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    Arquivo: Edição de 20-07-2022

    SECÇÃO: Destaque


    32.º ANIVERSÁRIO DA ELEVAÇÃO DE ERMESINDE A CIDADE

    12 e 13 de julho são datas muito importantes para a história de Ermesinde

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    O mês de julho, particularmente os dias 12 e 13 são muito importantes para os ermesindenses porque foi nesses dias, dos anos 1938 e 1990, respetivamente, que esta localidade ascendeu às categorias de Vila e de Cidade. Este mês completam-se 84 anos sobre a emancipação a vila e 32 anos sobre a sua elevação a cidade.

    A ELEVAÇÃO A VILA

    Terá sido a imprensa local, neste caso concreto o Éco de Ermesinde, a tomar a iniciativa de apelar à emancipação da freguesia. Fê-lo logo na 1.ª página da sua edição de 5 de setembro de 1928, sob o título “A Vila de Ermesinde”:

    «Ermesinde – importante centro comercial, industrial e agricola possue obras grandiosas como sejam o Colégio de Ermesinde, instalado no antigo Convento da Mão Poderosa, mais tarde chamado da Formiga, e que é, sem dúvida alguma coisa de grande, que honra a nossa terra e os seus dirigentes, pelo grande número de alunos que ali vão receber a instrução, alguns vindos de bem longes terras.

    E já que falamos do papel importante que Ermesinde desempenha em prol da instrução, devido ao seu Colégio, devemos frizar que na mesma terra existem 4 escolas do ensino primário, que são insuficientes para o grande número de alunos em idade escolar existentes em Ermesinde.

    Ermesinde possue hoje perto de 6000 habitantes, fábricas importantes como a de Fiação e Tecidos, a Cerâmica de Ermesinde, a Fábrica de Resinagem, a Fábrica Vitória, a Fábrica de Pomadas, de Espelhos, de Moagem, de Serração de Madeiras, de uma Refinação de Açucar, uma Fábrica de Faianças Artísticas, àlém de outras de menor importância.

    Tem estabelecimentos importantes de mercearia, de cereais, padarias, talhos, farmácias, serralharias, pichelarias e funilarias, de chá e café, restaurantes, hotel, barbearias, alfaiatarias, um Cine-Teatro, um club de Sport e Foot-ball, uma Associação de Bombeiros, considerada últimamente pelo Govêrno como sendo de Utilidade Pública, estabelecimentos de ferragens e materiais de construção, armadores, estabelecimentos de fazendas, chapelaria, etc.

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    Vias de comunicação esplêndidas, pois é servido por Caminho de Ferro, possuindo dentro dos limites da freguesia, a estação de Ermesinde de bifurcação da Linha do Minho e do Douro – e o apeadeiro da Travagem, na Linha do Minho. Está servido igualmente por carro eléctrico linha 9, que vai até ao centro da freguesia, junto à igreja e liga esta localidade com a cidade do Pôrto. Possue estação telégrafo-postal e telefone, tendo 2 cabines públicas, uma na séde dos Bombeiros e outra em casa de Alcino Neto & C.ª L.da.

    Encontra-se bem servido de estradas, embora algumas careçam de reparação. Brevemente vai ser iluminado a luz eléctrica e no lugar da Travagem, junto à Ponte existe a feira-mercado semanal, importante pelas transacções que nela se fazem e que, embora tenha apenas um ano de existência, é de grande valor para esta localidade e para as limítrofes, atendendo a que se encontra muito bem situada.

    Por estas razões é justo que a Ermesinde seja dado o título de vila».

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    A Junta da Freguesia local, ao tempo presidida por Vicente Moutinho de Ascensão, na sua sessão de 11 de novembro de 1928, certamente alertada pelo artigo que acabámos de transcrever, deliberou solicitar ao Governo a elevação de Ermesinde a Vila.

    Mas seria preciso esperar dez anos até que o Governo, liderado por Salazar, deferisse o justo pedido. Em 1938, Ermesinde era constituída pelos seguintes lugares (por ordem alfabética): Arroto, Asmes, Boavista, Cancela, Caneiro, Costa, Igreja, Ermida, Fojo, Fonte, Formiga, Gandra, Liceiras, Moinhos, Monte do Seixo, Outeiro de Ermesinde, Outeiro de Sá, Outeiro de Presas, Prosela, Palmilheira (durante muitos anos chamada Prumilheira), Rapadas, Sá, S. Paio, Sopeiras, Travagem, Vilar, Vilar de Cima e Vilar de Matos.

    No dia 12 de julho de 1938, o Presidente da Câmara de Valongo era João Lino de Castro Neves, que tinha sido Vogal do Conselho Municipal em 1937. Foi nomeado Presidente substituto da Camara Municipal de Valongo em 29-12-1937 exercendo o cargo até 2-8-1939. O presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde era Serafim Ferreira dos Santos.

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    Segue-se cópia do decreto da elevação de Ermesinde a Vila (o Presidente da República era o General Óscar Carmona e o Presidente do Conselho de Ministros era Oliveira Salazar):

    Diário do Governo, I Série, dia 12

    de Julho de 1938 (páginas 1.ª e 2.ª)

    Ministério do Interior / Direcção Geral de Administração Política e Civil / Decreto-lei n.º 28:836

    «A Junta de Freguesia de Ermezinde, do concelho de Valongo, solicitou do Govêrno a elevação da sede daquela circunscrição administrativa à categoria de vila, justificando tal petição com o grande desenvolvimento de que aquela povoação vem beneficiando nos últimos anos.

    Verifica-se, efectivamente, que a freguesia de Ermezinde é a única de 1.ª ordem do concelho de Valongo, conta uma população aproximada de 6:000 habitantes e que a sua sede constitue um centro urbano de importância apreciável e de incessante incremento, onde a indústria e o comércio estão notàvelmente desenvolvidos.

    Da situação privilegiada, em relação à nossa rêde de caminhos de ferro, resulta para a povoação de Ermezinde o constante engrandecimento que se tem verificado e que lhe promete um largo futuro.

    O governador civil do distrito do Pôrto e a Junta de Província do Douro Litoral, ouvidos nos termos do artigo 12.º do Código Administrativo, emitiram parecer favorável a esta aspiração daquela freguesia.

    Pelo que:

    Tendo em vista o que fica dito e o n.º 2.º do citado artigo 12.º;

    Usando da faculdade conferida pela 2.ª parte do n.º 2.º do artigo 109.º da Constituição, o Govêrno decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte:

    Artigo único. É elevada à categoria de vila a povoação de Ermezinde, sede da freguesia do mesmo nome, do concelho de Valongo, do distrito do Pôrto.

    Publique-se e cumpra-se como nêle se contém.

    Paços do Governo da Republica, 12 de Julho de 1938. ANTÓNIO ÓSCAR DE FRAGOSO CARMONA - António de Oliveira Salazar - Mário Pais de Sousa - Manuel Rodrigues Júnior - Manuel Ortins de Bettencourt - Duarte Pacheco - Francisco José Vieira Machado - António Faria Carneiro Pacheco - João Pinto da Costa Leite - Rafael da Silva Neves Duque».

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    A ELEVAÇÃO A CIDADE

    Depois de 52 anos de vila, e graças ao grande progresso que Ermesinde conheceu nas décadas de 1970 e de 1980, esta povoação merecia já, quer pelo número dos seus habitantes, quer pelo nível do seu desenvolvimento, o título de cidade.

    Uma vez solicitado esse título pelas entidades competentes, a Assembleia da República deferiu-o como era de justiça, no dia 13 de julho de 1990.

    No dia 13 de julho de 1990, o Presidente da Câmara de Valongo era, desde 1983, o Dr. João Moreira Dias e o Presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, Jorge Manuel Gonçalves Videira.

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    Para a elevação de Ermesinde a cidade muito contribuiu também este jornal, cuja redação sempre assumiu uma postura reivindicativa, sobretudo, quando estava em causa o bem-estar dos ermesindenses e o progresso desta terra. Em 13 de julho de 1990, o diretor de “A Voz de Ermesinde” era Jacinto Soares, e o atual diretor era, ao tempo, elemento do seu Corpo de Redação e Administração.

    Aí fica, também, a transcrição da Lei n.º 40/90 (curiosamente publicada no dia 10 de agosto de 1990, dia de S. Lourenço, padroeiro desta freguesia) que promove Ermesinde a Cidade (o Presidente da República era Mário Soares e o Primeiro Ministro era Cavaco Silva):

    Diário do Governo, I Série, dia 10

    de Agosto de 1990, página 3303

    Lei n.º 40/90, de 10 de Agosto

    Elevação da vila de Ermesinde à categoria de cidade

    «A Assembleia da República decreta, nos termos dos artigos 164.º, alínea d), e 169.º, n.º 3, da Constituição, o seguinte:

    Artigo único. A vila de Ermesinde, do concelho de Valongo, é elevada à categoria de cidade.

    Aprovada em 13 de Julho de 1990.

    O Presidente da Assembleia da República,

    Vítor Pereira Crespo.

    Promulgada em 24 de Julho de 1990.

    Publique-se

    O Presidente da República, MÁRIO SOARES.

    Referendada em 26 de Julho de 1990.

    O Primeiro-Ministro, Aníbal António Cavaco Silva».

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    HÁ 8 DÉCADAS ERMESINDE ERAM UMA IMPORTANTE ESTÂNCIA BALNEAR

    Aquando da elevação a vila, e pelo menos até meados do século passado, Ermesinde ainda era, uma terra equilibrada no seu crescimento, que “casava” bem com a beleza natural propiciada pelo idílico rio Leça.

    Humberto Beça ao descrever Ermesinde das primeiras décadas do século XX, fala das suas indústrias, das pessoas e dos seus costumes, dos edifícios e palacetes, do movimento e principais destinos do comboio, das boas estradas que então tinha, do elétrico que vinha do Porto, e do rio. Acerca do Leça escreveu:

    «De margens deliciosas, pela arborização, variedade de paisagens, irregularidade do percurso constantemente cortado de açudes mais ou menos importantes, o Leça é conhecido já como um dos mais pitorescos rios de Portugal, de margens mais formosas, de campos mais belos, de pontos de vista mais atraentes». Efetivamente, Ermesinde era um lugar de belezas naturais, que aliciava a uma passeata nas tardes de domingo aos portuenses, que aqui vinham desfrutar dos bons ares e das belas paisagens. Era uma estância balnear do Porto.

    Houve, mesmo, alguns cidadãos da capital do norte que aqui construíram magníficos palacetes, como o do Mesquita que se vê numa das imagens que aqui publicamos.

    Entretanto, o rio ficou poluído, mas, no presente, há boas notícias que indiciam que daqui a pouco tempo, voltaremos a ter um rio despoluído e elemento atraente e atrativo para o lazer das comunidades ribeirinhas.

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    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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