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ENTREVISTA COM “SABOR A TEATRO” - ASSOCIAÇÃO CULTURAL
Apesar de ainda muito jovem o grupo “Sabor a Teatro” já conquistou um lugar no panorama cultural da cidade e do concelho
São ainda muito jovens em idade, mas já conquistaram por mérito próprio um lugar no cenário cultural da nossa cidade e no concelho a que pertencemos. Estão pois de parabéns não só pelo trabalho que vêm desenvolvendo em prol da cultura local, mas de igual forma pela passagem de mais um aniversário que neste mês de janeiro completam, o 7.º para sermos mais precisos. Estivemos à conversa com eles, mais concretamente com o presidente da Direção, Luís Dias, que é simultaneamente um dos atores do grupo, e que nos contou um pouco do passado, do presente e do futuro desta associação cultural ermesindense que tem como paixão o teatro. Eles são “Sabor a Teatro - Associação Cultural”, e de si vão falar nas próximas linhas.
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| Sabor a Teatro: participação em evento solidário em setembro de 2018 |
Como já foi referido na introdução desta peça, o “Sabor a Teatro” é um grupo ainda muito jovem, isto de forma oficial, tendo em conta que foi legalmente formado há 7 anos, no dia 27 de janeiro de 2015. No entanto, enquanto grupo de teatro ativo, tem já quase 11 anos de existência, tendo o primeiro ensaio do grupo sido realizado no dia 1 de fevereiro de 2011, conforme nos conta Luís Dias. «Numa primeira fase o grupo de teatro “Sabor a Teatro” fez parte da também associação ermesindense “Agorárte”, tendo sido decidido pelos elementos do grupo que seria importante dar um “salto” que passou pela criação de uma associação própria no começo de 2015. Assim, apesar de oficialmente termos apenas 7 anos de existência, o grupo sente-se mais velho e contamos ainda no grupo com vários elementos que fizeram parte do primeiro ensaio em 2011, assim como a mesma encenadora, a Diana Alves Costa, que nos tem acompanhado desde essa altura», frisa o presidente da Direção e também ator.
Durante estes anos de existência o grupo já passou, naturalmente, por diversas fases, tendo tido nos últimos dois anos uma menor atividade devido à pandemia que todos vivemos e que tem impossibilitado o grupo de expor o seu trabalho como gostaria.
DIFICULDADES EM TER UM ESPAÇO PARA ENSAIAR
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| Sabor a Teatro: Peça “O Mercador de Veneza”, maio de 2015 |
Luís Dias, aponta que neste momento a associação debate-se com um problema em termos de espaço para ensaios pois, como não dispõe de espaço próprio tem andado a saltar de espaço em espaço para conseguir ensaiar com regularidade. «O nosso objetivo, enquanto grupo de teatro, passa por termos ensaios regulares durante todo o ano e não apenas quando temos alguma peça para estrear», diz, salientando ainda que neste momento os ensaios do grupo decorrem no Fórum Cultural de Ermesinde, mas apenas até ao dia 19 de março.
Apesar de nestes 7 anos de vida o teatro ser a única atividade desenvolvida pelo grupo, quisemos saber se no futuro há espaço para outras atividades culturais dentro da associação, tendo o presidente da Direção sublinhado que atualmente a grande preocupação da associação passa pela procura de um espaço que possa acolher regularmente o grupo de teatro. «Enquanto esse assunto não for resolvido, infelizmente, não vale a pena pensar em outras valências pois não teríamos espaço para as desenvolver», acrescentou.
Quem já assistiu a trabalhos desenvolvidos pelo “Sabor a Teatro”, por certo já reparou que o grupo é constituído na sua totalidade por jovens atores na casa dos “vintes”, ou “trinta e poucos” anos. Questionado se esta seria uma “regra” da associação, isto é, em acolher somente atores de tenra idade, Luís Dias começa por explicar que quando nasceu enquanto grupo em 2011, este tinha a ideia de ser um grupo diferente daquilo que já existia no contexto da cidade de Ermesinde. Dessa forma a ideia do grupo de teatro ser um grupo jovem na sua constituição foi pensada e definida como critério diferenciador. Neste momento o grupo conta com 13 atores, com idades compreendidas entre os 16 e os 36 anos, «mas não quer dizer que não possamos acolher atores de outras idades, como já aconteceu», conforme recorda o dirigente/ator.
JOVENS MAS JÁ COM UM VASTO CURRÍCULO CULTURAL
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| Sabor a Teatro: Peça “Elite da Tropa”, abril de 2016 |
Com somente 7 anos de vida (de forma oficial, nunca é demais frisar), o currículo do “Sabor a Teatro” é já bastante extenso. Desde que foi criado o grupo tem tido presença constante em diversos apontamentos culturais do concelho, desde logo a Mostra de Teatro Amador, onde contam com várias participações, mas também na Feira do Livro do Concelho de Valongo, onde já apareceram algumas vezes. No entanto, a ação do grupo não se centra somente dentro das “paredes” do concelho, conforme salienta o dirigente cultural. «A participação do grupo na Mostra de Teatro Amador, organizada pela Câmara Municipal de Valongo, é um dos eventos mais importantes de teatro amador do nosso concelho pelo que o nosso grupo tem feito questão de participar todos os anos desde 2012, com exceção das edições de 2020 e 2021 que não se realizaram devido à situação pandémica. Desta forma, o “Sabor a Teatro” estreia todos os anos uma peça em palco que tenta repor onde for possível, dentro ou fora do concelho. Para completar, o nosso grupo de teatro participa regularmente com várias atuações de teatro de rua nos mais diversos eventos concelhios como a referida Feira do Livro, que costuma decorrer em Ermesinde, mas também nos festejos de aniversário da cidade de Ermesinde, na Feira da Regueifa e do Biscoito, na Festa do Brinquedo, entre outros».
Como jovens que são os elementos que compõem esta associação cultural ermesidense têm uma opinião sobre o estado da cultura na cidade e no concelho. Questionados sobre a forma como a cultura é tratada e “consumida” na nossa terra, o “Sabor a Teatro”, na voz do seu presidente, começa por salientar que o concelho de Valongo está intimamente ligado ao teatro, «sendo possivelmente um dos concelhos do país com maior número de grupos de teatro amador por habitante. Reconhecemos que o município tem feito um esforço em apoiar os grupos de teatro, através da dinamização da Mostra de Teatro Amador e com apoios protocolados para os eventos festivos municipais mas, particularmente para a nossa associação, a decisão de não ceder os espaços culturais, como o Fórum Cultural de Ermesinde, para os ensaios regulares foi uma decisão que nos deixou sem grandes alternativas e a qual o grupo de teatro ainda não conseguiu recuperar. Tem sido uma procura infrutífera até ao momento, mas a esperança permanece», aponta com esperança.
E a cidade de Ermesinde, muito em particular, tem dado o devido valor, e sobretudo atenção, a este grupo tão jovem? Perante esta questão Luís Dias diz que Ermesinde é a terra natal da associação, acrescentando que o grupo conta com muitos atores ermesindenses, pelo que é sempre um prazer trazer o trabalho desenvolvido para a nossa cidade. Aproveita este facto para endereçar uma palavra à Junta de Freguesia de Ermesinde, na pessoa do seu presidente, João Morgado, a quem agradecem por ter acolhido os ensaios do grupo de forma temporária nos últimos meses, esperando voltar a contar, no futuro, com o seu apoio.
Todos nós vivemos atualmente tempos complicados derivado da pandemia. A cultura tem sido um dos setores mais afetados pela crise pandémica, sobretudo nos últimos dois anos. Nesse sentido questionámos a jovem associação sobre quais têm sido ao longo deste tempo de existência as suas maiores dificuldades para se manterem de pé, independentemente destes dois últimos anos em que todos sofremos os efeitos da pandemia. Na resposta, Luís Dias volta a apontar a fala de espaço físico para poderem ensaiar regularmente como uma das maiores dificuldades da associação. Recorda a este propósito que o grupo de teatro começou em 2011 por ensaiar na Escola Secundária de Ermesinde, passando em 2012 para o Fórum Cultural de Ermesinde. «Há cerca de cinco anos o município optou por não ceder os espaços culturais para os ensaios regulares dos grupos de teatro, decisão que nos deixou “desalojados”. Como se trata de um grupo em que os atores são todos amadores e têm naturalmente o seu trabalho durante o horário diurno, os ensaios têm que ser obrigatoriamente depois do jantar, facto que dificulta a procura de um espaço», lamenta.
AMADORES MAS COM ASPIRAÇÕES PROFISSIONAIS
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| Sabor a Teatro: Peça “A Casa da Boneca”, abril de 2019 |
Apesar de serem um grupo amador, que atua por exclusiva paixão ao teatro, ao longo da sua ainda curta existência, o “Sabor a Teatro” foi tendo “aqui e ali” atores que olharam para a carreira de ator/atriz mais a sério. Por outras palavras, alguém que pretenda fazer da representação um modo de vida profissional. «Ao longo da nossa existência fomos tendo alguns atores que efetivamente olharam para a profissão de ator/atriz com outros olhos e seguiram a vida profissional. Atualmente contamos com uma atriz que está a tirar uma profissionalização na escola Balleteatro, tendo os restantes elementos uma paixão grande pelo teatro e, também, pela sua profissão diurna», diz Luís Dias, ao mesmo tempo que recorda que o grupo ao longo da sua existência já obteve várias nomeações para diversos prémios no âmbito da Mostra de Teatro Amador de Valongo, e até ganhou o prémio de melhor atriz atribuido a Telma Lopes.
Como já referimos, ao longo destes 7 anos de vida foram já muitos os trabalhos levados à cena pelo grupo. Nesse sentido, quisemos perceber se houve algum que tenha dado um sabor mais especial a ser dado a conhecer ao público. Luís Dias refere que com quase 11 anos de existência enquanto grupo de teatro é difícil destacar apenas um trabalho, justificando que quando o trabalho é executado com a dedicação que é colocada em todas as apresentações, todas se tornam especiais. Porém, o “Sabor a Teatro” tem-se destacado pela apresentação de peças clássicas pelo que, a ter de destacar alguma, ou algumas, o dirigente menciona as peças “O Despertar da Primavera”, exibida em 2013, “O Mercador de Veneza”, exibida em 2015, e “Medeias”, levada à cena em 2017.
BOA VIZINHANÇA
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Por:
Miguel Barros
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