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    Arquivo: Edição de 20-07-2022

    SECÇÃO: Destaque


    FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO

    Uma conversa em torno do «maior herói popular do século XX português»: Eusébio

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Os apaixonados pelo futebol – na sua verdadeira essência e longe das guerras clubísticas – passaram um cativante e aprazível final de tarde de domingo (dia 17) na “companhia” do «maior herói popular do século XX português». Por outras palavras, Eusébio da Silva Ferreira. Quem o disse foi João Malheiro, figura sobejamente conhecida da comunicação em Portugal, mais em concreto no universo do futebol, que esteve na feira para falar da obra – da sua autoria - “(E)ternamente Eusébio”, a biografia oficial do “Pantera Negra”. Foram cerca de 30 minutos de uma agradável conversa em torno de um dos maiores futebolistas da história do “Desporto Rei” a nível mundial.

    Voltando um pouco atrás, e à frase com que João Malheiro começou esta conversa, de que Eusébio era o maior herói popular do século XX português, o autor vincou que essa é uma opinião não apenas sua mas de muitos adeptos do futebol, sejam eles do Benfica, do FC Porto, do Sporting, ou de outro clube. Um facto que até pode parecer estranho, ou mesmo absurdo, tendo em conta que em Portugal há uma clubite aguda que nos caracteriza, «mas com o Eusébio isso raramente acontecia, porque havia adeptos do Sporting e do Porto com um carinho enorme pelo Eusébio», opina Malheiro, que mais à frente nesta conversa sublinhou algo, e que até serviu para justificar esta admiração em torno de Eusébio, de que o “Pantera Negra” é maior que o próprio Benfica. «Muitos benfiquistas não gostam muito de ouvir dizer isto, nem o próprio Eusébio gostava que o dissesse, mas se o Benfica é hoje dos poucos clubes míticos a nível mundial, deve-o claramente a Eusébio. O Benfica é conhecido em todo o Mundo, mas o Eusébio ainda é mais conhecido», opinou João Malheiro, também ele conhecido pelo seu amor fervoroso ao clube da Luz.

    Malheiro que no início desta apresentação se confessou um homem feliz, pois conseguiu concretizar aquilo que muito pouca gente consegue, ou seja, teve o privilégio de ter o seu ídolo de infância como um dos seus melhores amigos, e ademais vir a ser o seu biógrafo oficial. Quem era esse ídolo que este comunicador viu jogar pela primeira vez com 8 anos na Póvoa do Varzim, onde então residia, e com quem viria anos depois a construir uma relação de grande intimidade quando se mudou a título profissional para Lisboa? Eusébio, pois claro. «Foram 25 anos de convívio diário com ele», recordou Malheiro, que contou que viajou com Eusébio para vários locais do Mundo, apercebendo-se da dimensão planetária que o “Pantera Negra” tinha, fazendo-lhe um pouco de confusão, à época, como é que uma figura que era reconhecida em quase todo o planeta não tinha uma biografia! Até que alguém, não ele, porque nunca teve coragem para o fazer, segundo disse, propôs a Eusébio que João Malheiro era a pessoa indicada para escrever a biografia do “king”. Ao que este aceitou. E em 1998 saiu a primeira edição desta biografia, que de lá para cá teve várias outras edições, sendo esta que foi apresentada em Ermesinde a mais atualizada, tendo a particularidade de ser a título póstumo, e onde já é abordado o acontecimento que foi a morte do Eusébio, a sua ida para o Panteão Nacional, entre outros aspetos do seu desaparecimento físico.

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    Esta obra tem depoimentos, sobre Eusébio, de cerca de 300 personalidades, portuguesas e estrangeiras, e com a componente de haver uma pluralidade, ou seja, falam de Eusébio nomes como José Maria Pedroto, um dos maiores símbolos do FC Porto, Fernando Gomes, o “bi bota de ouro” dos “Dragões”, ou Vítor Damas, um dos maiores símbolos do Sporting, conforme palavras de João Malheiro. Que com elas pretendeu dizer que «a tribo do futebol tem pelo Eusébio uma consideração imensa». Mas não só a tribo do futebol, como lhe chamou, olhava «reverencialmente» para Eusébio, também a classe política o fazia, recordando o facto de um homem que publicamente não falava de futebol, no caso Álvaro Cunhal, aparecer numa fotografia com a camisola do “Pantera Negra”. «Ele tirou a foto porquê? Porque percebeu que estava ali uma figura incontornável da história de Portugal», disse Malheiro, que recordou ainda o facto de antes do 25 de Abril o nosso país «ser desprezado a nível internacional, desde logo porque vivia numa ditadura e estava envolvido numa guerra colonial condenada internacionalmente. Quando íamos lá fora éramos olhados de soslaio, estávamos a combater em África e qualquer país europeu via isso mal, e quem pôs Portugal no mapa afetivo? Eusébio, na década de 60», contou um autor que confessou ainda que escrever sobre futebol é para si uma paixão e lhe dá um prazer acrescido.

    Por: MB

     

     

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