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Edição de 30-11-2024
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    Arquivo: Edição de 20-07-2022

    SECÇÃO: Crónicas


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    “O trapo não me sai da boca”

    Ando sempre com o coiso na mão, borrifo tudo o que é sítio. Não se riam, que isto é mesmo assim, e o trapo não me sai da boca”.

    O mote estava dado. Aquele desabafo da anciã, transmitido às pessoas amigas tinha e tem razão de ser. As três palavras mais temidas pela humanidade ao longo da sua curta existência são: Fome, Guerra e Peste. Desde 2019 até ao início de 2022, 90% da informação que nos foi transmitida pelos canais televisivos era sob o Coronavírus (Covid 19), doença infeciosa causada pelo vírus SARS–Cov-2. Todos os dias eram relatados os números de contágios e de mortes. A julgar pela informação dada, já não se falecia por outras doenças. O medo, ou melhor o receio instalou-se entre nós. O povo alertado e alarmado cumpria escrupulosamente as determinações transmitidas pelo governo. Os meios de transporte rápidos, os movimentos de pessoas e bens, serviram de transmissão ultraveloz da doença. A descoberta rápida da vacina e administrada mais ou menos a nível global veio-nos baixar a guarda. Mas ainda está e estará ativa e os números não enganam. Senão vejamos com algumas comparações.

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    Até junho em Portugal temos 5 Milhões de infeções e 23 mil 746 óbitos, em dois anos e meio. Em 13 anos de guerra no ultramar e um dos fatores primordiais para a nossa Revolução, Portugal perdeu cerca de 10 mil militares. A nível global temos até junho 539 milhões de contágios e 6,320 milhões de óbitos. Assustador? Vejamos alguns casos no passado. A Peste Negra começou na década de 1330, algures na Ásia central ou oriental, tendo chegado à Europa menos de 20 anos depois. Morreram entre 75 milhões e 200 milhões de pessoas. Florença perdeu 50 mil dos 100 mil habitantes. Inglaterra passou de 3,7 milhões para um mínimo de 2,2 milhões depois do surto. Mas esta não foi a única. Em 1520 a frota espanhola saiu de Cuba para o México e sem saber transportaram o vírus da varíola. A cidade de Cempoala em dez dias estava transformada num cemitério e quem de lá fugiu espalhou a doença por todo o México e não só. Em setembro tinha chegado ao vale do México, em outubro à capital azteca, Tenochtitlán com 250 mil habitantes e ao fim de dois meses tinha perdido um terço dos habitantes. Em março de 1520 viviam no México 22 milhões de pessoas e em dezembro do mesmo ano já só eram 14 milhões, em 1580 estava reduzida a dois milhões. James Cook, um navegador inglês chegou ao Havai onde viviam 500 mil pessoas em 1778. Habitantes que nunca tinham estado expostos a qualquer tipo de doenças europeias.

    (...)

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    Por: Manuel Fernandes

     

     

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