo, muito obrigado.

    Luís Ramalho (presidente da Direção da Casa do Povo de Ermesinde)

    PAULO SOUSA
    PAULO SOUSA
    HOMENAGEM AO ENG.º JOAQUIM MOUTINHO

    Ao receber o convite para redigir um testemunho em homenagem ao Eng. Joaquim Moutinho, senti-me desafiado e muito honrado. Assim, como seu “aluno”, discípulo e amigo, ouso prestar um singelo testemunho, sem a pretensão de explanar o seu vasto currículo, mas sim reavivar algumas memórias partilhadas desse homem singular.

    Conheci o Eng. Joaquim Moutinho, como atleta do CPN – Clube de Propaganda da Natação, era ele dirigente do clube e já uma personalidade de referência da cidade de Ermesinde. Naquele tempo, início dos anos 80, os meus primeiros contactos com o Eng. Moutinho aconteceram através das atividades do clube, nesse momento, surgiam os primeiros traços de admiração pela sua liderança, pelo seu conhecimento, pelo seu empreendedorismo, pela sua energia e pela sua capacidade única de tornar simples assuntos complexos. Sem me querer alongar, pois quem o conheceu, sabe que o Eng. Moutinho foi um destacado dirigente do CPN, onde trabalhou e contribuiu muito com o seu esforço e empreendedorismo, pois foi ele quem começou a desenvolver verdadeiramente e a colocar o CPN no mapa, e com património que permitiu um crescimento e ambição mais sustentados, e onde participou em todos os seus órgãos sociais. Penso que terminou na Assembleia Geral, quando iniciei as minhas funções como presidente do clube em 2010, e o convidei para ser presidente de um novo órgão diretivo, o Conselho Consultivo. Teve sempre uma presença e intervenção muito fortes a todos os níveis na sociedade, e na vida do dia-a-dia da cidade e do povo de Ermesinde. Quem convivia com ele de perto sabia bem como era… quer fosse na política, onde foi dos primeiros deputados da cidade e do concelho na Assembleia da República, quer seja no associativismo e na sua relação próxima e de referência com as pessoas como foi para comigo, quer seja na sua vida profissional. Uma personalidade realmente de referência e exemplar para muitos dos que o admiraram sempre e continuam e continuarão a admirar. Saudades…

    Quando o CPN estava pelas ruas da amargura, muito, muito mal, e já praticamente condenado a encerrar portas, abordou-me no sentido de eu como “homem de contas” poder ajudar e contribuir para que o CPN não “morresse” e para ajudar a Comissão Administrativa que funcionava já há uns meses, na altura com o vazio diretivo, que existia e posteriormente, tentar criar uma direção que conduzisse os destinos do clube. Não fui muito recetivo, pois a minha vida profissional era e é muito complicada, mas o Eng. foi insistindo, sem grande pressão… e foi dando recados a outros que mos faziam chegar… “Paulo, o Eng. Moutinho diz que tu é que podes salvar o CPN, pois ele diz que o fazes lembrar ele quando tinha a tua idade cheio de energia e empreendedorismo e que conseguias de certeza levar o barco a bom porto”. Claro que ficava muito lisonjeado com as palavras dele e isso, e como também gosto muito do CPN, pois também fez parte da minha vida e da minha formação, lá me conseguiu “dar a volta” e lá se uniram necessidades e vontades e o projeto arrancou… começou por me inteirar dos problemas gravíssimos por que passava o clube com dívidas de valores elevadíssimos e que era ele, mesmo fazendo parte apenas da Assembleia Geral, como não havia direção, quem andava a dar a cara e ia conseguindo dilatar prazos de negociação para se poderem resolver as coisas…

    Quando o processo da Direção se inicia, o primeiro processo delicado a resolver foi o do incumprimento bancário, onde o banco para reformular a dívida e recuperar o contrato de crédito, exigiu à cabeça, para minimizar os cistos de incumprimento, o montante de 10000 euros…. Tínhamos começado, ainda nem sequer tínhamos analisado bem o que devíamos fazer, e temos logo uma exigência de dinheiro que era o que faltava completamente… Falei com o Eng. Moutinho e ele disse, “eu acredito em ti, e acredito que vais conseguir endireitar as coisas, portanto, vou arranjar uns amigos, e eu e eles vamos arranjar os 10.000 euros para iniciarem o processo de recuperação do clube”, e passados uns dias lá estava o dinheiro para se poder então formalizar e resolver a situação. E, assim, se viabilizou e recuperou o clube para a sua atividade normal. Depois desse bom arranque, foi sempre acompanhando a situação, fui conversando com ele como Conselheiro que era, revelando-se sempre um grande incentivador das ideias e das soluções que partilhava com ele… e tinha a virtude de com poucas palavras, muitas vezes tornar simples os assuntos mais complexos… de transmitir o seu conhecimento sempre com firmeza e tranquilidade, tendo eu o privilégio de beber dessa sua experiência e da sua sabedoria, e sinto-me muito grato por ter tido essa oportunidade. Já depois de ter saído do CPN após dois mandatos e de ter entregue o clube à direção seguinte com contas mais positivas e sustentável… , fui privando sempre com o Eng. Moutinho, aí já como presidente do Núcleo do PSD de Ermesinde, onde em tempos de eleições, ele fazia parte da Comissão de Honra da candidatura à C.M. Valongo, e onde, nas nossas conversas, me ia dando sempre dicas da forma como liderar e dinamizar o núcleo.

    Aprofundando o conhecimento e a amizade com o Eng. Joaquim Moutinho, passei a conhecer também a grande figura humana que era. Os amigos são isso mesmo, estando presentes nos momentos mais difíceis uns dos outros.

    E assim termino este breve testemunho, realçando também outra das suas muitas virtudes, a generosidade. Estava sempre disposto à magnanimidade, a compartilhar por bondade, desinteressadamente. Pode-se dizer que viveu procurando, com discrição, fazer o bem, sendo merecedor de todo o reconhecimento e gratidão.

    Estou muito Grato por ter privado com o Eng. Joaquim Moutinho e, por nas suas palavras, ter sido humildemente um pouco como ele, o que me deixa orgulhoso.

    Até Sempre!

    Paulo Sousa (ex-atleta e ex-presidente da Direção do CPN)

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].